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Netinho revela sua dieta mágica: “Arroz e clara de ovo”

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Ernesto de Souza Andrade Junior é o nome de batismo do cantor Netinho. Nascido em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, teve uma infância cheia de histórias tristes, como a morte do pai em um acidente de carro. Pegou gosto pela música após ouvir o som dos Beatles, João Gilberto, Caetano Veloso, entre outros e sua mãe, sem intenção nenhuma de vê-lo no mundo de gente famosa na música, foi quem lhe deu seu primeiro violão.

Em conversa com O Fuxico, o cantor contou um pouco de sua história, falou como é vaidoso e revelou sua dieta mágica, seus sonhos, sobre religião, a mudança para o Rio de Janeiro e que está "casado há três anos e muito feliz!".

OF: Por que quando nasceu disseram que havia nascido o cavalo de fogo?

Netinho: Nasci no dia 12 de julho de 1966 e, segundo o horóscopo chinês, essa é uma data que se repete a cada 33 anos e é o signo de cavalo. Especificamente nessa data, é o período do Cavalo de Fogo, quem nasce nesse signo  traz uma série de “não boas notícias”, como mortes, filho que se afasta fisicamente muito rápido da família. E realmente foi o que aconteceu, meu pai, eu e meus irmãos sofremos um grave acidente de carro onde ele morreu, desde 19 anos moro sozinho… Eu me ligo muito em horóscopo, nessas coisas, sabe?

OF: As primeiras coisas que você ouviu foram Beatles, João Gilberto, Elis Regina, e outros nomes da MPB. Eles foram quem te impulsionaram para a musica?

N: Pouco antes do meu pai morrer, ele planejava nossa ida para Salvador, no ano seguinte. Minha mãe, dona Ivanise, seguiu os planos dele. Daí conheci essa baianidade toda lá em Salvador, as pessoas q faziam show, Caetano, Gil, Bethânia, Gal. Isso me fez conhecer instantaneamente a música, o espetáculo, cenários, performance. Foi uma grande influência ver as coisas que eles fazem no palco e que também gosto de fazer.

OF: Quem te deu seu primeiro violão?

N: Foi minha mãe, que me deu de presente.

OF: Ela já tinha ideia de te ver famoso?

N: Não, me deu sem pretensão nenhuma. Ela diz que eu gostava e que decidiu me dar, pois ela me via cantando o tempo todo. 

OF: Quantos irmãos você tem?

N: Ao todo, tenho 8 irmãos. Meu pai casou e enviuvou duas vezes, e em cada uma dessas vezes teve dois filhos. dois filhos. E com minha mãe teve mais cinco filhos.

OF: Você chegou a cursar Engenharia Civil, certo? Por que largou?

N: Naquela época a música não tinha os caminhos de hoje. Eu morava no interior da Bahia, não se conhecia caminhos pra chegar nas coisas. Meu pai queria que eu fosse engenheiro, me levava no escritório dele, me fazia ir no banco fazer pagamentos, tudo para aprender e seguir a profissão. Acabei prestando vestibular, aos 16 anos, por influência dele. Passei e, logo em seguida comecei a cantar na noite (risos).

OF: Na noite você começou com indicação de alguém?

N: Não. Comecei a tocar na noite por acaso, pois irmãos mais velhos me levaram num barzinho em Salvador. O dono perguntou se eu queria cantar lá e eu disse sim. Minha mãe enlouqueceu (risos), porque achava que ser músico era viver na vagabundagem (risos).

OF: Foi aí que decidiu morar sozinho?

N: Seis meses depois eu morava sozinho, fazia faculdade. Foi engraçado, fui saindo aos poucos de casa, ia de final de semana, levava algumas coisas e não trazia mais. Depois mais um pouco de coisas, até sair de vez. Mas o coração de mãe não se enganava (risos), já sabia que eu estava indo para o mundo. E foi na noite que conheci bandas que já trabalhavam no Carnaval de Salvador.

OF: Foi aí que tudo começou?

N: Fui ser folião do Bloco Beijo, comprei tudo e fui com amigos me divertir. Luis Caldas puxava o bloco. Dois anos depois de sair como folião, vi um anúncio que o bloco procurava cantores pra formação para Banda Beijo, para ficar no lugar de Luis Caldas. Fiz teste com um monte de gente e fui escolhido. Daí que comecei no profissional. Mas até virar Banda Beijo, ralamos muito: montamos a Banda Beijinho por 2 anos, no interior Bahia, fizemos Aracaju, fomos convidados para fazer campanha política no Rio Grande do Norte. Ficamos dois meses tocando duas, três vezes por dia para um candidato a deputado federal. Quando voltamos para Salvador, viramos Banda e gravamos, em 1988, o primeiro disco. E fomos a primeira banda a fazer Domingão do Faustão. Bem no dia das mães!

OF: Como decidiu fazer carreira solo?

N: Depois de cinco anos na banda, com nosso último disco com axé music, onde tivemos músicas em novela da Globo, gravamos clipe, uma loucura. Enfim, daí a PolyGram me chamou para uma reunião e não queriam mais banda. Gostariam de um trabalho solo. Me apresentaram para o grande diretor, compositor e produtor Guto Graça Melo para que ele fosse responsável pela transição Banda Beijo – Netinho. Ele produziu meu disco:  Um Beijo Pra Você, que trazia sucessos como Capricho dos Deuses, Menina e Total. Com este, ganhei meu primeiro disco de platina.

OF: Gravou discos e se apresentou também fora do país, não é?

N: Gravei dois discos em Los Angeles, levei trio elétrico para a Copa do Mundo. Gravei em Portugal.

OF: Bom, daí sua mãe viu que te dar o violão valeu a pena, não é? O que ela acha do filho famoso hoje?

N: Ah, ela mudou. A cabeça dela mudou. Ela começou a conviver com as pessoas, viu como era no camarim, conheceu as bandas, enfim, viu que não havia a violência que achava que tinha. Quando ela estava longe, ela sempre me perguntava se era isso mesmo que eu queria. Depois, passou a viajar com a gente de ônibus. E adora tudo hoje em dia, em seus 73 anos.

OF: Dos seus irmãos, algum deles seguiu a música também?

N: Olha, na minha família o único músico que se tem notícia na família foi meu avô, que era maestro e trompetista da Filarmônica Santo Antônio de Jesus. No mais, ninguém.

OF: Por que decidiu mudar para o Rio de Janeiro?

N: Na verdade convivi muito com o Rio. Quando conheci o Guto (Graça Melo), abri um estúdio com ele, o Blue Estúdio. Durante 13 anos comandamos tudo e por lá passaram grandes nomes da MPB. Um grande estúdio, importamos mesa de som dos EUA, eu vivia aqui por conta disso. Sempre fui apaixonado. Mas tomei a decisão de mudar por vários motivos. Amo Salvador, sempre vou amar. Mas hoje, para mim, sobre a cidade que amo, posso dizer que sou um baiano triste, pois vejo Salvador abandonada, suja, destruída. Nos últimos 8 anos vejo que a cidade se tornou pobre culturalmente, as pessoas não têm mais oportunidade. Não há mais casas de shows lá em Salvador. Juntando tudo isso com minha vontade, me deu um estalo e decidi morar aqui no Rio. E quer saber? Foi a melhor decisão que tomei no ano passado. Vivo na ponte aérea, pois minha filha mora em Salvador, com a mãe, mas vale a pena.

OF: Depois da sua entrevista à revista Quem e ao Fantástico, sobre sua sexualidade, houve alguma mudança em sua vida?

N: (risos) Na verdade não disse nada demais, nada de absurdo. O que dizia na matéria da revista, que colocou um texto sério e super bacana, foi um pouco da minha vida pessoal, um momento que muitos já viveram. Sabe, sempre fui muito recluso, assuntos que todos falam com amigos, eu falo comigo mesmo. Não discuto o meu dia a dia com ninguém. Desde criança faço a digestão dos meus assuntos sozinho, nunca tive psicólogo e assim será o resto da vida. Daí, essa foi a única entrevista onde falei algo sobre mim. Falei de drogas também, que usei, mas na cabeça das pessoas, o que mais ficou foi o fato da sexualidade, numa matéria editada pelo Fantástico onde não era eu quem falava, e sim, uma narração da Renata Ceribelli. O que realmente disse foi editado e caiu da matéria. Isso é hipocrisia, as pessoas aliviam as coisas e assuntos dos quais não falam. Mas acho que o mundo caminha para uma melhoria. O Brasil é um país miscigenado e as pessoas não compreendem isso. É estar ao lado de pessoas de várias tribos. No Réveillon aqui no Rio vi muito isso, coisa linda, gente de várias tribos, de todas as cores, todos juntos, comemorando o ano novo.

OF: Como é a convivência com sua filha?

N: Bruna tem hoje 14 anos. Uma menina linda, ciumenta, não pode ver fã do meu lado (risos). Hoje ela compreende mais a coisa de dar autógrafos, fazer fotos com as pessoas, mas houve uma época em que ela se agarrava a mim, por ciúmes de ver que as pessoas estavam perto, me davam presentes… Hoje é mais compreensiva. Vejo que ela é boa na chantagem emocional (risos).Ela consegue tudo de mim (risos). Mas é uma ótima menina, passa com notas ótimas na escola, tem muitos amigos. E está na época de ir em aniversários, sair sozinha. Hoje eu moro no Rio mas sempre converso com a mãe dela, em Salvador para sabermos sempre a melhor maneira de conversarmos com nossa filha, falar sobre o mundo e como lidar com ela. O problema maior, eu acho, está nas conversas na escola (risos). Mas como minha mãe, e muitas mães dizem, os filhos nascem para o mundo

OF: Você pensa em ter – ou adotar – mais filhos?

N: Não. Eu tenho consciência do meu pouco tempo de artista para a Bruna. E os filhos só entendem isso depois que crescem, que artista não pode fugir da alma de artista, não pode ver um palco, um violão que se entrega. Então fica complicado. Meu avô teve 21 filhos, meu pai 9. Bruna passou um tempão me pedindo um irmão. Hoje vejo que Bruna não fala tudo que quer pra mim. Sinto que ainda não tem essa liberdade. Tenho medo de que tenha alguma revolta por eu não estar 100% junto.

OF: Mas o tempo que tem para ela é bem aproveitado?

N: Sim, sem dúvidas. Fomos só nós dois para a Disney. Nos divertimos muito. Fizemos guerra de travesseiros e de pum (gargalhadas). De tudo fizemos e brincamos por lá. Agora ela volta à Disney com a mãe e depois vai ficar comigo até o Carnaval.

OF: Ela curte ficar no trio com você?

N: Olha, foi uma surpresa o ano passado. Ela não ouve nada de axé. Gosta de Justin Bieber, Madonna, Michael Jackson. No ao passado eu a chamei para vir no trio comigo e ela aceitou. Quando as coleguinhas lá embaixo do trio começaram a chamá-la, ela se sentiu toda poderosa e disse que esse ano queria ir no chão. Eu disse que levo no trio. No chão não!

OF: Como está o coração de Netinho?

N: Ocupadíssimo! (risos) Estou casado há três anos e muito feliz!

OF: Você já aderiu às plásticas não é?

N: Sim. A primeira foi por conta do acidente que tive com meus irmãos e meu pai. A gente estava na Ilha de Itaparica e meu pai tinha posto de gasolina, moinho de milho… Num final de semana, ele teve de levar a gente junto para fazer pagamento e, na contra mão, dois amigos dele bêbados bateram de frente no nosso carro. Uma irmã quebrou a bacia, outro a perna, eu tive um corte no nariz que quase perdi meu olho. Fiz uma cirurgia para tirar a cicatriz e diminuir o nariz, pois não gostava. Não gostei da cirurgia e fiz outra. Agora digo que gosto do meu nariz novo!

OF: Você é vaidoso, não é?

N: Sim, muito. O ser humano tem que estar de bem com sua auto-estima sempre. Por mais que não confesse, a pessoa sempre gosta de ver seu corpo malhado, botar uma sunga e ir na praia se exibir. Quem não gosta? todo ser humano gosta de se arrumar, malhar. Eu sou viciado.

OF: E como faz para manter o corpo sempre bem?

N: Por exemplo, há um mês estou na minha dieta: só como arroz e clara de ovo, mais nada. Seca a gordura do corpo. O arroz é um carboidrato de longa digestão e a clara é pura proteína, com 90% de água e albumina. Quem consegue fazer isso fica pele e músculo. Mas tudo com acompanhamento ok? E a cada seis meses faço meu checkup para ver se está tudo bem. A dieta da clara, tem que comer sempre que sentir fome, pois senão não rola (risos). Meu único problema é quando vou a Salvador e minha filha faz cookies. Daí, tenho de sair da dieta (risos).

OF: Quais os projetos para este ano novo?

N: O CD novo. Gravei no Rio o Beats Baladas e Balanços, com a música de trabalho Bate Tum-tum-tum, onde conto com a participação do rapper brasileiro D-Snow, diretamente do Canadá. Gravamos algumas cenas em Toronto, no Canadá, e ficou show! Esse CD é um manual para dançar. E no Carnaval vou lançar o Camarote do Chá, o primeiro bloco carioca puxado por um baiano. Vou participar de muitas coisas, ensaios de inverno, escolas de samba, baile funk, estou aberto a conhecer e participar de todos os sons.

OF: O que falta ainda consquistar?

N: Não tenho noção. Já conquistei discos de diamante, de platina, já fiz show fora do Brasil. Não sei. Como  bom canceriano, sempre tenho ideias, energia pra cantar, fazer show, agitar a galera. Meu show é importante pois proporciona felicidade, alegria. Num mundo de problemas, confuso e de poucas oportunidades, acho que todos os artistas querem promover a alegria. Sou feliz por fazer parte da alegria, com uma música despretensiosa de discutir o Brasil. Temos que ter tempo pra respirar, se divertir, senão, cai cabelo, estressa, morre mais cedo.

OF: O que curte em relação a música?

N: Tudo (risos). Meu ipod ninguém entende (risos). Tem Jorge Vercilo, Queen, que adoro e tenho toda a discografia, era o grupo que mais usava harmonia. Tem Roberto Carlos, fabuloso, um cara que sabe se ligar nas pessoas; Caetano, Gilberto Gil, Michael Jackson, Sting, The Police. Uma amiga da minha filha, outro dia, estava com a gente no carro e espantou: ‘Nossa, você tá ouvindo Netinho’ (risos), Disse que sim, curto meu som, o que faço de verdade. Amo meu trabalho.

OF: Gosta de ver TV? O que mais curte?

N: Vejo pouquíssimo. Às vezes Jornal da Globo, Programa do Jô, Ana Maria Braga, que tem um astral maravilhoso. Amo Fátima Bernardes. Na TV fechada, assisto Globo News, filmes, séries sobre civilizações antigas. Mas poucas coisas, pois fico mais tocando violão e conversando, saio…

OF: E no cinema?

N: Vou pouco mas amo. Quando vou ver algo fora do Brasil, onde vou mais ao cinema, amo o tamanho da tela, a imagem, a fotografia. Quando gosto do filme assisto mais de quatro vezes, uma para ver, outra para prestar atenção nos diálogos, depois ver a fotografia, os detalhes da foto…

OF: Você curte fotografar?

N: Muito! E só viajo com minha câmera.

OF: Qual livro você leu recentemente?

N: Tem tempo que não leio por não ter um espaço para isso. Mas meu livro de cabeceira é Meu Caminho: O Caminho das Nuvens Brancas, de Bhagwan Shree Rajneesh, que deixou em testamento um pedido para que, quando morresse passasse a se chamar Osho. Nunca gostei de nada antes, mas este livro está sempre na cabeceira da cama.

OF: Netinho sabe cozinhar?

N: Tudo! Cozinho tudo. Fui morar sozinho muito cedo. Sei fazer feijoada, lombo recheado. Gravei uma pauta para o Estrelas (Globo) onde ensino frango cozido no vinho branco, recheado de farofa de banana e calabresa. Uma delícia, que fica marinando no vinho, recheia e põe na grelha para assar.

OF: Qual seu prato predileto?

N: Sou um verdadeiro glutão (risos). Como de tudo, vou a restaurantes e como qualquer coisa. Antes tinha preconceito contra ostras, mas agora adoro. Aprendi até a fazer algumas coisas da culinária japonesa.

OF: Sobremesa predileta?

N: Não como doce nenhum, pode passar o que for na minha frente que não como.

OF: Só os cookies da filhota?

N: Me pegou né? (risos). Mas aí não tem como, é obrigação, pois ela faz para mim! Filha, é filha! (risos).

OF: Seu perfume predileto?

N: Há muito tempo só usava um que saiu do mercado e agora parece que voltou e também voltei a usar, pois ganhei de uma amiga. Gosto muito do cheiro dele. É o Le roy soleil, de Salvador Dali.

OF: O que te atrai em uma pessoa?

N: O  jeito dela. Não resisto a uma pessoa carinhosa, dengosa… Sabe, o canceriano é uma alma materna, que quer cuidar, botar no colo. Quando deparo com dengo, ah, não resisto!

OF: O que falta para o Brasil ser uma parte melhor do mundo?

N: Falta muita coisa. As previsões de que o Brasil é quem vai passar energia para mundo inteiro são fortes. Na Terra, seres divinos vão chegando para consertar os estragos. A mentalidade política está mudando, muitos morreram, outros estão mudando. O homem tem que aprender a ver a Terra diferente. Tem que ver os estragos que já causou, e, a partir disso, buscar um mundo melhor. Através de cobranças das pessoas que votam nos políticos é que tudo se consegue. Falta a consciência dos homens.

OF: Você segue alguma religião?

N: Olha, minha família é toda católica, fui coroinha, ia à missa. Quando meu pai morreu parei de ir, achava que Deus não podia ter me tirado meu pai. Casei em casa, com padre, visitei Roma. Mas acho absurdo aquele tesouro embaixo da terra, absurdo cobrarem pra você visitar as coisas lá. Religião é o que você faz. É a maneira como vê o mundo. Não sigo nenhuma e acho que a católica está caótica, ficou para trás.  Os Papas falam uma coisa, mais para frente mudam para outra. É velha, ultrapassada. Meu templo é minha casa e meu diálogo é direto.

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