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Vitor Hugo se emociona com seu personagem em José do Egito

Pedro Paulo Figueiredo/CZN

A sensibilidade de Vitor Hugo é visceral. Não é à toa que o ator faz questão de se entregar a qualquer tipo de experiência que enriqueça os personagens que interpreta. Foi assim quando deu vida a um aleijado em Rei Davi e resolveu passar um final de semana inteiro se rastejando para entender a essência do papel. Agora, em José do Egito, buscou o mesmo caminho – o da vivência de uma realidade diferente da sua – para encarnar Judá. Por conta própria, pesquisou msicas judaicas tradicionais, que ficaram armazenadas em seu "pendrive".

"Tenho uma memória musical. Quando escuto uma canção, resgato uma emoção do personagem. A música também foi usada para ajudar a me emocionar em determinada cena", revela.

Além disso, Vitor, algumas vezes, saía de casa de manhã cedo, antes do nascer do sol, para caminhar pela Praia de Grumari, na Zona Oeste do Rio, e buscar a energia de alguém que levava uma vida no deserto.

"Prefiro que as histórias dos personagens me movam, me emocionem e me transformem", filosofa.

Na trama, Judá é um dos irmãos de José, interpretado por Ricky Tavares na fase jovem e por Ângelo Paes Leme na adulta. Ele é o responsável por vendê-lo como escravo no Egito. A atitude é, na verdade, a alternativa que Judá encontra para evitar que José seja morto pelos irmãos, que têm inveja por ele ser o filho preferido de Jacó, de Celso Frateschi.

"Judá percebe que a única forma de convencer os irmãos de não matarem José seria propondo algo que fosse pior que a morte, mas fez isso pensando em preservar a vida do menino", explica ele, que encarna as três etapas de seu personagem na história.

Por isso, é submetido a uma caracterização que o faz aparentar ter 30, 40 e 50 anos.

"Se ver barbado, com aquela roupa joga você em outro lugar e faz a sua voz também descer para um tom mais grave quando se está mais velho. Tudo somatiza, mas são adereços", pontua, antes de acrescentar.

"São coisas que colocam você em um lugar depois que a emoção já se estabeleceu", completa.    

O Fuxico: Algumas cenas de José do Egito foram gravadas no deserto do Atacama, no Chile, onde parte do elenco e equipe ficaram por duas semanas. Como foi a experiência?

Vitor Hugo: O lugar é muito inóspito. A garganta estava sempre seca, os oito litros de água que você bebe em uma hora não matam a sede. Todos estavam o tempo inteiro sorrindo, um acarinhando o outro. Eu tenho filhos e uma paixão que tenho com eles é ler. No Chile, tinham três meninos que faziam meus filhos. Procurei conhecê-los para que eles ficassem bem na hora de fazer a cena, terem confiança em mim e eu ter confiança neles. Cheguei para um dos meninos e falei: "Me conta uma história?". O menino desembestou a falar, contou a história que justificava o terremoto, que justificava o vulcão, lendas do Chile, do deserto. Aí, eu falei das coisas do folclore brasileiro: Saci, Curupira, Mãe D´Água, Boto… No intervalo da gravação, eu ficava nesse processo e ia juntando toda a criançada. Era muito engraçado, todo o elenco em uma tenda e eu em outra, só com as crianças.

OF: Além das suas pesquisas individuais para compor Judá, como foi a preparação que a Record disponibilizou?

VH: A Record nos proporcionou um trabalho com um preparador de cinema e teatro, o Sergio Penna. Ele esteve conosco durante um mês, antes das gravações. Com ele, a gente fez todo um trabalho de postura, de ir ao texto, de discutir conceitualmente as suas crenças e as do seu personagem. E isso abertamente, na frente de todo mundo, para um contribuir com o personagem do outro. Depois, a gente improvisou algumas cenas emblemáticas. Um ensaio sem compromisso, sem regras, sem necessidade de acerto. A Record também montou um acampamento com tendas e nós passamos um dia a dia dos personagens por 12 horas.

OF: Esta é a terceira minissérie bíblica que você faz na Record – antes, atuou em Rei Davi e A História de Ester. Tem sido uma preferência sua fazer parte de projetos desse perfil?

VH: Poder fazer algo que exija mais de mim do que o meu cotidiano supérfluo é algo que me honra muito. Se eu pudesse, ficava só fazendo minissérie. Porque as histórias não têm vazios. Essas histórias permitem um mergulho no humano, independentemente da relação religiosa. Para mim, o grande barato dessas histórias bíblicas é que elas tratam de relação do ser humano. Também por isso que perduram 2 mil, 3 mil, 5 mil anos de histórias, porque mostram o conflito da alma humana. Profissionalmente, me alegra muito poder estar no meio desses trabalhos, fazendo personagens que exijam um processo de reflexão, que me fazem também refletir sobre a pessoa que eu sou.

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