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Alexandre Barilari critica relação da música com a TV

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Noticias

Muitos atores que cantam e dançam sonham em interpretar um musical na tevê. Mas, curiosamente, Alexandre Barilari passa longe desse perfil. Na pele do aspirante a cantor sertanejo Robério de Dona Xepa, o ator confessa que não faz a menor questão de misturar suas atividades artísticas em um único trabalho. Seu discurso, aliás, é de quem prefere mesmo evitar esse tipo de situação.

"Música e dança não se encontram tão facilmente no ritmo da televisão. Cada coisa tem seu lugar e, com raríssimas exceções, acredito que a tevê seja o espaço da dramaturgia", avalia ele, que estreou nas novelas em Salsa & Merengue, em 1996, e já disputou os realities Dança dos Famosos, da Globo, e Bailando por um Sonho, do SBT.

Da sinopse da trama de Gustavo Reiz, o que chamou mesmo a atenção de Barilari foi o tom de comédia. E, principalmente, a forma como o gênero é trabalhado durante as gravações.

"Estou fazendo uma novena de agradecimento aos espíritos que confabularam para que eu recebesse esse convite. Há anos não era resgatado para a ideia de que é possível brincar no trabalho, não apenas com ele. Essa é uma condição fundamental do humor", exagera. 

O Fuxico: Dona Xepa é o primeiro remake do qual você participa. Isso influencia, de alguma forma, o seu trabalho?

Alexandre Barillari: A equipe nunca encarou essa novela como um remake, mas é claro que as pessoas veem assim. Até porque foi uma obra de muito sucesso e de uma performance antológica e inesquecível da Yara Cortes, que interpretou a Dona Xepa anteriormente. Então, o que fazemos é esse esforço de lembrar que não está sendo feito em cima do folhetim que já foi exibido. Até porque a peça, que é onde o autor se inspira, só tem o núcleo da família da Xepa. Essa ideia de "remake" pode até ter influenciado alguém que interpreta um papel dessa família. Mas, mesmo assim, eu acredito que não.

OF:Na trama, você interpreta um homem que dança muito bem e sonha ser cantor sertanejo. Sua ligação com a dança foi um fator decisivo para que aceitasse esse papel?

AB: Sinceramente, não sei o que vai acontecer ainda em relação à música ali. Não só a dança, mas também o canto é algo que faz parte da minha vida há bastante tempo. Tanto que a primeira novela que fiz foi Salsa & Merengue. E, já no primeiro capítulo de Dona Xepa, Robério foi introduzido na história dançando um samba de gafieira na casa de choro. Minha avó pagava aulas de canto escondida para mim quando eu era adolescente. Mas não foi isso que me seduziu no personagem. Até porque eu acho sempre muito complicado levar música e dança para a dramaturgia. 

OF: Por que acha complicado?

AB: Porque envolve outros elementos. Música e dança não se encontram tão facilmente no ritmo da televisão. A música depende de direitos autorais e a dança, de ensaios de coreografia. Aí, na hora de gravar, a música pode mudar de uma hora para outra. Vários personagens já me chamaram para a dança, vários mesmo. E participei da primeira edição do Dança dos Famosos, do Domingão do Faustão, e do Bailando por um Sonho, produzido pelo SBT, mas sempre vi muita dificuldade nisso. Não é algo que eu esteja louco para fazer. Cada coisa tem seu lugar e, com raríssimas exceções, acredito que a televisão seja o espaço da dramaturgia. 

OF: Você menciona que sua avó pagou aulas de canto escondida para você e já disse em outras entrevistas que contrariou sua família para seguir carreira artística. Que dificuldades enfrentou?

AB: Meu avô tocava violino e minha avó, escondida dos meus pais, pagava aulas de canto para mim porque sabia que era uma paixão. Mas a minha família, de fato, não desejava isso para mim. Entrei na faculdade de Arquitetura aos 16 anos e foi o momento mais difícil da minha vida. Ali, era a hora de dizer para eles que eu não tinha vocação para seguir os rumos que eles queriam: me ver general de exército. Vim de uma família majoritariamente de professoras e homens militares e esse era o anseio da minha família. Foi um trauma para eles. Para não ser pior, fiz Arquitetura. Para eles, ser ator era inadmissível.

OF: Como funciona hoje a sua relação com a arquitetura?

AB: Não é minha prioridade e nem meu sustento. Então, faço o que, quando, como e onde quero. Não tenho tempo de acompanhar obras e não gosto. Tenho uma linguagem um pouco diferente, prefiro a criação. Nos ltimos anos, tenho vendido as minhas ideias e trabalho com uma parceira que as executa. Tiro as medidas e tenho por prática – é o que gosto de fazer, nem sempre é assim – deixar o espaço "no osso" para que eu possa pensar e desenhar sem nenhuma surpresa futura. Assim, otimizo meu processo criativo em bases reais e evito impedimentos no planejamento. É uma grande viagem, mas quem me chama, geralmente, já viu algum projeto meu com certa ousadia. Até porque para embolsar parede, colocar massa, pintar e botar um piso flutuante, não topo. Ou me permite alterações significativas, que possam fazer a boca das visitas caírem quando a porta se abre, ou nem me chama. Gosto de assinar meus trabalhos.

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