Entrevista às 07:00

Carlos Alberto de Nóbrega revela o choque ao voltar a gravar em tempos de pandemia

Carlos Alberto de Nóbrega sorridente, de short e camiseta, sentado no banco da Praça
Carlos Alberto de Nóbrega sorridente, de short e camiseta, sentado no banco da Praça (Foto: Reprodução instagram)

Por conta da pandemia do novo coronavírus, muitas produções e programas de TV foram pausados, para evitar o contagio da covid-19. “A Praça é Nossa”, do SBT, foi uma das atrações que reprisou programas antigos, até que se pudesse dar continuidade ao trabalho.

Num retorno ainda em meio à pandemia, Carlos Alberto de Nóbrega, que em março deste ano contraiu a covid-19 e ficou internado, conversou com OFuxico e contou sobre as dificuldades que sente nessa nova etapa.

“Ficamos exatos 14 meses sem trabalhar. Difícil isso. Agora no retorno seguimos um esquema de trabalho, gravação, montagem de cenário bem diferentes. Quando voltamos, ficamos todos muito assustados com a doença, tanto em pegar como transmitir”, começou Carlos Alberto.

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CHOQUE

Voltar ao trabalho seguindo regras de segurança e realizando exames, foi difícil para o apresentador. Mas algo causou um choque maior.

“Pra mim o choque foi que durante 34 anos, todas as semanas, os colegas sentam ao meu lado no banco da praça. Coloco meu braço direito esticado, na cabeceira do banco. Dou risada, ponho mão na perna, no braço dos colegas para rir em cena. Voltamos com uma logística bem diferente, pois o protocolo novo é exigente. Temos que fazer testes a cada vez que vamos entrar nos estúdios do SBT, mantemos o distanciamento social de um metro e meio, álcool gel, enfim, tudo de acordo com os protocolos de segurança. Mas o choque maior é não ter ali a plateia, a reação do público que é o que nos move. Decidimos colocar risada eletrônica, para suprir a plateia. Ajuda, mas falta alguma coisa. Os ensaios acabaram, falta aquele calor humano sabe? de estar perto dos colegas, bater papo e almoçar junto toda semana.”

UM BANCO A MAIS

“Tive a ideia de colocar dois bancos na praça, para mantermos o distanciamento necessário nessa pandemia. Então, fico sozinho de um lado e o colega do outro. Quando vem a piada, não temos a plateia reagindo e a minha reação também fica estranha. Como dizia o grande Chico Anysio, ‘o aplauso do comediante é o riso. Isso estranho muito, por saber que também não posso dar um abraço no colega ou rir no ombro dele em cena. E também agora, para gravarmos, entra um participante por vez, não tem mais aquela folia dos bastidores”, lamentou.

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Alguns colegas de trabalho de Carlos Alberto de Nóbrega se contaminaram com a doença. Ele acredita que a contaminação veio de fora, visto os cuidados que todos do SBT têm em relação a testes para detectar a doença.

“Tivemos, nesse tempo, 2 ou 3 contaminados pela covid-19, mas acho que vindo de fora. E quando testaram positivo, dali onde estavam mesmo já voltaram pra casa. Isso foi no primeiro programa. O abraço, isso tudo acabou e aconteceu comigo uma coisa, dentro do ruim, até que bom, que foi quando eu tive a covid-19. Não senti nada, absolutamente. Fiquei internado, porque meu médico sabe que sou hipertenso, diabético e então decidiu me internar por pura precaução. Fiquei internado por 10 dias, tomando minhas medicações e não senti mais nada”, revelou Carlos Alberto.

Questionado sobre sequelas que a doença deixou, Carlos Alberto queixou-se de algumas:

“Agora sinto muito cansaço. Por exemplo, acabo de tomar meu banho, parece que carreguei um piano. Também estou com esquecimento enorme, o famoso ‘branco’, sabe? Isso nunca aconteceu. Nesta quarta-feira (dia 21 de julho) gravo o 8º. Programa, desde que tudo aconteceu. Já estou com texto certo, estou melhorando. Sei que vai chegar uma hora que a gente vai aceitar esse ‘novo novo’. A gente torce pra tudo terminar bem.”

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ELENCO DESFALCADO

Carlos contou a OFuxico sobre os artistas que deixaram “A Praça é Nossa”, por conta de outros trabalhos.

“Quando o Manfrini (Maurício, intérprete do Paulinho Gogó) saiu, foi difícil, porque perdi uma referência do programa. Somos amigos, entendi a posição dele, dei razão, ele foi cuidar da vida dele. Aí depois saiu o Zé Americo. Sabe, quando saem artistas, não temos reposição, não é assim que funciona. É difícil pegar alguém que faça humor. Difícil colocar alguém no bando da Praça e pedir pra que faça graça”.

Carlos afirma que tem “estudado” bons personagens olhando o YouTube.

“Tenho chamado um pessoal que vejo pelo YouTube ou pessoas apresentadas. Existe uma turma muito boa e a reação do público está dando certo.”

HORÁRIO

Sobre horário da atração, Carlos Alberto Acredita que se o programa entrasse no ar mais cedo, aumentaria a audiência, que garante, já ser boa hoje em dia.

“Entramos no ar às 23h. Muita gente pensa que paramos com o programa, mas não paramos, estamos lá firmes e fortes. Fazemos graça até mais de uma hora da manhã, com o programa gravado. Claro que não entrego mais como antes, até por conta dos reality shows da Record. Antes entregava com 9, 10 pontos e agora entrego com 6/7. Mas estamos bem na audiência e se a concorrência ganhou no horário por umas quatro vezes, acho que foi bastante (risos).”

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VERBA MANTIDA

Questionado sobre pedir a Silvio Santos uma mudança de horário para sua atração, Carlos Alberto disse que não vai adiantar e revela que manteve os pagamentos em dia e até aumentou um pouco a verba dos trabalhadores da atração.

“Um horário mais cedo? O Silvio não quer. A TV é dele, aquele ‘brinquedinho’ é dele (risos). Mas sabe, nunca me cobraram nada, ao contrário, sempre tive muita força na emissora. Consegui dentro da crise, após saída do pessoal, manter a mesma verba que eu tinha quando pude contratar pessoas. Acertei aumento, igualdade salarial. A única parte ruim afetada é o psicológico, é não ter o banco dividido de pertinho com o artista, é não ter o público.”

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