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Aos 66 anos de carreira, Irmãs Galvão ganham Memorial no interior de SP

Reprodução/Site Oficial

Muita gente já escutou as músicas Calor dos Teus Abraços, Beijinho Doce, Cabecinha no Ombro, entre tantas outas canções antigas de muito sucesso. Elas foram compostas pela dupla Irmãs Galvão, grande ícone da música sertaneja, que há 66 anos estão na estrada, colhendo os frutos de uma carreira de grande sucesso.

Para comemorar, a dupla formada por Mary e Marilene acabam de ganhar um presentão. Trata-se do Memorial As Galvão, um espaço que fica pertinho da rodoviária  de Sapezal, distrito de Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo.

O local, que fica em uma casa antiga, traz em seus cômodos fotos desde o início da carreira, instrumentos musicais e capas de LPs lançados por elas. A inauguração aconteceu no último domingo (30), com a presença das irmãs em um passeio de trem, onde se encontraram com dezenas de fãs. Com 66 anos de estrada, já lançaram 6 compactos, 16 LPs e 11 CDs. A infância da dupla aconteceu exatamente em Sapezal,local que hoje as homenjeia.

Em conversa com O Fuxico, Mary – também chamada de Meire – contou um pouco da emoção que ela e Marilene sentiram ao retornarem ao início da carreira revendo um acervo tão rico, que virou museu para visitação de fãs e amigos. Também falou da trajetória das duas, do amor com que abraçaram a carreira e como venceram um segmento musical onde o homem predominava. Também falou da emoção em estar presente na cerimônia de recepção e na missa que será celebrada pelo Papa Francisco.

O Fuxico: Como foi receber de presente um Memorial que conta toda a história das Galvão?

Mary Galvão: Foi maravilhoso, uma felicidade imensa. São 66 anos de carreira e no museu está todo o nosso acervo, como troféus, os primeiros recortes de jornais com notícias nossas, fotos de nossa primeira apresentação em rádio, fotos com gente famosa,  fotos da época em que moramos em Sapezal. Toda nossa história está ali.

OF: Vocês não nasceram em Sapezal, mas foram criadas lá, não é?

MG: Isso. Eu nasci em Ourinhos e Marilene em Palmital. Minha mãe havia mudado de cidade e chamou a mesma parteira para colocar minha irmã no mundo (risos). Fomos criadas em Sapezal, nossa infância foi lá, onde também nasceram mais dois irmãos. Foram tempos muito felizes.

OF: Vocês começaram a cantar bem cedo.

MG: Sim, eu tinha 7 anos e Marilene 5 quando começamos a cantar. A primeira vez no rádio foi no Clube Marconi de Paraguaçu Paulista, a partir daí começou a nossa vida. E nunca mais paramos.

OF: Vocês passaram por tempos difíceis ao longo da estrada?

MG: Dificuldades existem em todos segmentos. Éramos muito crianças, então não tínhamos noção do que estava acontecendo. Na adolescência já estávamos acostumadas e tudo era normal. Quem sofreu as pancadas foi meu pai e minha mãe. Nós tiramos de letra, pois das partes difíceis, as felizes eram muito maiores.

OF: Ao que vocês atribuem esse sucesso que se mantém?

MG: Nós começamos com um gênero muito difícil. Então se não houver perseverança, se não tiver carinho com público, com os colegas, não vinga. Aprendemos  todos dias, ouvimos críticas, mas acima de tudo, fizemos um trabalho com honestidade. Isso é o que vale, ter honestidade em tudo que se faz, senão não chega a lugar algum. Você pode mudar de gênero, de profissão, mas tem que fazer qualquer coisa com honestidade. E nós amamos o que fazemos e lutamos sempre pelo gênero sertanejo. Aí tivemos também a perseverança de erguer e carregar essa bandeira em um gênero totalmente machista, pois homem sempre vence mais depressa no sertanejo. Em todo segmento há dificuldade. Mas quando a gente gosta, a gente faz.

OF: De onde vem a inspiração para compor letras tão bonitas que conquistam?

MG: Não somos muito de composição, somos mais interpretes. Mas o segredo é que procuramos sempre os melhores compositores. E acho que acertamos, pois chegar nesse ponto que estamos, com tantos discos vendidos e outros mais lançados, mostra que escolhemos bem nossos compositores.

OF: Sua marca registrada é cantar descalça. Relembra a gente o por que disso mesmo?

MG: (risos) Senti dificuldade em usar salto, pois eu toco acordeom e Marilene toca violão.  Marilene usa um salto 17 maravilhoso e aguenta. Eu não, pois o peso do instrumento não me faz aguentar. Então, quando ia pesando eu tirava sapato pra me sentir mais confortável. Por mais de 20 anos eu tirei os sapatos. E olha, já furei muito o pé no palco em prego que segurava tapete ou em tábua que era pregada pra fazer o palco. Fiquei com medo de me machucar mais e parei de tirar sapato. Mas que era bom, era! Diminui o salto e agora está tudo bem.

OF: Vocês estão lançando mais um CD. Como é esse trabalho?

MG: Sim, estamos lançando pela Atração. Chama-se Calor dos Teus Abraços. Tem coisa melhor que abraçar? Nesse tempo de carreira, vivemos de abraços calorosos dos fãs, dos amigos. Adoramos abraçar. Essa canção está regravada no disco. Trazemos muitas músicas antigas e também muitas inéditas. Neste trabalho gravamos  composições de Renato Teixeira, Fátima Leão, Carlos Randal, um repertorio muito bom.

OF: E por que há as regravações?

MG: Regravações são necessárias pois o pessoal que nos segue, sempre quer ver nos discos algumas canções antigas.

OF: Como está a agenda de shows?

MG: Estamos bem. Os meses de junho, julho e agostos muitos shows. Nos outros meses também temos bastante apresentações. Os shows sempre são agendados com antecedência. Digo que vamos devagar, mas sempre! Nossas apresentações têm uma hora e meia. Quando pedem bis cantamos mais meia hora, com o maior prazer. Depois temos a honra de dar autógrafos e atender as pessoas. É tudo muito bom. Amamos o que fazemos.

OF: O que acham do Sertanejo Universitário?

MG: É ótimo, lindo, maravilhoso. As pessoas criticam, mas nós sabemos da importância Zezé Di Camargo e Luciano, todos só vieram fortalecer a música sertaneja de raiz. E chega no ponto que o próprio público deles exige uma musica de raiz, um Menino da Porteira, uma Cabocla Tereza. O público não esquece a moda caipira. Eles abrem portas e têm sucesso. E a gente vai chega dando a força!

OF: Vocês estarão presentes na visita do Papa Francisco? Cantarão para ele?

MG: Ah, será muito bonito. Fomos convidadas  para cantar um dia antes da missa dele, para a equipe dele. Então, no dia 23 cantamos para a equipe dele num show de consagração em Aparecida. No dia 24, estaremos presentes na missa que ele vai celebrar. Esse convite aconteceu porque cantamos para famílias, então não existe nada que desabone nosso trabalho, nada de pornografia.  Vai ser muito emocionante para nós.

 Com 66 anos de carreira, Irmãs Galvão ganham Memorial no interior de SP

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