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Lu Grimaldi diz que está cansada de personagens dramáticas

Jorge Rodrigues Jorge/ Carta Z Noticias

Os olhos azuis vibrantes e o discurso entremeado por risadas distanciam Lu Grimaldi dos tipos sofridos que ela acumula em novelas como Terra Nostra, da Globo, e Poder Paralelo, da Record. No ar como a também chorosa Lígia, de Balacobaco – que chega ao fim no próximo dia 20 –, a atriz de 58 anos não vê a hora de ser escalada para trabalhos em que possa rir mais durante as gravações.

"Fiz sucesso em Terra Nostra com uma personagem dramática. E, por causa disso, só me chamam para tipos parecidos. Tenho muita vontade de fazer loucas, vilãs, bêbadas, algo que me dê outras possibilidades", assume.

Balacobaco é o 18º trabalho de Lu em 25 anos de tevê. Embora o número seja expressivo, a atriz paulista acredita que deveria ter olhado com mais carinho ao longo de sua carreira para as novelas e minisséries.

"Só queria saber de teatro! Tanto é que só fiquei conhecida do grande público e estreitei minha relação com a tevê quando tinha 46 anos. Foi um pouco tarde e a paixão foi grande, principalmente pelas produções de época", analisa.

Seu bom desempenho em tramas históricas, inclusive, ela credita à sua experiência nos palcos.

"São trabalhos de forte composição. Gosto de pesquisar e construir personagens com contexto histórico", entrega.

O Fuxico: Você estava escalada para fazer Máscaras, mas acabou entrando em Balacobaco. Como encarou essa troca?

Lu Grimaldi: Foi um processo confuso. Eu estava me preparando para estrear Rei Lear, de Shakespeare, no teatro. E, de repente, fui escalada para fazer Máscaras. Adiei a peça, mas a novela foi encurtada e minha personagem não entrou. Sem a peça e sem a novela, fiquei em uma espécie de período sabático. E foi bem complicado, porque eu nunca tinha parado por tanto tempo. E mesmo contratada, eu não estava me sentindo bem em ficar em casa. Quase surtei. Aí, por sorte, pintou o convite para fazer "Balacobaco" e eu fiquei mais tranquila.

OF: Você é conhecida pelas personagens de época que interpretou em novelas como Terra Nostra e Sinhá Moça, ambas da Globo. Como é estar em uma trama colorida e contemporânea como Balacobaco?

LG: Considero minha passagem por Balacobaco bem semelhante à temporada 2002 de Malhação, onde também fui dirigida pelo Edson Spinello e tinha esse clima descontraído, um elenco bem jovem. Mas, embora a novela seja divertida e para cima, minha personagem segue um curso muito parecido com as inmeras sofredoras que já vivi na tevê. Confesso que estou meio cansada de personagens dramáticas, elas aumentam as minhas rugas (risos).

OF: A associação de seu nome a trabalhos mais densos a incomoda?

LG: Hoje em dia, aos 58 anos, eu penso mais sobre essa questão. Emendei muitos trabalhos fortes, de época e extremamente dramáticos na tevê. Fui desde uma senhora de engenho em um Brasil às vésperas da abolição, em Sinhá Moça (2007), à mãe de Sansão, em Sansão & Dalila (2011). Não me arrependo dessa trajetória porque adoro o processo de pesquisa e todos os trabalhos se revelaram extremamente gratificantes. Mas acho que eu deveria ter investido ou me candidatado a tipos que fugissem um pouco desse ar barroco. Ao mesmo tempo em que revejo trabalhos antigos, como Um Só Coração (2004), e me encho de orgulho de ser uma atriz conhecida pelo público por fazer trabalhos de época.

OF: Por quê?

LG: Pelo envolvimento emocional. No caso de Um Só Coração, por ser de São Paulo, fiquei muito feliz de participar de uma produção que retratava um momento tão especial para a cidade e que é muito importante para vida da minha família também. Meu avô viveu aquele momento. Ele tinha uma editora e lançou as primeiras edições de clássicos da época como Macunaíma e Paulicéia Desvairada. Na casa dele, aconteciam encontros de nomes como Mário e Oswald de Andrade. A mesma relação emotiva eu tive com minha personagem em Terra Nostra (1999), pois tanto meus avós maternos quanto paternos fizeram aquela viagem de navio partindo da Itália para o Brasil.

OF: Antes de Terra Nostra, sua participação na tevê era mais contida. Os dramas de Leonora fizeram você se descobrir no veículo?

LG: Foi um trabalho divisor de águas na minha carreira. Eu sempre fiz muito teatro e estava feliz assim. Nunca batalhei para fazer tevê. Simplesmente aconteceu e hoje acredito que eu deveria ter investido em novelas há mais tempo. Queria ter tido a oportunidade de mostrar na tevê como eu era bonitinha quando jovem (risos), pois hoje em dia o HD acaba com as atrizes. Não que eu tenha problemas com a minha idade. Quem tem um certo receio com mulheres maduras são as emissoras que nos contratam (risos).

Lu Grimaldi fala sobre o tom contemporâneo de Balacobaco

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