Entrevista às 03:10

David Miller, do Il Divo, sobre morte de Carlos Marín: “É um processo”

O grupo multinacional Il Divo
Foto: Divulgação

Com o show de Uberlândia, Minas Gerais, cancelado de última hora – previsto para acontecer na última quinta-feira, 28 de abril, o grupo multinacional Il Divo retorna ao Brasil, oficialmente, neste sábado, 30. Agora com um trio, David Miller, Sebastien Izambard e Urs Buhler estarão em Brasília e no domingo, 1º de maio, desembarcam em São Paulo antes de seguirem para outros países da América do Sul.

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Porém, as mudanças não param somente no imprevisto da agenda. A turnê do grupo foi totalmente reestruturada após a morte de Carlos Marín, em dezembro de 2021. O barítono espanhol não resistiu às complicações em decorrência da Covid-19, tornando-se, infelizmente, mais uma vítima da doença que vem mudando o mundo há dois anos.

Agora, o público recebe os artistas para shows repletos de sucessos desses últimos 17 anos de Il Divo como uma forma de tributo ao legado deixado por Carlos. “Tinha que ser um reflexo do que ele foi para nós e pelo que passamos”, disse David em entrevista ao OFuxico.

O papo aconteceu por videochamada. Era a minha primeira conversa profissional em inglês, o que contei a David e ele, simpático, me tranquilizou. Até arriscou um português quando perguntei se estava “tudo bem”, mas logo retornamos para o inglês, sua língua nativa. “Falo francês, italiano, um pouco de espanhol, mas o português, sem chances”, afirmou, rindo.

Contudo, assim que começamos a falar a respeito de Marín, o tom mudou, claro. Ainda lidando com o luto, já sentindo-se mais curado, a emoção e admiração eram muito visíveis. “É um processo. Foi muito difícil quando tentávamos entender o que havia acontecido”, falou, suspirando em seguida. “Parecia que o nosso mundo havia desmoronado. Fomos muito vitoriosos em tê-lo conosco.”

Na sequência, Miller explicou um pouco sobre os primeiros momentos após a partida do amigo e companheiro de carreira.

No início, pensamos: ‘como fazemos isso? Vamos rearranjar as músicas?’. E nenhum de nós poderia fazer o que Carlos fazia, não temos a qualidade dele e nossas vozes são muito específicas. Sabíamos que era impossível seguir em frente sem alguém como ele.

Passado o choque, David, Sebastien e Urs começaram a colocar a cabeça no lugar. Retornaram à estrada e conheceram Steven LaBrie, que logo viu-se como um suporte musical no palco e colega dos rapazes. “Não é uma substituição do Carlos. Isso seria impossível! É a nossa forma de homenagem”, David pontuou, enfático.

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De acordo com o tenor, a setlist está, ainda, recheada de canções importantes, sucessos que fizeram e fazem parte da história do grupo, capazes de explicarem o carinho entre Il Divo, Carlos Marín e público.

“No início desta turnê, não houve um show que um ou mais de nós não caísse em lágrimas”, lembrou, sério. “Com o tempo, cada apresentação passou a ser um pouco mais fácil”, seu semblante ficou mais relaxado. “Estamos nos curando. Mas a cada apresentação é um público diferente, então vemos que as pessoas estão sentindo a dor dessa perda.”

Estamos com eles [os fãs] e criamos um espaço seguro para eles e seus sentimentos. Somos uma comunidade.

MUNDO MODERNO

Conforme a fluidez da conversa, perguntei a David como ele se sentia a respeito do universo digital e redes sociais em relação ao trabalho com a música, que mescla o clássico com o pop assim como Il Volo.

Ao citar o TikTok, onde diversas canções se popularizaram (“Envolver”, de Anitta, ou “abcdefu”, de Gayle), Miller riu e confessou não saber usar a ferramenta muito bem. Porém, gosta de passar o tempo lá, é a sua “distração favorita” pelos vídeos voltados ao humor. Em seguida, assumiu a feição tranquila e a voz serena novamente.

“Por um lado, creio que é uma grande bênção, para nós, termos a chance de nos comunicarmos cara a cara mesmo que por uma tela – e é claro que as redes sociais vieram para ficar. Mas, por outro lado, os microfones do meu computador não vão me dar a experiência completa de star em uma casa de show, por exemplo, sabe?”

E continuou: “Toda aquela cantoria, orquestra chegando até mim, de uma só vez, e me envolvendo com emoção…As redes sociais, o meio digital não podem competir com isso. Mas é claro que há o seu espaço, e tenho as minhas redes sociais.”

FAMA

Ao final, o reconhecimento mundial veio à tona, apesar de não ter passado pela mente do, até então, quarteto. Cantores solos, David, Sebastien, Urs e Carlos passaram nas audições de Simon Cowell, que almejava criar um grupo com alma clássica e presença pop.

“Nunca imaginávamos conquistar todo esse público. E foi assim até o lançamento de nosso primeiro álbum”, o tenor, com a Broadway no currículo, confessou, citando o disco homônimo de 2004.”Então veio o segundo álbum [‘Ancora’, 2005], depois saímos em turnê e pensei: ‘é assim que vai ser para o resto da minha vida?’ [risos]”

Miller reforçou que o sentimento da juventude no mainstream permanece. “Ainda é surpreendente! Toda apresentação é assim, lidamos como se ninguém nos conhecesse e/ou tivesse escutado o Il Divo antes. Então, temos que dar 100% de nós toda vez. Porque deve haver fãs nas primeiras fileiras dos shows, porém, e as pessoas no mezanino? Nem devem saber quem somos, por isso temos que ter certeza que virem fãs também.”

Para fechar a pergunta, ele brincou, rindo em seguida: “Bom, nunca pensamos nisso [fama] até que as pessoas façam esse tipo de pergunta.”

Encerrando, David agradeceu pelo papo, soltou um obrigado quase sem sotaque algum e deixou claro: “[Il Divo Greatest Hits] É uma turnê muito especial, emocionante… A mais emocionante que já fizemos. E é, também, surpreendente. Esperem um convidado especialmente pensado para o Brasil!”

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