Morte às 13:25

Ana Maria Braga quebra protocolo e homenageia Jô Soares

Ana Maria Braga e Jô Soares em entrevista
Jô Soares eragrande amigo de Ana Maria Braga (Reprodução/Instagram)

Ana Maria Braga interrompeu o programa gravado do “Mais Você”, da TV Globo, já que estaria de folga nesta sexta-feira, 5 de agosto, para homenagear o amigo e colega Jô Soares, que morreu nesta madrugada.

A apresentadora da Rede Globo correu para os estúdios e fez uma interrupção ao vivo, em uma aparição relâmpago para homenagear seu querido amigo. Ana começou dizendo que não poderia deixar de prestar suas condolências para alguém tão querido como ele:

“Você viu aí que o nosso programa estava gravado com a semifinal do reality, mas agora a gente está ao vivo porque eu não poderia deixar de vir aqui e prestar a nossa homenagem ao grande amigo Jô Soares. Porque sem o Jô, o Brasil fica mais triste. Jô era um ícone do humor, do teatro, da teledramaturgia, da literatura, das artes plástica, da música. Ele nos deixou nesta madrugada, aos 84 anos de idade. Jô estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e o anúncio da morte foi feito pela Flavinha, a quem eu mando um beijo, a ex-mulher e grande amiga de vida”

Ana Maria relembrou que a saudades será eterna, que o seu perfume estará marcado, e falou sobre sua irreverência e genialidade:

 “Jô nos deixará uma enorme saudade, saudade da genialidade, dos personagens marcantes, das risadas e de tudo o que ele representou. Eu queria confessar que, na verdade, eu conheci o Jô muito antes de chegar aqui na Globo. Eu tive a felicidade de ser contratada naquela leva quando o Jô voltou para a Globo, e eu estava vindo de outra emissora, e eu já era amiga dele há mais de 10 anos, eu tive o privilégio enorme de poder conviver com ele. A gente formou quase que um time ali, a minha produção era bem ao lado da produção do Jô, e a gente se encontrava nos três dias que ele vinha aqui para gravar o programa. Ele gravava o programa no final da tarde, e eu chegava muito cedo e era a hora de eu sair já, a gente se encontrava ali no horário de uma saída e de uma entrada. Uma das coisas que mais me marcava era que quando eu saia daqui, eu levava o Jô junto comigo por conta do grande abraço que eu recebia dele e o beijo que ele não dispensava. E eu levava ele comigo porque ele era um dos homens mais cheirosos do mundo! Então eu saia com o perfume do Jô e sempre me acompanhava, eu ia embora com aquele perfume. Um presente ter convivido com ele. Ele está ao lado do filho e ouvindo as gargalhadas do Bira”

REDES SOCIAIS

Antes da quebra de protocolo, Ana publicou em suas redes uma mensagem sobre a dor da partida de Jô, com uma foto em um momento de entrevista do “Programa do Jô”

“Eu tive a honra de conhecer e conviver com esse jornalista e humorista tão talentoso e querido de todos nós. Hoje o dia amanheceu mais sem graça. Vá em paz meu amigo!”

MORTE DE UM GÊNIO

Morreu na madrugada desta sexta-feira, 05, aos 84 anos, de causa não divulgada, o escritor e humorista Jô Soares. O artista carioca de 84 anos estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo desde o último dia 28 de julho. 

Nas redes sociais, amigos e fãs lamentaram a morte do “gordo mais amado do Brasil”: “O Brasil perdeu hoje um artista único, um comediante que amava seu ofício acima de tudo, um ator fora de série. Um entrevistador brilhante. Um cidadão que amava seu país e seus amigos. Jô Soares, obrigada por tanto!”, escreveu Zélia Duncan

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Ana Maria Braga lamentou a morte do artista: “Eu tive a honra de conhecer e conviver com esse jornalista e humorista tão talentoso e querido de todos nós. Hoje o dia amanheceu mais sem graça. Vá em paz meu amigo!”, escreveu a loira.

Consternada, Adriane Galisteu agradeceu ao humorista por sua contribuição à arte e pela amizade que mantinha com ele: “Meu Deus o mundo sem você…. Meu amado amigo, diretor, conselheiro, vizinho que tristeza… você sempre foi cercado de amor e sempre será assim! Vou seguir te aplaudindo e através de suas obras aprendendo com você! Obrigada por tantas risadas, tantas conversas por todos os ensinamentos”. 

O enterro e velório de  serão reservados à família e amigos 

INÍCIO DA CARREIRA 

Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares, mudou-se com a família aos 12 anos, para a Europa. Poliglota, chegou a pensar em seguir a carreira diplomática, mas seu fascínio pelo teatro falou mais alto, ainda nos anos em que estudava na Suíça. 

Sua estreia se deu no papel de um americano em “O Homem do Sputnik”, filme de Carlos Manga estrelado por Oscarito, em 1958. No mesmo ano, escrevia para o TV Mistério, programa da TV Continental, dirigido por Adolfo Celli, com Paulo Autran e Tônia Carrero no elenco.  Na TV Rio, atuou no programa “Noites cariocas”. Também nesta época fez participações na TV Tupi.

Jô Soares começou a trabalhar na TV Record, em 1961, em São Paulo. Além de escrever o “Simonetti Show”, atuava em programas como o “La Reuve Chic”, “Jô Show”, “Quadra de Azes” (ao lado de Zilda Cardoso, Darlene Everson e Cauby Peixoto), “Show do Dia 7” e “Você é o Detetive”. 

Ele também interpretou o mordomo de ‘A Família Trapo”, seriado que escrevia com Carlos Alberto de Nóbrega

ASCENSÃO NA TV GLOBO 

Com Renato Cortes Real,  protagonizou, a partir de 1970, o “Faça Humor, Não Faça a Guerra”, programa que marcou sua estreia na Globo. A dupla também escrevia o programa, ao lado de Max Nunes, Geraldo Alves, Hugo Bidet e Haroldo Barbosa. Nele, o artista interpretou tipos como Norminha e Padre Thomas. 

O “Faça Humor, Não Faça a Guerra” foi substituído por “Satiricom”, em 1973. Três anos depois, o humorista atuou como ator e redator, novamente com Max Nunes e Haroldo Barbosa em outro grande sucesso da Globo, o “Planeta dos Homens”, que ficou no ar até 1982. 

Jô Soares dividia a cena com grandes nomes do humor, como Agildo RibeiroPaulo Silvino, Luís Delfino, Sonia Mamede, Berta LoranCostinhaEliezer Motta e Carlos Leite. 

O comediante criou para o programa personagens como o Dr. Sardinha (inspirado no economista Delfim Netto, então ministro da Agricultura); Sebá, cognome Pierre, o último exilado em Paris; e o argentino Gardelón, famoso pelo bordão “Muy amigo!”.

Jô Soares deixou a equipe de “Planeta dos Homens” em 1981 para se dedicar a seu próprio programa, o “Viva o Gordo”, escrito por Max Nunes, Hilton Marques, Afonso Brandão e José Mauro, que foi exibido até 1987. 

O título veio do show “Viva o Gordo e Abaixo o Regime!”, um grande sucesso do teatro no qual o humorista fazia críticas veladas à ditadura. Entre os tipos marcantes que viveu nessa época, estão o Reizinho, sempre às voltas com os problemas do reino, uma sátira à situação política do país; o Capitão Gay, super-herói homossexual que usava um uniforme cor de rosa e andava sempre acompanhado de seu ajudante Carlos Sueli (Eliezer Motta); e o Zé da Galera, que ligava para o técnico da seleção brasileira de futebol e pedia “Bota ponta, Telê!”. 

Simultaneamente ao trabalho no “Viva o Gordo”, Jô Soares apresentava um quadro no “Jornal da Globo” e, em 1983, fez uma participação especial no musical infantil “Plunct, Plact, Zuuum”. 

SBT

Em 1987,  deixou a Globo e foi trabalhar no SBT, onde estrelou o humorístico “Veja o Gordo” e realizou um sonho que acalentava há anos: apresentar um programa de entrevistas inspirado nos talk-shows americanos, o “Jô Soares Onze e Meia”. 

“Não foi uma mudança radical, mas uma continuação do meu trabalho de humor e também de jornalismo. Trabalhei no jornal Última Hora durante quatro anos, escrevi na Folha de S. Paulo e na revista Veja. E tem um lado de entrevista irreverente que só eu posso fazer, com os políticos”, disse ele ao “Memória Globo”. 

Ao longo dos 11 anos em que o programa ficou no ar,  fez mais de seis mil entrevistas, com grandes personalidades brasileiras e internacionais – como o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev e Bill Gates, fundador da Microsoft – e figuras anônimas. E durante o processo do impeachment do presidente Fernando Collor, o “Jô Soares Onze e Meia” funcionou como uma espécie de tribuna popular, com o apresentador entrevistando alguns dos principais implicados e testemunhas do caso.

BEIJO DO GORDO

Em 2000, o humorista voltou à Globo, comandando o “Programa do Jô”, um talk-show na mesma linha do “Jô Soares Onze e Meia”. 

A atração ficou 16 anos no ar e contava com a participação do Sexteto, grupo formado pelos músicos Derico (sax), Bira (baixo), Miltinho (bateria), Tomatti (guitarra), Chico Oliveira (trompete) e o maestro Osmar (teclados), além do garçom Alex. 

Durante os Jogos Olímpicos de 2000, o “Programa do Jô” foi transmitido direto de Sydney, na Austrália.   

Em agosto de 2008, Jô Soares comemorou 20 anos de talk show com entrevistados especiais, entre eles Caetano Veloso, que ainda cantou alguns de seus sucessos.

Também foi exibida uma edição com as melhores entrevistas feitas com anônimos: até aquele momento, cerca de 490 mil pessoas haviam participado da plateia dos programas, mais de 4 mil musicais foram apresentados e, aproximadamente, 4 milhões de e-mails recebidos pela produção.

Dois anos depois, em homenagem aos 10 anos de programa, Jô Soares comandou um especial com a nova geração do humor brasileiro. Em uma mesa redonda, ele recebeu Leandro HassumMarcelo Adnet, Bruno MazzeoDani CalabresaDadá Coelho e Flávia Garrafa

Outra conversa marcante em sua trajetória na Globo foi com o cantor Roberto Carlos. Em uma rara entrevista, o Rei falou sobre suas manias. E cantou uma das músicas preferidas do humorista: Estrada de Santos. A entrevista foi exibida em setembro de 2011.

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