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Scarlett Johansson é criticada nas redes sociais por interpretar um homem trans

Divulgação

Não é a primeira vez que a atriz Scarlett Johansson se envolve em uma polêmica com a escolha de seus personagens. Em 2017, a atriz foi escolhida para interpretar Major Motoko na adaptação de Ghost in the Shell. No mangá, a protagonista, assim como as outras pessoas da história, são japonesas. Na época, o Diretor Rupert Sanders foi duramente criticado pela escolha de Johansson para o papel, assim como a atriz, por ter aceitado interpretar a personagem.

Configurando desta forma, o chamado “whitewashing”, que é o nome dado para a prática de substituir e apagar outras etnias com pessoas caucasianas. Casos recentes no cinema como Roonie Mara fazendo uma índia em Peter Pan, Tilda Swinton como um monja tibetana em Doutor Estranho e Emma Stone como filha de asiáticos em Sob o Mesmo Céu terminaram com formais pedidos de desculpas das atrizes, inclusive com Mara declarando que “não quer mais estar do lado errado do debate”

Nos últimos dias, Johansson e o diretor Sanders foram novamente alvo de críticas, desta vez pela escolha da atriz para interpretar Dante “Tex” Gill, gangster e cafetão de salões de massagens ilegais no final dos anos 70, que era um homem trans, no filme Rub & Tug. Após o anúncio da escolha da atriz, se seguiu um verdadeiro levante nas redes sociais de mensagens contrárias a escalação de Johansson para o papel. Ativistas LGBTs demonstraram o desconforto da escolha. Até mesmo entre a classe de atores a noticia não “desceu bem”.

A ativista negra April Reign, que ficou conhecida por lançar a campanha #OscarsSoWhite, contra a discriminação racial no Oscar, resolveu levar adiante a polêmica, ao questionar a escolha em seu Twitter.

“Scarlett Johansson recebeu uma considerável reação negativa por ‘Ghost in the Shell’, quando interpretou uma personagem asiática embranquecida. O filme fracassou. Implacável, agora ela se uniu ao mesmo diretor para interpretar um personagem trans masculino em ‘Rub & Tug’''.

A atriz trans e ativista Jen Richards twitou:

“Quando o mundo deixar de nos ignorar/oprimir/assassinar, mulheres trans devem interpretar mulheres trans, homens trans devem interpretar homens trans, não binários devem interpretar não binários. Se o projeto precisa de uma ‘estrela’ para ser financiado, é sinal de que não é tão bom assim”, opinou Jen.

Trace Lysette, atriz trans e uma das estrelas do programa “Transparent”, comenta:

“Eu não ficaria tão triste se eu estivesse na mesma sala que Jennifer Lawrence e Scarlett por papéis cis, mas sabemos que não é o caso. Vocês não só nos interpretam e roubam nossa narrativa e oportunidades como se parabenizam e se oferecem prêmios e troféus por imitar o que nós vivemos… que distorção. Estou cansada disso, mas nós sabemos que isso não aconteceria. Uma bagunça”, disse se referindo a falta de espaço na indústria.

Já atriz transexual Jamie Clayton, da série “Sense8”, criticou a escolha e ainda falou sobre a falta de representatividade no cinema.

“Atrizes que são trans nunca chegam sequer a ser chamados para testes de qualquer coisa que não sejam papéis de personagens trans. Essa é a questão real. Nós sequer somos consideradas. Escale atores que são trans para viver personagens que não são trans. Eu desafio você a fazer isso, Rupert Sanders”, escreveu ao diretor do longa.

Johansson não fez nenhum comentário público sobre a polêmica, o site Bustle relata que os assessores de imprensa da atriz forneceram uma declaração em resposta:

“Diga a eles que eles podem ser direcionados aos representantes de Jeffrey Tambor, Jared Leto e Felicity Huffman para comentarem.”

Tambor, Leto e Huffman todos interpretaram com sucesso papéis de pessoas trans em, respectivamente o programa de TV Transparent, Dallas Buyers Club e Transamerica.

As filmagens de “Rub & Tug” terá início em fevereiro de 2019. O filme ainda não tem previsão de estreia.

Matéria original do site Empoderadxs, cedida gentilmente para OFuxico.

 

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