LGBTQIA+ às 17:10

Marco Pigossi sobre se assumir homossexual: ‘Me sinto invencível’

marco pigossi em foto preta e branca com mãos juntas próximas ao rosto
Reprodução/Instagram @marcopigossi

Marco Pigossi quebrou a web ao assumir relacionamento com o cineasta Marco Calvani em novembro e, desde então, tem demonstrado estar cada vez mais feliz em assumir publicamente a sua homossexualidade, conforme ele relatou em entrevista a João Batista Jr da Revista Piauí. Porém, durante a entrevista, ele também relatou as dificuldades que teve em se aceitar, a começar desde pequeno: “Na minha pré-adolescência, lembro que nunca tive um amigo, um vizinho, um primo ou um tio homossexual, pelo menos assumidamente. Nenhum gay frequentava a casa dos meus pais, em São Paulo. Então, quando comecei a perceber minha orientação, achei – ou quis achar, na verdade – que se tratava de algo passageiro.

“Eu não tinha referência alguma no meu convívio e, quando assistia à televisão, nada servia como alento. Nas novelas ou nos programas de humor, quase sempre os gays eram retratados de forma caricata, pejorativa. Então, me sentindo solitário e sem amparo, me restava torcer para que fosse apenas uma fase”, contou Pigossi, que decidiu estudar teatro por ser uma “rota de fuga” e um espaço na qual pudesse ser o que ele quisesse.

Todavia, ele depois se viu freado a assumir o que sentia por conta da fama: “Depois de interpretar alguns personagens secundários na TV Globo, consegui finalmente um papel de destaque em Caras & Bocas, do Walcyr Carrasco. A novela foi ao ar em 2009, e meu personagem, o Cássio, era um gay afeminado que falava o bordão ‘fiquei rosa chiclete’, como sinônimo de ‘estou passado’”.

A frase caiu no gosto do público. O personagem e a própria novela fizeram um tremendo sucesso. Na minha cabeça, não havia nenhuma margem de chance para eu me assumir. Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática”.

RELACIONAMENTOS PÓS-FAMA

Em meio à entrevista, Marco Pigossi desabafou sobre os relacionamentos que teve e acabou escondendo: “Nos meus doze anos de vida pública, mantive um relacionamento com um homem que durou oito anos. Vivíamos juntos no mesmo apartamento. Hoje, olhando esse passado, me dou conta de que vivi situações absurdas”.

“Em passeios nos shoppings, por exemplo, sempre que eu encontrava um conhecido por acaso, meu namorado automaticamente seguia andando para me proteger, como se eu estivesse sozinho. Ele via o tamanho do meu desespero”, continuou ele.

A paranoia fazia com que uma simples ida ao cinema com meu companheiro, algo trivial na rotina de um casal, fosse precedida de muita angústia. Eu pedia para amigos irem conosco, só para evitar que eu fosse visto sozinho na companhia de outro homem. Era um conflito interno constante: eu não podia deixar o medo me vencer, eu tinha que ir ao cinema, mas, ao mesmo tempo, sentia um pânico de ser descoberto gay.”

SE AFASTANDO DO PAI

Nesse meio tempo, Marco Pigossi acabou se afastando do pai, pois o patriarca votou em Jair Bolsonaro, que abertamente faz falas LGBTfóbicas, assim como outras racistas e machistas.

“Meu pai votou em Bolsonaro. Durante os oito anos do meu namoro com um homem, minha família sempre soube. Mas meu namorado e eu nunca jantamos com meu pai, que jamais perguntou sobre meu relacionamento. Meu pai e eu tínhamos o hábito de pilotar moto. Juntos, chegamos a viajar de São Paulo à Patagônia, percorrendo mais de 5 mil km”, explicou.

“Mas, apesar da proximidade física nas viagens, sempre houve um abismo. Minha vida amorosa era um não assunto. E, quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda, uma tristeza profunda. Afinal, Bolsonaro era o sujeito que dissera preferir um filho morto a um filho gay. Que gay é resultado da falta de surra. Que não é bom alugar uma casa para um gay porque desvaloriza o imóvel”, contou ele.

Sempre tive dificuldade de entender como um pai escolhe votar num político que insulta seu próprio filho de modo tão visceral. Meu pai e eu ficamos sem nos falar durante o ano da eleição – e até hoje temos contatos apenas esporádicos”.

“O abismo, que já era grande, tornou-se ainda maior. Meu pai é um cara afetivo, sensível. Sou o primeiro gay com quem ele lida. Pouco a pouco, espero que ele aprenda a lidar com naturalidade”, revelou Marco Pigossi.

ATUAL RELACIONAMENTO

Por fim na entrevista, Marco Pigossi contou como ele e Marco Calvani se conheceram e passaram a namorar: “Tudo isso aconteceu depois de Provincetown, onde ocorreu outro encontro: ali, conheci o Marco Calvani, o cineasta italiano por quem me apaixonei. Estamos juntos há um ano e meio. Foi Marco que, no feriado norte-americano de Ação de Graças, postou uma foto nossa de mãos dadas. Ele me avisou antes. Eu topei, mas senti uma certa apreensão. Qual seria a reação das pessoas?”

“Ele postou, e ficamos esperando. Começaram a pipocar alguns comentários na rede. Então, decidi repostar a foto com um stories na minha própria rede. Escrevi ‘choca zero pessoas’ para tirar onda com os comentários do tipo ‘ah, mas eu já sabia’. Postei e fiquei com um frio na barriga. Logo comecei a receber muitas, muitas mensagens de amigos, de colegas de trabalho, de fãs”, declarou.

“Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário. Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira”, pontuou.

Bolsonaro trouxe uma onda de ódio inacreditável, mas o efeito colateral foi fortalecer todos nós, gays. Naquele feriado, as respostas foram um alento imenso, o acolhimento de um mundo inteiro. Marco e eu convidamos uns amigos para comemorar. Tomei um porre. E hoje me sinto invencível”, concluiu Marco Pigossi.

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