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Tony Ramos: ‘As pessoas veem o artista como bicho raro’

Ag.News
Às vésperas da estreia de A Regra do Jogo, novela que ocupa a faixa nobre da Globo, João Emanuel Carneiro contou que havia escrito um papel sob medida para Tony Ramos. E, em entrevista ao jornal Extra, o  experiente ator diz conhecer todas as etapas do arco dramático de Zé Maria até "o final surpreendente, que nem meus colegas sabem". A volumosa barba branca, cultivada a pedido de João, preenche o rosto, marca a feição do bandido, e para além da ficção contorna um sorriso de satisfação.
 
"O meu norte é a abordagem na rua. Outro dia, eu parei meu automóvel para abastecer e todos os frentistas vieram falar: 'Vitória na guerra, irmão'. Comecei a rir porque achei bonito aquilo, aquele bando de homens fazendo e rindo, perguntando quem é o Pai. Meu Deus, que coisa bonita é isso", relata animado. 

Com a propriedade de quem dá corpo, voz e alma ao sujeito, Tony destaca que não sentiu rejeição ao personagem obscuro e sentencia: Zé Maria é um psicopata. Complexo, ele insiste em bradar o amor pelo filho , embora as consequências do sentimento sejam doídas. Nos próximos capítulos, o lutador vai descobrir as mãos sujas de sangue do pai, herança maldita de tantas vidas encerradas por ele, o verdadeiro Monstro da Seropédica. 
 
"Meu personagem não tem arrependimento algum. Ele acredita que está limpando o mundo. É absolutamente doente. E assim eu vou fazendo".
 
Para os momentos em que o integrante da facção criminosa se envolve em brigas, com direito a golpes rápidos e certeiros, Tony tem a ajuda de um coreógrafo específico, orientando-o sobre o movimento a ser executado. Sempre bem disposto, ele lembra que, apesar da barriga saliente, tem boa forma física.
 
"Faço exercícios ao menos quatro vezes por semana. Sem novela, seriam todos os dias. Tenho uma ótima esteira lá em casa, onde eu e Lidiane (mulher do ator) praticamos. Mas também faço levantamento de peso e abdominais. Temos um professor justamente para isso. Tenho essa barriguinha porque eu gosto de comer, mas não vou fazer lipoaspiração", brinca.
 
A conhecida cordialidade de Tony, algo sabido e disseminado, é comprovada por todos. Mas ele faz questão de se retirar do pedestal, mantendo a  simplicidade, lembrando que esta nada tem a ver com subserviência.
 
"Sou um homem muito observador. Eu me irrito muito facilmente com a soberba nas pessoas, com o tom blasé com o qual às vezes me abordam. Aquele nariz empinado quando está se dirigindo a um ator popular, que eu sou e sou feliz em ser. De vez em quando, olham para mim como quem diz: 'Não sei quem você é direito, mas, em todo o caso, te vi em algum lugar por aí'. Coloco a pessoa em seu devido lugar também, sem nenhum tipo de explosão indevida. Pergunto: 'O que você quer saber objetivamente, já que não acompanha tanto as coisas?'. Aí a pessoa se trai. As pessoas veem o artista como bicho raro, mas temos dor de dente, unha encravada, tristezas, angústias, ansiedades",  ressalta.
 
Toni afirma lidar com implicâncias em relação à longevidade do seu relacionamento com Lidiane.
 
"Escuto muito: 'Como é isso daí de manter um casamento de 46 anos'? Parece que gera um incômodo. Não tem isso daí, tem amor, cara pálida. Se você não encontrou o seu, vai buscar. Um dia você acha… Tem gente que é feliz no 12º casamento. Eu fui e sou no primeiro, vou fazer o quê? Ficar escondido debaixo do mato?".

Ao tentar desconstruir a figura solidificada no imaginário popular, o ator confessa ao jornal Extra que é do tipo que fala palavrão.
 
"Claro. Se você quiser eu te dou uma lista de 150. Não vou dar porque não quero que publiquem. Mas conheço todos os palavrões da vida e mais alguns, fora os que faço compostos. Mas não tenho porque dizer isso. Aliás, essa é outra mania infeliz de gente que acha que pode falar tudo agora na TV, esquecendo do público heterogêneo: 'Vai para aquele lugar', ,Vai tomar não sei onde".
 
Sem conta em redes sociais,  o ator enxerga com desânimo certas ações do dia a dia e não se esquiva das belezas que olhos e ouvidos podem alcançar. Ele se emociona com músicas como  Menino da Porteira, cantada por Sérgio Reis, e Nossa Senhora, na voz de Roberto Carlos.
 
"Muitos vão ler isso e dizer: 'Que coisa cafona'. Podem dizer, não tô nem aí, tô nem chorando por causa disso. Uma criança com necessidade, um velho que está abandonado, essas coisas também me emocionam profundamente. O menino refugiado da Síria, morto na praia, aquele corpinho destruído pela intolerância , aquilo vai ficar em mim para o resto da vida. Todo o tipo de ações e pessoas que ignoram as relações humanas… Ignorância é não saber conviver. Isso gera intolerantes, preconceituosos, e isso me faz chorar", conclui.

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