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Apresentador do Canal Brasil disputou vaga com Marcelo Adnet

Luiza Dantas/ Carta Z Noticias

A veia experimental de Paulo Tiefenthaler pulsa forte. Até firmar-se como protagonista da série Larica Total, do Canal Brasil, ficou entre o Brasil e a Europa estudando Artes Cênicas, Fotografia, Cinema, Jornalismo e Filosofia.

"Passei um tempo meio perdido. Sem saber bem o que eu queria fazer da minha vida. Ter essa bagagem de estudo e vivência criou em mim o interesse por uma arte multimídia", conta o intérprete do solteirão Paulo Oliveira.

Na série exibida pelo canal pago, o ator é o porta-voz da Culinária de Guerrilha, onde o personagem cozinha usando apenas o que estiver na geladeira, sem se importar com procedência, data de validade e outros detalhes. A partir daí, conquistou o público com receitas improváveis como o Sushi de Feijoada, o Arroz de Puta Pobre e a Moqueca de Ovo.

"O programa tem muita participação do público, que envia sugestões e novas receitas. Com a repercussão do Larica Total, minha carreira deu um salto", analisa o ator, que acaba de participar das séries FDP, da HBO, e Suburbia, da Globo.

Nascido na Suíça – durante uma viagem de seus pais pelo país –, e criado em meio à diversidade de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, Paulo credita ao bairro boa parte de seu jeito anárquico e irreverente. Atualmente, o artista-multimídia prepara-se para sua estreia nas artes plásticas com a instalação Aplique de Carne, que pode ser conferida a partir de fevereiro, no Galpão Funarte, em Belo Horizonte. Além disso, ele espera o início das gravações da segunda temporada de Suburbia, e dos novos episódios do Larica Total.

"Faço apenas o que quero e tenho muito tesão por todos esses projetos. Minha vida profissional está em um momento intenso", define.

OF: O Larica Total está a caminho da quarta temporada e é um dos principais programas do Canal Brasil. Como você chegou até o projeto?

Paulo Tiefenthaler: Em 2006, um amigo meu da produtora Carambola Filmes me disse que estava com a ideia de fazer um curta-metragem retratando a vida de um solteirão que, de saco cheio daquelas receitas chiques, difíceis e sem emoção que assiste na tevê, resolve fazer seu próprio programa de culinária. O curta acabou não saindo, mas o projeto chegou até o Paulo Mendonça, executivo do Canal Brasil, que se interessou pela ideia. O departamento artístico achou que seria muito a cara do canal ter um programa de culinária com alguém que não sabe cozinhar (risos).

OF: Em muitos momentos do seriado, a figura do ator e do personagem parecem ser a mesma. Esse jogo entre a ficção e a realidade é proposital?

PT: Não, mas ao longo do tempo, o personagem que eu interpreto no Larica Total virou uma mistura. É algo que vai além de ator e personagem terem o mesmo nome. É uma questão de postura e atitude. Isso tem muito a ver com o meu teste para o programa. O teste foi feito na minha casa, que acabou tornando-se o cenário natural para o seriado. Lembro que fiz um macarrão grotesco e a minha intimidade com aquele ambiente tornou tudo muito mais divertido e real. Engraçado, é que eu estava envolvido no projeto desde o início, mas não fui a primeira opção para o programa. Depois de alguns testes, inclusive com humoristas conhecidos, como o Marcelo Adnet e o Wendell Bendelack, o papel acabou nas minhas mãos.

OF: Apesar de ter roteiro e direção traçados, as gravações do Larica Total são cheias de improviso. Você acha que é isso que faz com que o programa tenha ares de reality show?

PT: Com certeza. Eu saio muito da linha durante as gravações. Além disso, quase toda a equipe é formada por homens e a gente se expressa de forma muito parecida. Na hora de desenvolver o roteiro, as gírias são todas mantidas. É isso que dá um ar de naturalidade ao seriado. No início, tivemos dificuldades em explicar ao telespectador que eram "Paulos" diferentes. Ironicamente, exagerei tanto no meu jeito mais rústico e desleixado de ser, que também passei a me comportar diferente, fiquei mais intenso.

OF: No final do ano passado, você atuou em FDP, série exibida pela HBO, e em Suburbia", da Globo. Acredita que esses convites têm ligação direta com a repercussão do Larica Total?

PT: Claro! Muita gente conheceu o meu trabalho através do Larica Total. E isso me trouxe outras oportunidades. Foi muito legal fazer "FDP", porque meu personagem era um tipo bem estranho. O Carvalhosa é um bandeirinha de futebol, que  não bebe, não fuma, é supermetódico, acomodado e que não quer se envolver com mulher nenhuma. É por isso que, por princípios, ele só sai com prostitutas. Mas só do tipo gata, limpa e cara (risos). O Costa, de Suburbia, é outro personagem interessante, onde também pude desenvolver um trabalho diferenciado.

OF: Como assim?

PT: Foi minha primeira experiência de destaque como ator na tevê aberta. Fiquei feliz com o convite do Luiz Fernando (Carvalho, diretor), porque o projeto sempre me pareceu muito livre. Isso faz uma grande diferença. Costa não é um cara rico, é um empresário do tipo artesanal, que toma esporro do tráfico, que está envolvido naquele ambiente suburbano e funkeiro dos anos 90. Ele é totalmente over, se veste de forma extravagante, tem um carro todo tunado, com volante com estampa de zebra. E ainda tem uma particularidade incrível e que o aproxima de mim: é louco por bundas. Viver isso foi muito forte (risos). Fiquei animado em saber que vai ter uma segunda temporada.

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