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Preta Gil: ‘Quem precisa da Mangueira sou eu’

Gabriela Andrade

Ao ser coroada rainha da mais querida escola de samba do Brasil, Preta Gil tocou em uma ferida que costuma ficar aberta entre presidentes de agremiações e as celebridades que desfilam a frente dos ritmistas, principalmente quando há rompimentos entre as partes: quem precisa mais uma da outra? Ainda nos camarins da bateria comandada por mestre Russo, a cantora deixou bem claro a sua posição.

“A escola não precisa de celebridades. Quem precisa da Mangueira sou eu. E a não a Mangueira de mim”, diz, com a autoridade de quem já conquistou a comunidade do complexo de favelas onde se localiza a escola, ao ponto de ficar grudada com a passista da Mangueira do Amanhã, a pequena Ana Flávia, de 10 anos, até no momento da coroação, que aconteceu às 2h deste domingo, 10, diante de uma platéia calculada em mais de seis mil pessoas.

A nova rainha, que conforme OFuxico adiantou, cumpre seu primeiro compromisso antes de completar um dia de reinado (ela desfila no ensaio técnico da Marquês da Sapucai, que começa às 19h deste domingo), levou para a quadra, em um ônibus fretado, uma legião de amigos. E claro, o namorado, Luiz Oliveira, com quem trocou beijos ardentes e revelou que ele tem uma importância vital em toda essa história de ter se tornado a primeira mulher famosa a ser rainha da bateria da Mangueira.

“O Luís tinha acabado de chegar de Londres e quis vir a Mangueira. Foi no dia 4 de outubro. Aí o Ivo Meirelles (presidente da bateria) me viu na quadra, me convidou para gravar o clipe das chamadas dos sambas-enredos na Globo e hoje estou sendo coroada. Já tive um filho, já gravei um disco, já plantei uma árvore. Então, para me sentir uma mulher totalmente realizada, só faltava virar rainha da bateria da escola do meu coração.”
Ela usou um vestido na cor verde, abaixo dos joelhos e um chalé na cor rosa. Sobre o comprimento do modelito, feito por uma costureira da própria Mangueira, Preta tinha uma justificativa na ponta da língua.

“Estou quebrando totalmente o estereótipo criado sobre a rainha da bateria, que tem que ser uma mulher sarada, gostosona e que usa microvestido. Ao me escolher, a Mangueira provou não ser uma escola preconceituosa. Mas eu me sinto uma gatinha”, brincou.

O presidente da bateria, o cantor e compositor Ivo Meirelles reforçou o comentário de Preta Gil, após a bateria de mestre Russo executar, em ritmo de samba, o Hino Nacional e de uma queima de fogos que durou quase dez minutos. 

“Eu queria uma mulher ousada e inteligente e não uma gostosona. A Preta significa um basta ao preconceito, ao clichê desse estereótipo. Ela pode ser rainha, mestre de bateria, delegada de polícia, enfim, o que quiser, por causa da sua inteligência”, diz Ivo, pouco antes de Preta ser coroada por Fabiana Oliveira, uma ex-princesa e rainha da verde-e-rosa que, além de estar ensinando Preta a sambar como o carioca, está lhe passando alguns truques exigidos pelo posto, como o gestual de quem vai à frente do coração da escola. 
Sempre emocionada, Preta explica o motivo das aulas que está tendo com Fabiana Oliveira.
“Apesar de eu ter nascido no Rio, sambo como baiana, para trás. Então, a Fabiana está me ensinando a sambar como a carioca, para frente e outros macetes que o posto exige.”
A rainha fala ainda da ausência de amigas famosas à sua coroação.

“A Cléo Pires está filmando o Meu Nome Não É Jonny. E a Carolina Dieckmann está em Parati. Mas até o Carnaval elas terão muito tempo para me acompanhar aqui na quadra. E também minhas amizades não são feitas apenas de famosos”, conclui.

 

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