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Maria Casadevall polemiza: ‘Nunca fiz aborto, mas faria’

Divulgação/Gleeson Paulino

Maria Casadevall, com certeza, é uma das atrizes mais requisitadas e talentosas de sua geração, além de ter uma transparência para comentar sobre qualquer assunto. No auge de seus 30 anos, ela é capa da próxima revista da Glamour e falou sobre diversos assuntos.

No ar como Rimena, em Os Dias Eram Assim, da Globo, Casadevall contou que nunca teve um momento em sua vida que “decidiu ser atriz”. “Esse momento nunca existiu, o que existiu foi uma urgência, uma necessidade imensa de transfigurar a minha realidade, de externar esse jeito particular que tenho de ver a vida. A primeira maneira que encontrei de colocar isso tudo para fora foi escrevendo. Por isso também cursei jornalismo. Gosto de escrever poesias, tenho alguns contos prontos e muitos pensamentos rabiscados. Mas vai além: escrever é uma relação quase religiosa de me reconectar com o desconhecido, com a minha natureza e com uma natureza cósmica”.

Maria Casadevall ainda contou como convive com as pessoas sendo famosa, e revelou que nunca este nunca foi seu objetivo, quando se tornou atriz.

“A fama nunca foi um objetivo. Nunca refleti sobre essa questão antes de alcançá-la. Eu escrevia e amava isso, mas não queria fazer da escrita um ofício, porque ela era desregrada, amadora para mim. Mas sempre tive uma relação muito familiar com o corpo e sabia que queria me manifestar artisticamente. E ainda tinha a voz, com quem até hoje tenho uma relação de amor e cuidado… O teatro era a solução, e ele aconteceu de forma natural. Sempre fui mais introvertida do que extrovertida. Os olhares não me incomodam, o que me incomoda é o sequestro da minha condição de observadora e da condição de observada. Mas essa não é uma regra. Ainda reconquisto meu lugar do anonimato no centro de São Paulo, por exemplo. Ali eu ando com meu cabelo bagunçado, vou à banca de chinelo e pijama, caminho sem disfarce. E, quer saber? Ninguém me olha”, revelou.

Em Os Dias Eram Assim, onde vive Rimena, médica humanitária que se envolve com o cunhado, a personagem foi bastante criticada e a atriz contou que ainda existe muito machismo e hipocrisia nestes assuntos.

“Existe machismo, mas também existe hipocrisia. Porque muitas vezes não há uma análise mais profunda dos motivos que a levaram a isso. O público, por vezes, ainda pode ser muito julgador. É um pouco também sobre rotular as pessoas, personagens ou não”, afirmou.

Na entrevista, Maria Casadevall ainda falou sobre o momento em que se tornou feminista e lembrou que não precisou de nenhum incentivo para que isso acontecesse.

“Nunca tive um incentivo político ou intelectual dentro de casa. Na época da ditadura militar, minha mãe, aos 19 anos, lutava contra um câncer seriíssimo. Ela sobreviveu, mas, obviamente, as questões dela eram outras. Ainda jovem, comecei a sentir essa carência intelectual e fui buscar respostas na faculdade e nos livros que devorava. Mas leva tempo até absorver informação e transformá-la em opinião. Em 2013, com as manifestações explodindo nas ruas de São Paulo, essa tomada de consciência política me fez pensar sobre questões que antes eu julgava serem apenas minhas. Me entendi feminista ao compreender que as minhas questões eram questões de outras, quando assimilei que somos treinadas a reproduzir valores de uma sociedade machista e sexista. Tomei gosto pela discussão, por trabalhar o pensamento além da assimilação de dados. É fácil entrar numa bolha de iguais onde se reproduz um mesmo pensamento. O excesso de informação pode acabar desinformando. Por tudo isso, a importância de um trabalho de base, de se inserir em um contexto político e social e, aí sim, entender onde nos encontramos”, disse.

Em certo momento da conversa, Maria Casadevall falou sobre um dos assuntos mais polêmicos hoje em dia: o aborto. E contou que faria o procedimento.

“Nunca fiz, mas faria. Sou totalmente a favor, por uma legislação menos machista e conservadora, que valorize a vida da mulher, principalmente a mulher negra da periferia, que opta pela interrupção da gravidez, garantindo o acesso legal e o acompanhamento médico apropriado para isso. Por uma legislação que reconheça os direitos da mulher sobre seu próprio corpo e respeite as escolhas feitas por ela. Sobre a descriminalização das drogas, sou a favor de um amplo debate que não defenda interesses nem privilégios, que discuta efetivamente a possibilidade de regulamentação e controle sobre produção e venda e que leve em consideração as condutas desiguais dos agentes de repressão em relação ao porte, uso e tráfico de drogas de acordo com raça e condição social”, afirmou.

A ser perguntada sobre quais superpoderes ela gostaria de ter, Maria Casadevall já tem na ponta da língua. “Outro dia me perguntaram quais superpoderes eu teria se pudesse. O primeiro seria ser invisível, só para poder observar tudo de perto. Mesmo sem tê-la, já me pego espionando conversas triviais. O segundo seria a capacidade da memória absoluta, para resgatar tudo de qualquer momento da minha vida”, finalizou.

A revista Glamour chegará às bancas de todo Brasil nesta sexta-feira (1).

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