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Professora da primeira versão de Chiquititas torce pelo sucesso do remake

Ag.News

Ao se falar sobre o remake da novela Chiquititas, que já vem sendo gravada pelo SBT, é impossível não vir à memória o elenco original da trama, que ficou marcado por conta do enorme sucesso entre o público infanto-juvenil. Entre os nomes que mais vêm à cabeça está o de Flávia Monteiro, intérprete da doce diretora e professora Carolina.

Na expectativa pelo o que a nova versão do folhetim mostrará, Flávia conversa com O Fuxico sobre a importância do papel em sua carreira, o carinho que ainda recebe daqueles que acompanhavam a história, exinida nos anos 90 e início de 2000, a vida na Argentina (onde Chiquititas era gravada). A atriz ainda fala sobre Manuela do Monte, atriz que viverá sua ex-personagem na regravação. Confira!

O Fuxico – Quais as lembranças mais carinhosas que você tem da época de Chiquititas?

Flávia Monteiro – Nossa, são tantas. Morar e trabalhar fora do meu país, viver outra cultura, ganhar novos amigos, novas experiências e desafios. Ter a possibilidade de eternizar e marcar uma geração com o meu trabalho e de tocar o coração de milhões de pessoas. A nossa função, como artistas, é essa: levar ensinamentos, aprendizados, defender causas, apontar questões e chamar atenção da sociedade e do governo para aquilo que não querem ver, e tudo isso de através do entretenimento.

OF – Qual era a parte complicada de gravar e morar na Argentina?

FM – No início foi complicado devido à língua. Não falava espanhol e se comunicar e se fazer entender, tanto no dia a dia como durante as gravações, exigia muita atenção, receptividade e sagacidade. A diferença cultural também… a forma de viver, trabalhar, de como eles veem as coisas; enfim, tivemos que nos adaptar, nos tornar praticamente cidadãos portenhos. E foi assim que eu vivi durante meus intensos quatro anos na Argentina: Trabalhei, desfrutei, namorei, morei junto, me separei e até um cachorro comprei, um Husky que coloquei o nome de Bulgari e que se tornou o meu grande e fiel companheiro de vida!

OF – Gostava da experiência de cantar em Chiquititas? E de gravar clipes musicais?

FM – Para mim foi a experiência mais interessante, desafiadora e divertida que tive em 27 anos de carreira. Era gostoso e divertido, mas exigia muita disciplina, estudo e dedicação. Ter na parede do meu escritório um Disco de Platina e um Disco de Ouro é emocionante! Não tem preço você ouvir as pessoas cantando suas músicas, dançando suas coreografias e se divertindo. Eu tenho muito orgulho e gratidão por ter trabalhado nessa novela e por ter passado por essa experiência que foi inesquecível.

OF – Ainda mantém contato com os atores ou produção da novela? Com quem? Com qual frequência?

FM – Eu falo com alguns via as redes sociais e às vezes em festas e eventos. Com outros, voltei a trabalhar junto. Mas quem ficou mais próxima de todas e que virou da minha família, e vice-versa, é a Larissa Bracher [intérprete de Cora], minha amiga-irmã e comadre, sou a madrinha do Valentim, seu filho com o Paulinho Moska. E além de tudo é a minha vizinha.

OF – Considera a personagem Carolina como seu papel mais importante ou mais marcante?

FM – Acho que a Carolina tem tanta importância como a Alice do filme A Menina do Lado, que me lançou como atriz em 1988. Foi um filme e um personagem meio transgressor na época. Ficou no inconsciente masculino de muito homem mais velho, por se tratar de uma menina de 14 anos que se apaixonava por um homem de 45, interpretado pelo Reginaldo Farias. Houve muito “zumzumzum” não só pelo filme em si, mas porque eu tinha de fato 14 anos. Quase fui expulsa do meu colégio – que era de padres – e muitas mães queriam me ver longe de seus filhos e filhas, achando que eu era uma ameaça para a sociedade. Foi um filme muito importante naquela época, pois levantou uma questão que o amor não tem idade.

OF – Sente que o trabalho em Chiquititas te abriu mais portas profissionais?

FM – Durante a novela sim, mas depois não. Pelo contrário, fiquei meio rotulada. A novela me proporcionou criar projetos novos vinculados obviamente para o público infantil. O bom de trabalhar para esse público é que o céu é o limite! É um público ainda carente de entretenimentos específicos, que passem mensagens boas de fé, amizade, sonhos, desejos, a bondade versus a maldade e que fala de amor; resgatando e os fazendo viver a verdadeira infância.

OF – Em algum momento te incomodou ficar marcada pela personagem? Você tentou desvincular sua imagem à dela?

FM – Quando um personagem é muito marcante precisamos dar um tempo para o público desvincule nossa imagem daquele papel. Além disso, temos que estar preparados para um próximo trabalho. No caso de Chiquititas, demorou. Só em 2005 que consegui, de vez, desvincular a minha imagem da imaculada Carolina, quando resolvi posar nua para a Playboy. A revista foi um divisor de águas na minha vida, pois em seguida fui chamada para fazer Vidas Opostas, de Marcílio de Moraes, fazendo pela primeira vez uma vilã.

OF – Os fãs que te reconhecem nas ruas fazem referência à personagem ou à novela quando vão falar contigo?

FM – Sempre! E isso não tem jeito de escapar, já que fiz parte durante muito tempo, e de forma marcante, da infância e da adolescência de muita gente. Como artista, fico muito feliz e grata por saber que o meu trabalho marcou tanto uma geração e que consegui, através dele, falar e levar esperança, sonhos e amor. Nunca mais vou me esquecer do dia em que meninos de rua, ao me verem, ficaram enlouquecidos e aos prantos, pedindo para que eu os levasse para o orfanato, pois queriam sair daquela vida. É em situações como esta que podemos ver a força que a nossa profissão tem perante as pessoas e a sociedade. Eu me sinto na obrigação de usar a arte e o poder dos meios de comunicação para defender, alertar e lutar por um mundo mais justo e digno.

OF – Você chegou a ser convidada para estar na nova versão de Chiquititas? 

FM – Não oficialmente até porque estou contratada pela Rede Record. Mas houve várias especulações a respeito. Tenho certeza de que o remake fará um grande sucesso e dará a oportunidade dessa nova geração conhecer, assistir e curtir uma novela infanto-juvenil, que foi de grande sucesso. Mas, mesmo que me chamassem, não aceitaria. Além de estar contratada, paralelamente estou me dedicando a novos projetos, como o documentário da Ana Botafogo que estou produzindo e dirigindo em parceria com Diogo Fontes. É algo novo e ousado em minha vida e uma forma de resgatar o cinema que foi da onde nasci.

OF – Vai assistir à nova versão da novela? O que você espera deste remake?

FM – Claro que vou. Espero que mantenham a magia e a sensibilidade, lembrando que estarão falando e implantando temas, questões e assuntos no inconsciente coletivo das crianças, que absorvem tudo com muita rapidez. Para mim, é fundamental não perderem o lúdico e a alegria que existia.

OF – Acha que a trama poderá ter o mesmo sucesso da primeira versão?

FM – Acho que existe sim a possibilidade de ser outro sucesso. Será uma novela feita aqui no Brasil, pela mesma emissora e, além disso, o público terá a possibilidade de estar mais perto dos atores. Eu não tive essa possibilidade de curtir os fãs mais de perto, por morarmos e gravarmos na Argentina. Essa aproximação só existia quando vínhamos fazer matérias para TV e quando fizemos o show para três mil crianças por quatro dias, tanto no Metropolitan aqui no Rio de Janeiro – atual Citibank Hall -, quanto no Via Funchal, em São Paulo. Hoje em dia também sinto falta de uma novela direcionada para esse público.

OF – As comparações envolvendo a sua interpretação e à da Manuela do Monte são inevitáveis. Tem algum conselho para dar à atriz ?

FM – Tenho certeza de que ela fará bem. Sou uma pessoa que, tudo o que faço e participo, é de forma intensa, verdadeira, visceral e com muito amor. Se são dicas ou conselhos, não sei… Só sei que essa sou eu.

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