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Elke Maravilha: ‘Em vez de ser mulher, escolhi ser gente’

Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Sinônimo de exuberância e ousadia nos anos 1970, Elke Maravilha chega aos 68 anos fazendo o que sempre fez melhor: transgredir. Com seu jeito expansivo e sem papas na língua, ela nunca teve medo de estar em evidência. Ao contrário, sempre fez força para isso. Talvez esse seja o motivo de ter ganhado um papel fixo em As Canalhas, exibido pelo GNT. A modesta recepcionista do salão Madeleine em nada se parece com Elke, apesar de contar com o próprio cabelo da atriz e uma maquiagem bem mais leve do que a usada no dia a dia pela ex-jurada deElke Maravilha: 'Em vez de ser mulher, escolhi ser gente' shows de calouros nos programas de Chacrinha e Silvio Santos.

"Ali é um personagem. Eu sou diferente, não sou de pouca porcaria", diverte-se, alegando que não se reconhece sem suas perucas, adereços e saltos altíssimos.

"Esse estilo que criei não foi apenas para aparecer. Foi para aparecer e mostrar quem eu sou", defende-se.

A série, que tem direção-geral de Anna Muylaert, é exibida em 13 episódios, cada um com uma protagonista diferente. Em comum entre elas, só as maldades e atitudes inescrupulosas. Esse lado do universo feminino é bem familiar para Elke.

"Sempre preferi ficar ao lado dos homens. As mulheres estão sempre maldizendo alguém", acredita.

"Eu nunca quis ser igual às mulheres que conheci. Então, em vez de ser mulher, escolhi ser gente", afirma, enquanto apaga um cigarro e acende outro.  

Com 68 anos, oito divórcios e nenhum filho – "Não nasci para ser mãe", acredita –, Elke garante não se sentir sozinha no apartamento que divide com seu gato e inmeros objetos decorativos na Zona Sul do Rio de Janeiro.

"Nunca fico em solitude. No máximo, em solidão", pontua.

Entre palavrões e frases polêmicas –

"Pelé era bom. Mas Maradona foi muito melhor" , Elke afasta o sentimentalismo de ser apátrida.

A atriz perdeu a cidadania russa após fugir para o Brasil durante o governo de Stalin e a cidadania brasileira foi revogada em 1971, quando foi presa pela ditadura militar.

"Não reclamo. Só fazem com a gente o que permitimos. E nós permitimos a ditadura", lamenta.

Perfil:
Nome: Elke Giorgierena Grunnupp Evremides

Nascimento: 22 de fevereiro de 1945, em Leningrado, atual São Petersburgo, na Rússia.

Na tevê: Só assisto a filmes.

O que não assiste na tevê: Aos programas que estão cheios de baixaria.

Nas horas livres: Gosto muito de bordar, de montar meus colares, costurar perucas e arranjos de cabelos.

Cinema: A trilogia de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. 

Livro: O Idiota, de Fiódor Dostoiévski. 

Música: Se só sobrasse uma música no mundo, deveria ser uma boliviana chamada El Cóndor Pasa. Mas que fique claro que eu sou punk rock.

Prato predileto: Arroz, feijão, quiabo e angu.  

O melhor do guarda-roupa: "Essa roupa que eu estou agora. Depois, a próxima que eu vou colocar".

Perfume: Jungle LElephant.

Mulher bonita: Tem muitas mulheres bonitas, embora poucas belas. Mas diria a Luana Piovani.

Homem bonito: Djimon Hounsou, famoso por interpretar Solomon Vandy no filme Diamantes de Sangue. Ele dá febre até tomando aspirina.

Cantor: Cauby Peixoto.

Cantora: Zezé Motta.

Ator: Já morreram quase todos os grandes atores. Gosto muito do Matheus Nachtergaele.

Atriz: Fernanda Montenegro.

Escritor: Fiódor Dostoiévski. 

Animal de estimação: Calunga, meu gato preto que já vai fazer 16 anos. 

Arma de Sedução: Desde pequena, nunca gostei dessas coisas de mulher de seduzir. Agora tenho menos que nenhuma.

Melhor viagem: Vivi um mês dentro de um carro, rodando na Europa, entre 1967 e 1968. E também as viagens que eu tenho sozinha, deitada na minha cama. 

Melhor notícia: Acordar respirando já é uma grande notícia.

Gula: Qualquer prato me desperta gula. Principalmente, se tiver quiabo e angu.

Inveja: Eu não acho ruim sentir inveja, não, mas isso não faz parte de mim. Ninguém inveja a merda.

Ira: De gente mentirosa e desrespeitosa.

Luxúria: Já tive bastante, mas agora já perdi todo o meu tesão de periquita.

Cobiça: Uma nave espacial com 15 anos de garantia.

Preguiça: Esse é meu maior defeito e minha maior virtude. Sou tão boa e tão má quanto qualquer pessoa. Só não exerço mais meu lado ruim porque sou muito preguiçosa.

Vaidade: Não tenho a vaidade das pessoas normais. Não gostaria de voltar à juventude. Minha vaidade é chamar atenção.

Mania: Não tenho mania nenhuma. Mas adoraria ter mania de organização.

Filosofia de vida: As pessoas sempre falam que a arte é viver. Eu acho que a arte é conviver. Minha filosofia é sempre estar com pessoas, aprender com elas.

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