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Guilherme Piva fala de sua paixão por atuar em novelas de época

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Notícias.

Apesar de perfilar papéis na tevê, Guilherme Piva vê Praxedes, personagem que interpreta em Lado a Lado, como um dos mais importantes. Afinal, ele se equilibra em uma linha tênue entre o drama e o humor.

"É muito difícil fazer essa dosagem", valoriza.

Para dar o tom certo ao delegado, o ator incorporou uma certa rigidez física, que demonstra o respeito que o papel deve inspirar.

"Mas em casa, não adianta. As mulheres não o levam muito a sério", diverte-se.

Às vésperas do seu personagem passar por uma grave crise familiar, Guilherme imagina que a tragédia pode dar outro rumo à vida de Praxedes. Nos próximos capítulos, o delegado descobrirá que o filho que sempre imaginou ter é, na verdade, seu neto. Sua mulher e filha criaram essa mentira para evitar um escândalo, já que, no início do século XX, era inconcebível para uma moça ter um filho fora do casamento.

"A trama é riquíssima. Vai ser uma humilhação quando ele descobrir. Mas acho que depois ele retomaria a vida de uma forma mais modernizada, fazendo a família como um todo ter a cabeça mais aberta", especula.

Achando graça dos fãs que confundem ficção com realidade, o ator conta que as pessoas na rua vêm avisar que ele está sendo enganado.

"É uma trama que você se identifica muito rápido. O espectador se imagina na posição do personagem. É um núcleo muito carismático", explica.

O Fuxico: Apesar de não ser do núcleo cômico, seu personagem carrega um certo humor, principalmente nas sequências com a família. Como dosar esse tipo de comédia para não cair no caricato?

Guilherme Piva: Esse núcleo é de comédia de costumes. A comédia de costumes não é necessariamente um núcleo de humor. Ele tem um pouco de comédia em cima dos costumes da época. Nosso núcleo passa por coisas leves e sérias. Essa dosagem é difícil. Não é um dramalhão, não é pesadíssimo. Tudo pode acontecer. É um núcleo leve que passa por seus dramas e conflitos, como toda família.

OF: Seu personagem está sempre entre dois lados, seja entre a mãe e a mulher, ou entre a ética e a 
influência política na delegacia. Como foi compor um personagem tão dividido?

GP: O mais difícil foi fazer a diferença entre as pressões da mãe, da mulher, da filha e da delegacia. A mulher pressiona, mas ele a ama, é companheira dele. A mãe também, mas é a mãe que ele tem de cuidar, é zelo, é cuidado. Com a filha, tem a questão da dureza do pai, tem de impor os limites. Na delegacia, tem uma coisa mais séria, de impor uma ética. Os ricos dominam e decidem tudo. Então, eu coloco uma certa angústia, de tentar impor a ética. É um grande incômodo. Vou muito pelo texto, que ajuda muito.

OF: Lado a Lado retrata também o início da classe média, representada pelo núcleo do seu personagem. Como você analisa a função do Delegado Praxedes nessa questão?

GP: É interessante porque, nessa época, surgiu a classe média, que não existia até então. O meu 
figurino mostra bem esse meio termo. Diferente do núcleo mais pobre, minha família não passa por 
dificuldades. E diferente do ncleo mais rico, meu personagem permite que a mulher e a filha trabalhem. Não gera um preconceito sobre isso. Tem uma afetividade mais explícita em casa, coisa que entre os outros núcleos é uma coisa mais cerimoniosa. Nas cenas de marido e mulher, tem uma levada mais sexual. Eles se abraçam, se beijam, com menos pudores.

OF: Depois de atuar em Xica da Silva e Mandacaru, ambas da extinta Manchete, e em Chocolate com Pimenta, já na Globo, esta é a sua terceira novela de época. Você prefere personagens mais contemporâneos ou tramas históricas?

GP: Adoro fazer época. É tão diferente. Quando você se caracteriza, os cenários, é tudo tão fora 
do seu dia a dia que você se transporta. Tenho uma fascinação por esse mundo. É como se eu 
tivesse um saudosismo por uma época que não vivi.

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