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Crítica | Hereditário foge do óbvio e aposta no terror inteligente

Esqueça Invocação do Mal e Annabelle: Hereditário é algo totalmente diferente e isso é…ÓTIMO! Logo de cara, já garanto que o filme não é o novo O Exorcista, como muito se falou depois do Festival Sundance. Mas abre, com fôlego, espaço para um terror inteligente, ousado e que “incomoda”. A trama parece simples no começo, mas aos poucos revela camadas que, se não provocam sustos fáceis, deixam o filme em permanente estado de tensão.

Após a morte da avó, uma mulher reservada e cheia de mistérios, a família Graham começa a desvendar alguns destes segredos. Mesmo depois de ter partido, a presença da mãe de Annie (Toni Collette) permanece como uma sombra sobre a família, afetando, principalmente, a neta adolescente, Charlie (a estreante Milly Shapiro), por quem sempre teve uma adoração fora do comum. Com um crescente terror tomando conta da casa e da vida de todos, os Graham, em especial Annie, não tem escolha a não ser tentar compreender sua “herança” para tentar escapar do infeliz destino que herdaram.

Apesar de a premissa ser irresistível aos olhos dos amantes do terror/suspense, deixo claro que Hereditário não é um filme fácil, muito menos raso. Com camadas complexas e detalhes quase imperceptíveis (seja no texto, seja na direção de arte), o diretor e roteirista Ari Aster cria uma atmosfera tensa, sufocante, em que somos obrigados a ter atenção redobrada a cada cena para não perder nenhuma nuance da trama. Aster, por sinal, não parece ter pressa para desenvolver cada personagem, revelando camadas mais e mais desconfortáveis. Como resultado, a plateia é arrancada de sua zona de conforto e mergulha no ambiente opressor e angustiante, caminhando para um clímax ousado e aterrorizante.

Vale ressaltar que é o elenco de peso que faz Hereditário acontecer. Toni Collette entrega um excelente resultado, praticamente carregado o filme sobre os ombros. Mas quem brilha mesmo é Milly Shapiro que, mesmo sem muitas falas, constrói uma personagem equilibrada entre a inocência e o perturbador. Alex Wolff e Gabriel Byrne completam o time, entregando um trabalho que se encaixa perfeitamente na dinâmica sombria exigida pela família Graham.

Assim como A Bruxa (2015), Hereditário é um filme com selo A24, produtora que geralmente agrada muito a crítica, mas nem sempre entrega filmes fáceis para o grande público. E isso tem um motivo: esse estilo de terror nunca é óbvio e foge de soluções fáceis, o que deixa a turma que espera um simples “filme de casa mal assombrada” coçando a cabeça. Com ritmo bem mais lento, sem apelar para jump scares ou cenas cheias de sangue, Hereditário traz um roteiro que exige do espectador. Como resultado, é uma experiência sensacional e perturbadora, que pode até exigir paciência e bagagem, mas que cumpre a missão de todo bom filme do gênero: causar pesadelos.

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