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Leonardo Vieira: ‘Sofro muito mais do que sinto prazer sendo gay’

Reprodução/Instagram/@leonardovieirator

No início do ano, Leonardo Vieira escreveu uma carta pública, revelando ser homossexual. O ator afirmou que estava tirando um peso de seus ombros ao fazer tal revelação, depois que uma foto dele com um amigo, se beijando, viralizou nas redes e sites. Na época ele escreveu:

"Acabamos nos beijando. Um fotógrafo não perdeu a oportunidade e disparou uma rajada de cliques registrando a situação. O que era para ser um momento meu, acabou se tornando público".

Em uma entrevista para a Quem Acontece deste domingo (25), Leonardo falou sobre como seus pais descobriram sua orientação sexual, como ficaram os convites para trabalhos e revela a vontade de ter um filho.

Sobre a carta que escreveu e o beijo em um amigo, Leonardo Vieira falou:

"Nunca escondi nada de ninguém, sempre levei a vida livremente; saí com um amigo, no dia do meu aniversário, em 28 de dezembro de 2016, e depois publicaram essa foto. Então, pensei que estava na hora de dar um basta nisso. Tinha de falar a minha verdade. E sabe o que aconteceu? Tirei um peso das minhas costas! Agora vou poder ser eu, viver livre, sem essas amarras. Pode prejudicar minha carreira? Pode. Mas estou em um momento da vida que tenho uma liberdade e uma certa idade, já tenho casa própria… Não me importo, quero ser feliz".

Os pais do ator, Américo e Zezé, descobriram a orientação de Leonardo Vieira quando ele tinha 15 anos. O ator relata que não foi nada fácil  momento que viveu.

"Foi um grande drama, uma tragédia lá em casa. Minha família é extremamente conservadora, católica, eu estudei em colégio de padre, e era bom aluno, bom filho… Acabei virando a ovelha negra. Mas essa batalha já está vencida. Foi um longo processo, mas eles perceberam que eu poderia ser feliz, independentemente da minha orientação sexual. Eles notaram, convivendo com o filho homossexual, que isso é um detalhe na vida de uma pessoa. Fui construindo o amor e o orgulho que eles têm por mim. E a aceitação também".

Vieira revelou como se descobriu gay.

"Primeiro, você não sabe o que é e fica pensando: 'Por que eu olho para meninos?' Eu me achava estranho, diferente, mas também olhava para meninas e me relacionei com algumas. Você vai se descobrindo. Muitos dizem: 'Ah, ele optou'. Seria uma tolice da minha parte optar por ser gay! É tão mais difícil, tem que enfrentar tantas dificuldades, você sofre preconceito, é excluído o tempo todo… Sofro muito mais do que sinto prazer sendo gay".

Os convites para trabalhos em TV e entrevistas ficaram mais escassos, segundo o ator.

"Era um jovem ator e fiquei muito popular. A mídia me colocou nas alturas e em um lugar que não pedi para estar: o de galã. Depois, ficou falando que eu era gay! Comecei a perceber que os convites de trabalho, as entrevistas e os comerciais diminuíram. Tenho certeza de que perdi papéis por isso. Estou fora do padrão estético? Não. Sou mau ator? Posso não ser o melhor, mas não sou ruim. Qual seria o motivo? Esse universo em que eu vivo, uma fábrica de egos, parece não aceitar um galã que é gay na vida privada".

Leonardo sofreu ataques na internet e conta como lidou com isso:

"É preciso mais amor e respeito, menos ódio e intolerância. A minha felicidade não pode deixar alguém infeliz. As pessoas estão preocupadas com as coisas erradas. Tem gente desonesta dizimando a saúde do país e estão se importando com a minha sexualidade? É preciso ver o que realmente afeta a vida dessas pessoas".

O ator revelou também ter um lado extremamente paternal, onde pensa adotar um filho.

"Eu tenho vontade de adotar uma criança, sou extremamente paternal. Tenho vontade de poder contribuir com um ser humano bacana, que vai ajudar a construir um mundo melhor. Mas é mais fácil um pai solteiro adotar do que um casal gay…"

Para encerrar, Leonardo Vieira falou da importância do respeito, da felicidade, da igualdade:

"É fundamental que se fale sobre isso, que se explore bastante esse assunto. Estávamos vivendo sob véus de ilusão e, agora, a gente está revelando que existem pessoas diferentes, que nem todo mundo é igual e que as pessoas merecem ser felizes, mesmo sendo diferentes. É muito fácil a gente gostar de quem é parecido com a gente, o difícil é gostar de quem é diferente. Não precisa nem gostar, na verdade, mas, pelo menos, respeitar. Esse é o nosso desafio".

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