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Marcelo Rezende estuda vinhos, cozinha e ainda dá Ibope na TV

Divulgação

Marcelo Rezende nasceu no dia 7 de agosto de 1951, no Rio de Janeiro. Só uma profissão o encantou durante toda a vida: o jornalismo. Ele começou em uma publicação de esportes, aos 17 anos, de uma maneira hilária: sem saber, ao visitar a redação do Jornal dos Sports, acabou ajudando o diretor geral do veículo e foi chamado para trabalhar como estagiário. Depois passou por O Globo, Rádio Globo, revista Placar. Por fim, foi trabalhar na Rede Globo como repórter investigativo, área que o consagrou na TV. É separado, mas avisa logo de cara que não fala de sua vida pessoal.

Na emissora carioca, apresentou o Linha Direta. Na Rede TV!, comandou o Repórter Cidadão e na Band, o Tribuna na TV. Atualmente é vice-líder de audiência entre as emissoras abertas, com o Cidade Alerta, na Record, sendo a atual maior audiência do canal, com média em torno dos 11 pontos no Ibope.

Em conversa com o O Fuxico, o carismático jornalista, que na frente das câmeras se mostra um profissional sério e com um jeito peculiar de narrar os fatos do dia-a-dia, contou que começou a trabalhar cedo e segue feliz na profissão. Ele, cujo bordão "corta pra mim" caiu na boca do povo e dos humoristas que o imitam da TV, garante ter um trabalho bem azeitado com sua equipe – apesar das broncas que brada em bom som no ar – e ainda se considera um ótimo conhecedor de vinhos e cozinheiro.

O Fuxico: Sua audiência na Record é a maior do canal, com o Cidade Alerta. Você atribui esse sucesso a que?

Marcelo Rezende estuda vinhos, cozinha e ainda dá Ibope na TVMarcelo Rezende:  Acredito que o Cidade Alerta está na ressonância dos anseios populares. Reflete o que as pessoas sentem em suas vidas, o desprezo do poder público em relação ao cidadão. A gente reflete no cidade todos  anseios como transporte decente, fim da corrupção, mostra à classe politica que eles têm interlocutores. Dinheiro para saúde, educação, moradia, creche, atendimento à mulheres durante o pré-natal, enfim, o básico, pois a cidadania simplesmente não existe. O dinheiro vai pelo ralo com a corrupção e o suborno. Se focamos nos pontos certos, não temos o telespectador, mas sim, um companheiro do Cidade Alerta, do outro lado da tela.

OF: Com esse sucesso você pensa em pedir aumento?

MR: Não (risos). Acredito que essas coisas têm que partir do patrão. O patrão é quem tem que avaliar se aquele produto é importante pra ele e se é importante tratar bem aquele produto. Nunca bati na porta de ninguém pedindo aumento. Espero que as pessoas reconheçam não o meu trabalho, mas o trabalho da equipe. Que seja reconhecido como é reconhecido pelo público. Seja pela Record ou no mercado em geral.

OF: Você sempre reclama bastante com sua equipe no ar, manda cortar prá lá e pra cá, dá bronca no programa ao vivo. Isso é real ou brincadeira?

MR: Isso não é brincadeira não. A equipe é  excelente. O problema é que eu quero que a máquina funcione com a rapidez do meu cérebro (risos). Moral da história: me causa, num determinado momento, uma angústia por estar tudo pronto na minha cabeça e não vai do jeito que quero. Mas tudo, depois que termina o programa, é apaziguado. Meus companheiros me conhecem e sabem que quero que dê certo, do jeitinho que estamos acostumados a fazer.

OF: Isso não cria uma antipatia entre os colegas?

MR: Nada de antipatia… Os profissionais que estão lá são treinados e trabalham comigo há mais de 10 anos. Trabalhamos em plena harmonia. Agora, o que vocês não sabem é que eles também reclamam na minha orelha (risos). Eles falam “tá falando coisa das imagens que não é”. Conclusão: o que falo no público eles falam no privado (risos).

OF: O que você acha de seu  "Corta Pra mim" ter virado bordão, tanto entre o público quanto colegas humoristas, inclusive o Pânico na Band, que tem um quado que te imita?

MR: Acho  bárbaro! Na Praça é Nossa tem o Marcelo Se Vende, no Pânico, o Marcelo Sem Dente, na Globo tinha o Casseta & Planerta, que apresentava o Marcelo Depende, na época em que eu trabalhei na Globo. Acho que isso é um motivo de mais absoluto orgulho. Primeiro, eu me divirto, e segundo é uma baita alegria saber que quando se é imitado, é porque está dando certo. Então, é uma grande alegria ver pessoas que gosto muito lá, fazendo programas e me imitando.

OF: Você cria o bordão ou ele surge?

MR: Os bordões saem naturalmente, não tenho a menor ideia de que vai sair. O “Corta” saiu de uma vez que chamei a imagem e o diretor de imagem não passava pra mim.

OF: Particularmente, o que tem a dizer da sua imitação feita pelo Carioca, do Pânico na Band?

MR: O carioca é um gênio, um dos maiores humoristas da história do Brasil. É impressionante como ele incorpora um personagem, como consegue pegar os trejeitos da pessoa, o jeito perfeito de falar. Ele é um gênio e eu me divirto com ele, tanto com personagem quanto na vida real, quando nos encontramos. Tenho um carinho enorme por ele.

OF: Como você vê essas manifestações que estão acontecendo por todo país? Acha que agora vamos arrumar a casa?

MR: Acho que essas manifestações vieram para ficar, na verdade é um grito preso na garganta do brasileiro. O Brasil paga impostos de Finlândia e recebe tratamento de 8º mundo. Então, é muito difícil pagar como estivesse país civilizado e receber em troca dos diversos governos tratamento de 8º. Pra raciocinar, entre 1,8 a 2,3% do PIB, a pessoa trabalhou para sustentar governos e no final da vida pra comprar comida e remédio não consegue. Paga e não recebe nada.  Esse grito começou com os jovens do Movimento Passe Livre e eles provocaram, com uma inquietação natural, a todos. Fizeram com que o país gritasse a toda classe politica que eles não servem para o Brasil. Isso foi para a rua para mostrar que, quem votou neles está insatisfeito com o que vive e todas as faixas etárias aderiram. Ficou tudo mais evidente dessa vez, é um momento de renovação de todo país, não dá pra viver dentro de um ambiente de delinquência provocado pelas autoridades brasileiras. Todos entram na política e saem milionário, sem nunca terem trabalhado na vida. Esse é um momento nosso extremamente positivo e que não há de parar, se a situação continuar dessa maneira. Temos que trabalhar para desalojar políticos que vivem como sangue sugas do povo brasileiro.

OF: Você é a favor da pena de morte no Brasil?

MR: Olha, eu era plenamente a favor. Hoje começo a raciocinar da seguinte maneira: a pena extingue a punição, porque o cara vai ser julgado, morre e acabou. Hoje, sou mais a favor da prisão perpétua, com as cadeias, penitenciárias isoladas dos grandes centros, onde o sujeito que for preso terá que trabalhar como qualquer trabalhador. E se não trabalhar não tem direito a comer nem beber lá dentro. Não é possível que sejamos vítimas dos criminosos e tenhamos que sustentá-los, vendo que eles têm casa, comida, roupa lavada, sexo uma vez por semana e a família ainda recebe salários do governo. Não é possível que a gente viva nesse ambiente. Prisão perpétua com trabalho forçado, pois só assim o crime pende. Pena de morte pende do castigo, é um abrandamento da punição. Já quando ocorre a prisão perpétua, o bandido fica lá, mas com essas condições que citei acima.

OF: E sobre a mudança da lei, que pune menores de idade infratores?

MR: Eu sou completamente a favor disso no Brasil. Afinal, aos 16 anos pode votar para presidente, governador, deputado, pode ser emancipado. Consegue participar dos destinos do país e tem que ser punido rigorosamente. Eu sou a favor. Essa história de que menores trabalham para criminosos maiores deixou de existir. Os menores, agora, são donos de suas própria quadrilhas.

OF: O que acha dessa ideia da Presidente Dilma querer um plebiscito popular?

MR: Acho que ela não deveria tomar decisões feitas a partir do calor da emoção.  Acredito que a Presidente, como todos os políticos, foram pegos de surpresa com a explosão de insatisfação do povo. Aí começam a surgir grandes ideias pra tentar arrumar a situação . Ela tem capacidade e habilidade de entender o povo. Não deveria se deixar seduzir por esse ou aquele marqueteiro num momento em que, na verdade, precisamos de reflexão. Ela é uma mulher que entende muito mais dos anseios do povo do que os homens, pois a mulher tem mais sensibilidade para isso. Então, penso que agora ela deve refletir e com pulso firme e ir mudando o País, sem nenhuma medida precipitada. Dilma deve ouvir mais seu coração feminino.

OF: Como você vê a programação da TV aberta no Brasil? O que acha que falta e o que sobra?

MR: Acho que a TV brasileira é uma das melhores, com jornalismo sempre muito presente. Atende aos anseios do povo brasileiro e até de muitas partes do mundo, onde produtos nossos conquistam mercado internacional. Não tenho ideia do que mudar. Se tem uns programas que são ruins, tem também outros excelentes. Mas, na média, acho que está boa no meu ponto de vista.

OF: Por que os telejornais trazem tanta violência ?

MR: Eles refletem o Brasil. Se fosse Holanda falaríamos de diques e flores, pois a época lá é essa. A questão é outa. Os programas refletem violência, pois como diria o grande Nelson Rodrigues, mostra “a vida como ela é”. O brasileiro tem como principais pleitos o fim da violência, seja do crime, do policial… Ninguém aguenta mais ir à esquina comprar pão e não saber se volta vivo, ou saber que seu filho foi em uma festa e pode não voltar. Acho que são poucos críticos em relação a violência. É absurdo nosso país estar inserido entre os oito de maior economia do mundo, deixar a violência seguir nessa escalada incontida.

OF: Tem alguma dica para acabar com impunidade e violência em nosso País?

MR: Acredito que a pena morte seria uma parte. Tem que ter punição exemplar, não só para o assaltante que rouba, o matador, o estuprador… Mas a elite também tem que ter punição. O Supremo Tribunal Federal condena várias pessoas e ninguém foi pra cadeia, isso é piada. Se fosse uma pessoa com menos influência politica ou menos possibilidades financeiras, estava na cadeia. A lei tem que ser mais rigorosa: quanto mais a pessoa tem possibilidades na vida, se cometer uma infração tem que ser punida. Também tem que acabar com os benefícios dos presos. Não tem que ser condenado a 30 anos e cumprir, em regime fechado apenas  40%. As penas devem ir de ponta a ponta para ter valor. Mas não se constrói um país só com punição. É preciso ter uma divisão de renda maior e não o dinheiro ir para a corrupção. Se fosse melhor dividido, todos teriam oportunidade. O que queremos é ver empregar o dinheiro da merenda realmente na merenda. Porque hoje, dizem que o dinheiro vai para a merenda,  e o garoto recebe leite contaminado. A gente precisa cuidar da repressão e da punição do crime e questão da prisão de corruptos deve ser imediata.

OF: Quando você está em casa, o que mais procura assistir?

MR: Meus dois hobbies: estudo vinhos há mais de 30 anos e cozinho desde que nasci (risos).

OF: O que mais gosta de cozinhar? Há algum prato específico que gosta de preparar?

MR: Cozinho o que me der vontade no dia. Adoro cozinhar, adoro estudar e beber vinho, ler e ir ao cinema.

OF: Como se relaciona com seus filhos?

MR: Todos estão criados e alguns moram fora do País. Nosso relacionamento? Se for melhor, estraga.

OF: Do que você se arrepende de ter feito na vida?

MR: Não tenho coisas que me arrependa de ter feito. Me arrependo de coisas que não fiz (risos).

OF: Por exemplo?

MR: Não ter aproveitado tanto a vida.  Acho que comecei a trabalhar com 16 anos, mas precisava, pois minha família era pobre, então eu tinha que trabalhar para vencer na vida. Acho que deveria ter começado mais tarde. Mas, graças a Deus, consegui fazer uma vida legal, sempre estive bem nos meus empregos, comecei no jornalismo e segui.

OF: Como foi esse começo?

MR: Fui com meu primo visitar a redação do jornal onde ele trabalhava. Lá, vi um moço sentado, com uma baita relação gigante para digitar, de um campeonato de futebol de várzea. Cheguei perto dele e perguntei: “Posso ditar paro senhor?” Ele deixou. No dia seguinte, meu primo perguntou se eu queria trabalhar no jornal, me dizendo que me convidaram pra trabalhar lá. E contou que, na verdade, o senhor que ajudei era o diretor geral do jornal do (Jornal dos Sports).  Cheguei lá crente que iria ser contínuo. Mas ele me chamou para swr repórter. Estava completando meus 17 anos, na época, e comecei a estagiar. Nunca mais parei.

OF: Você é sempre sério?

MR: (risos) Não, até mesmo no programa tenho momentos descontraídos. Só tenho essa vida e sei que não é para me aborrecer, é para me distrair. Se puder fazer coisas boas para as pessoas eu faço. Deus sempre foi generoso comigo e eu com as pessoas. Acho que é a lei do retorno.

OF: E a dupla com o Percival de Souza?

MR: Percival sempre foi extraordinário jornalista e muito tímido. Sempre brinquei muito com ele e, agora, ele está me dando o troco (risos). Ele está indo à forra, já virou uma sinergia super gostosa. O trabalho nos fez virar uma família. Está ficando gostoso de fazer.

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