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Ana Maria Braga sobre Tom Veiga: ‘Nunca conversei com ele sobre a morte’

Reprodução TV Globo

O Fantástico deste domingo (8) exibiu entrevista com Ana Maria Braga, uma semana após a morte de Tom Veiga. Na conversa com Renata Ceribelli, a apresentadora contou como foram esses primeiros dias sem seu grande parceiro de programa, sobre como superou a batalha contra o câncer e como foi ficar sem apresentar o programa no começo da pandemia.

Para começar, Renata quis saber como ela conseguiu se superar e apresentar o programa no dia seguinte a morte do Tom.

“Essa pergunta das pessoas: ‘Será que ela vai estar lá?’. Eu no domingo também me fiz essa pergunta várias vezes e eu fiquei preocupada comigo várias vezes. Mas o sentimento de respeito pelo meu trabalho. Por tudo aquilo que já representou, os problemas que eu já passei ao longo da minha vida, eu sempre soube que tinha essa capacidade de enfrentá-los mesmo, de verdade. A gente tem que se superar e superar os medos. Eu fiquei arrasada com a notícia. Não queria acreditar, porque acho que essa é a primeira reação que você tem é a negação daquilo que você fala: ‘Não está acontecendo. Vai ser tudo bem. Ele vai chegar aqui em casa amanhã. E a gente vai se encontrar…”

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E sobre a falta de Tom e do Louro José?

“Sinto a falta dele desde segunda-feira, quando eu voltei a trabalhar. Mas essa semana, como a gente está fazendo uma semana especial de homenagens, ele está no programa todos os momentos. Eu rio e choro ao mesmo tempo. Sabe quando não caiu na real ainda de que realmente, mesmo sabendo de tudo isso? Acho que a partir da próxima semana é que a gente começa a fazer o programa. Vai ser um novo recomeço, tão difícil quanto.”

Ana revelou como separava o profissional e amigo Tom Veiga do personagem Louro José.

“São entidades que nunca se misturaram. Nesse momento eu perdi o grande amigo, o Tom e meu filho o Louro. Mas você olhando isso de frente, na verdade o Louro José existe. Ele pode não existir na interpretação magnífica do artista Tom Veiga, que deu vida a esse personagem. O personagem vai continuar existindo. O Louro vai ser eterno pra sempre.”

A resposta levantou a dúvida se o Louro José poderá voltar algum dia para atuar ao lado de Ana Maria.

“É muito cedo pra se dizer qualquer coisa. Obviamente o Tom é inigualável”, respondeu.

A apresentadora também falou sobre o medo do câncer, que voltou no começo do ano e que ela conseguiu se curar novamente.

“Não dá para mensurar o que é mais medo ou menos medo. Eu tive medo de novo. Só quem já teve na frente de um médico e ele dá esse diagnóstico pra você dizendo… esse nome assusta muito. Me lembro, no primeiro pet scan que eu fiz e foi dado um retorno do câncer, o Johnny estava comigo e eu disse pra ele e ele não fala português: ‘I will suvive’. Naquele momento, nem naquele momento, eu tinha dúvidas de que iria sobreviver. Eu tinha acabado de casar. Não podia, de jeito nenhum olhar para aquele futuro que eu estava acabando de conquistar e falei: ‘De jeito nenhum, eu vou sobreviver!’”

Johnny é Johnny Lucet, com quem Ana se casou no começo do ano. Ela contou como tem sido a convivência com ele, neste ano de isolamento social e pandemia.

“Foi um casamento de olhares e de alma, que foi engatando e sei que a gente nunca mais se separou. Inclusive num ano muito difícil porque, quando ele veio pra cá o mundo mudou. Foi no começo de 2020. E é um período que a gente está se adaptando. Casais as vezes casados há tanto tempo tem dificuldade em ficar 24 horas todo dia junto. E a gente que não se conhecia a dificuldade é maior ainda, porque queria estar fazendo as coisas que normalmente faz, indo nos seus amigos, participando das coisas, mas tem sido muito bom. “

Ana Maria falou da experiência de ficar com seu programa fora do ar, devido a pandemia do coronvírus.

‘É minha vida. Não abriria mão disso por nada no mundo. Eu me alimento disso. É minha alegria, minha felicidade e meu prazer é estar todas as manhãs fazendo o que eu faço. A gente saiu do ar e foi um ano…está sendo um ano bem difícil.”

Renata perguntou se, em algum momento dessa longa convivência, ela e Tom Veiga haviam conversado sobre morte.

“Não. Tive pensando nisso, inclusive. Eu nunca conversei com o Tom, por exemplo, ‘se um de nós morrer’ ou ‘o que você acha de ser enterrado assim’. Eu penso em morrer de vez em quando porque me dá uns sustos, com mais frequência. Agora ele não, um moleque jovem, que na bem da verdade, não se cuidava da saúde como deveria, eu acho e todo mundo falava isso pra ele. Todos os amigos falavam. Era uma coisa impensável.”

E se tivesse a oportunidade, o que Ana teria dito para Tom?

“Acho que eu colocaria ele no colo, dado umas palmadas em várias situações que eu acho que ele pudesse ter se cuidado melhor. Se amado mais. Ele amou muito os outros e sofreu muito por amor. Pensando nisso hoje eu teria dado umas boas palmadas nele e dito: ‘Moleque, vamos, acorda. Falar dele é falar do riso, da alegria de estar, de fazer. Adorava estar na roda de amigos. Ao mesmo tempo que quando queria ficar sozinho, precisava ficar sozinho, se afundava, não atendia ninguém…era uma balança maravilhosa. Não tem outro jeito.”

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E para finalizar, Ana Maria contou como termina essa semana marcante na vida dela e o que espera para os próximos dias.

“Termino com a certeza de que a gente teve um caminho muito generoso. Tive a oportunidade essa semana de rever quase esses 21 anos de Rede Globo, nos vários momentos que a gente recordou do Louro e da nossa vida junto. De repente eu me sinto como se estivesse abrindo um novo capítulo. Desafio de começar a segunda-feira com um novo olhar para esse fim de ano que não tem fim e não sei, e não sei, mas será!”

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