Morte às 07:02

Morre Lizzie Bravo, única brasileira que cantou com os Beatles

Lizzie Bravo em um estúdio de gravação
Foto: Reprodução/ Instagram @lizzie_bravo

A cantora carioca Lizzie Bravo, de 70 anos, não resistiu a problemas cardíacos e morreu na segunda-feira, 04 de outubro, em casa, em sua cidade natal. A veterana se recuperava de uma internação.

Artista de expressão internacional, ela foi a única brasileira a ter gravado uma música com os Beatles. Em 04 de fevereiro de 1968, ela se uniu aos quatro de Liverpol na faixa “Across The Universe”, do disco “Let It Be”.

Como fotógrafa, Lizzie registrou parte da história da MPB em imagens que foram parar nas contracapas e encartes de álbuns de Joyce Moreno e Tavito.

A morte da artista foi confirmada nas redes sociais por sua única filha, a também cantora Marya Bravo fruto do casamento de Lizzie com o falecido cantor e compositor Zé Rodrix, com quem ela foi casada entre 1970 e 1972. Lizzie, aliás, foi a “esperança de óculos” descrita na letra da canção hippie “Casa no Campo (Tavito e Zé Rodrix).

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A FÃ QUE SE TORNOU PARCEIRA MUSICAL

Elizabeth se tornou Lizzie em 1965 ao ouvir John Lennon cantar “Dizzy, Miss Lizzy” no quinto álbum dos Beatles, “Help!” (1965). Na época, aos 17 anos, ela já estava há quase um ano em Londres. E por vários dias foi à porta do estúdio Abbey Road.

Até que num domingo de frio, Lizzie estava dentro do prédio que abrigava o estúdio ao lado de outras poucas beatlemaníacas, quando Paul McCartney perguntou se alguma delas sustentava nota aguda.

Assim ela fez um dos vocais que encorparam a gravação de “Across The Universe”, música inicialmente arquivada pelos Beatles que somente ganhou o mundo quase dois anos após o registro original ao ser apresentada no álbum coletivo beneficente No one’s gonna change our world, editado em dezembro de 1969.

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Lizzie cantou com John, com Paul e se eternizou na história da música pop pela aventura narrada em detalhes no livro Do Rio a Abbey Road (2015), esgotado em 2017 e com ampliada segunda edição programada para este ano de 2021, além de ainda inédita edição em inglês.

Além da gravação com o quarteto britânico, Lizzie foi uma vocalista requisitada para os estúdios de gravação e teve sua voz perpetuada em discos da nata da MPB, entre eles Alceu Valença, Alcione, Caetano Veloso, Djavan, Egberto Gismonti, Elba Ramalho, Ivan Lins, Joyce Moreno, Maria Bethânia, Maria Creuza, Milton Nascimento, Roberto Carlos e Zé Ramalho.

LIZZIE CONTOU COMO FOI SUA AVENTURA BEATLEMANÍACA

Em um relato em primeira pessoa, feito à revista Claudia, a cantora relembrou detalhadamente como foi seu “dia de princesa”, realizando o sonho de cantar com seus ídolos.

“Minha amiga Denise e eu fomos para Londres no começo de 1967 como presente de 15 anos. O intuito da viagem era conhecer os Beatles, e tive tanta sorte que vi os quatro Beatles, seu empresário Brian Epstein e o “roadie” Mal Evans no mesmo dia que cheguei, 14 de fevereiro de 1967”, disse, inicialmente.

“Eles estavam saindo dos estúdios da EMI em Abbey Road, depois de mais um dia gravando o que viria a ser o LP ‘Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band’. Denise tinha chegado pouco antes e já sabia de tudo, onde moravam, onde gravavam, e isso foi fundamental para mim!”, continuou.

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“Ela voltou pro Rio depois das férias escolares, mas eu fiquei. Fascinada com a possibilidade de ver meu ídolo John Lennon e seus companheiros quase todos os dias entrando e saindo dos estúdios, passei poucas e boas em diversos trabalhos de faxineira (menina de classe média, que jamais tinha feito uma cama…) para continuar em Londres, já que meus pais disseram que não me mandariam mais dinheiro, que querendo que eu voltasse (depois mudaram de ideia…). Os Beatles eram muito simples e acessíveis, de uma forma que acho que deve ser difícil para os jovens de hoje entenderem, já que as coisas mudaram tanto quando se trata de gente famosa. Eles conversavam com a gente, posavam para fotos, davam autógrafos, recebiam as flores e presentes que levávamos pra eles”.

“Poucos dias antes de completar um ano na cidade, fui convidada por Paul para cantar os vocais numa composição do John, “Across the Universe”. Levei comigo uma amiga inglesa, Gayleen, que esperava por eles do lado de fora comigo. Umas duas horas dentro dos estúdios, com os quatro Beatles presentes, o produtor George Martin e os ajudantes Mal Evans e Neil Aspinall. Cantei primeiro no mesmo microfone com meu ídolo John, depois com Paul. Foram momentos no Beatle-paraíso! Ambas estávamos acostumadas a vê-los com frequência, portanto ficamos bem confortáveis ao lado deles, rindo das palhaçadas, aproveitando cada minuto. Quem diria, uma menina carioca gravando com a maior banda de todos os tempos!”, contou.

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