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Léa Penteado dedica texto à amiga, Vanusa: ‘Dignidade’

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Uma amizade que ultrapassou anos e segue sendo tão forte e marcante. Estou falando do que existe entre a jornalista Léa Penteado e a cantora Vanusa.

Em sua página de textos milimetricamente escritos com tamanha perfeição, Léa fez uma homenagem à sua amiga, que, segundo Rafael Vanucci, filho da cantora, foi internada na noite de terça-feira (8) no Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, litoral de São Paulo com problemas respiratórios.

Nesta quarta-feira (9), Léa publicou sua homenagem à Vanusa, um texto com o título Dignidade. Leia na íntegra:

“Amiga querida…

Talvez o olhar para como vamos nos transformando com a chegada das marcas e rugas do tempo, seja tão difícil de encarar que sempre publicamos fotos antigas para reafirmar como éramos belos quando jovens… Escrevi a primeira frase no plural, mas se enquadra bem no singular pois com a prerrogativa do #tbt às quintas feiras também procuro alguma foto memorável tendo nas entrelinhas a legenda 'olha como eu estava bem…' É um ato de preservação da dignidade e isso é inerente ao ser humano e ainda mais nós, mulheres vaidosas não apenas das nossas belezas, mas orgulhosas da nossa trajetória.

Hoje chorei ao ler a forma como estão expondo a sua fragilidade nas manchetes de blogs e sites. É covardia, neste momento em que você não tem como se defender, tentarem desconstruir a sua imagem mostrando todo um doloroso processo que você está passando….Sei quanto o fã quer saber do seu artista, mas não desta forma…  É por isso que como sua amiga, há quase 50 anos, venho aqui levantar uma pequena bandeira pedindo DIGNIDADE.  Se não lembram quem você foi, independente de dar uma “googada” e levantar sua trajetória musical, seria bom perguntar à alguma mulher com mais de 70 anos o quanto você foi inspiradora e revolucionária.  Nem falo do seu cabelo que era de dar inveja quando jogava a franja de um lado para o outro cantando “era um menino que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”, ou o movimento delicado dos braços que dançavam no ar nas Manhãs de Setembro, ou quando você encarou um terrível patrulhamento ao gravar uma música pregando contra o uso das drogas. Muitos avisaram, inclusive eu, para não se expor e você foi você botou a cara pra bater e durante um bom tempo foi boicotada.

Talvez nem saibam que você enfrentou de cabeça erguida uma gravidez quase solitária, escondendo quem era o pai em respeito à família, pois ele ainda era casado. E suas buscas por um amor em tantos casamentos onde saiu economicamente sempre mais pobre do que entrou. Mas em todas as situações estava você, literalmente linda e loura correndo os palcos do país e do mundo, ganhando prêmio na Coreia cantando em português. Uma mala numa mão, uma frasqueira na outra com todos os seus milhares de produtos de beleza, e lá ia você sem medo de trabalhar e levando ainda a vida de ser mãe de três filhos… E viva Da. Noemia, sua mãe, seu braço direito por tanto tempo…. Lembro num final de casamento você deixou em minha casa Amanda, Aretha e Veruscka para remontar a vida em São Paulo. E montar e desmontar casas sempre foram seu forte, tanto que serviu inspiração para compor Mudanças, da qual me orgulho de ter uma parcela na parceria que só nós mesmas sabemos.  A sua facilidade em compor, escrever sempre foi enorme. Ainda vejo você com um caderninho na mão, que era uma espécie de diário, anotação para composições, mas posso ainda ver a sua letra bem desenhada, ligeiramente inclinada para a direita, traço firme e certo.

Temos muitas histórias amiga! Como um domingo em que as crianças eram bem pequenas e você, para fazer surpresa ao Antônio Marcos, saiu da casa na Cantareira e se instalou em uma casa na cidade… Arrumou tudo em 3 dias e ficamos esperando ele chegar de uma turnê tomando licor Parfait D’Amour que você adorava e dava uma terrível ressaca…  Nem me refiro a Ninguém é Loura Por Acaso, espetáculo que escrevi para você, pois é um capítulo à parte, mas lembro das suas buscas espirituais, de Chico Xavier a quem me apresentou, por ter me aplicado Deepak Chopra com o livro As Sete Leis Espirituais do Sucesso, e seus estudos mais recentes do budismo, do seu incrível depoimento de como foi este encontro com a milenar tradição oriental. 

E é por isso e por muito mais que daria até para escreve um longo capítulo de um livro, que nesta manhã de setembro, me entristeci ao ler o leilão que fazem com sua dor… Por onde andam suas memórias e seus pensamentos não me importa, vale o que eu vi, vivi e na nossa amizade que eternamente guardo do lado esquerdo do peito, como na música do Fernando Brant que você um dia usou um trechinho para me deixar num bilhete… "

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Sobre Léa Penteado

Léa Penteado nasceu em Minas Gerais, passou parte da infância em São Paulo , aos 12 anos de vida, conta que se tornou carioca de coração. Jornalista, já trabalhou em jornais, revistas, TV e rádio, além de assessoria de imprensa de muitos shows, peças de teatro, discos, enfim, muita coisa ligada à cultura.

Escreveu os livros  Um Instante Maestro!, homenagem a seu amigo, o grande comunicador Flávio Cavalcanti e Um Show em Jerusalém- O Rei na Terra Santa, que conta de forma jornalística a produção do espetáculo de Roberto Carlos, em 2011, em Jerusalém.

Desde agosto de 2004 Léa mora em Vila de santo André, um povoado no sul da Bahia, município de Santa Cruz Cabrália, distante 24 km de Porto Seguro. Atualmente, ela trabalha como Secretária de Comunicação da Prefeitura de Santa Cruz Cabrália, além de viajar muito a São paulo e Rio de Janeiro por conta de seu trabalho com o Grupo DC Set, que reúne empresas de eventos, promoções, marketing esportivo e turismo.

Léa Penteado bate papo com João Signorelli, intérprete de Gandhi

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