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Cacá Rosset faz peça sobre condições trabalhistas nas fábricas da Apple

Ag.News e Divulgação

O ator e diretor Cacá Rosset está em fase de montagem de mais uma peça. Ele trará para o Brasil o texto Agonia e Êxtase de Steve Jobs, do dramaturgo americano Mike Daisey.

Em conversa com O Fuxico, Rosset contou sobre o tema que faz as pessoas pensarem no amor que sentem pela tecnologia e no custo humano que muitas vezes isso acarreta.

“É uma peça que discute o papel da tecnologia no mundo contemporâneo  e o custo humano que se paga para ter os produtos da Apple, que utiliza fábricas chinesas com condições terríveis para os operários, como a Foxconn no sul da China”, disse.

O texto está sendo traduzido pelo próprio Cacá, que vai interpretar o autor da história, coontando tudo que viu e se surpreendeu a respeito de uma de suas paixões: a Apple.

“É uma discussão da vida contemporânea pela qual que somos obcecados. O Mike se coloca como um obcecado, sobretudo, pelos produtos Apple. Um dia, ele vê a foto da fabrica deles na China, onde os produtos  são feitos e fica chocado, pois é fã incondicional e jamais imaginaria que produtos avançados e tão tecnológicos fossem produzidos de maneira tão primitiva. Ao todo, são 400 mil funcionários. Mike fez uma viagem para sul da China e começou a constatar as condições do lugar onde há até criança trabalhando. Em 2010/ 2011, acho que todos se lembram, houve uma onda de suicídios, e o curioso é que todos aconteciam no mesmo padrão: os operários se atiravam de seus prédios. A resposta corporativa da Foxconn foi instalar redes de proteção, dessas que usamos em apartamentos para proteção de crianças, no primeiro andar do prédio. Foi no mínimo patético”, fala Rosset.

Questionado se tal assunto não poderá causar certa intolerância do público, Cacá afirma que, na verdade, não é um texto que vai contra a empresa, mas sim, que traz toda uma discussão de um assunto que gira em vários outros meios de trabalho.

“Toda discussão não é anti-Apple,  na verdadeesta empresa é uma metáfora. Esse é um modo de discutir como a tecnologia está impregnada em nosso cotidiano profissional, afetivo, comunicativo. Qual o custo humano que estamos dispostos a pagar por tudo isso?  Não tem tom panfletário do tipo “Joguem seus IPhones no lixo”, não é isso. É, sim, uma reflexão dessa contradição que está presente em nossa sociedade. O nome Apple serviu pois Mike é aficionado pelos produtos deles. Mas há outras empresasm grandes ou pequenas, que fazem esse tipo de trabalho, lembro-me das denúncias que surgiram, tempos atrás, contra a Nike, a Zara, falando que usavam trabalho escravo. Há ainda as pequenas confecções, por exemplo, que usam mão de obra boliviana e isso também é escravizar.

A estreia do espetáculo ainda não tem data marcada, pois Cacá Rosset está em fase de tradução de todo o texto. 

“Ainda estou fazendo toda a tradução do texto. O Mike Daisey me cedeu os direitos autorais e estou trabalhando com isso. Já tenho boa parte traduzida e acredito que devo estrear no segundo semestre, em um espaço mais intimista pois o monólogo e quase um depoimento-conferência e também um pouco provocativo. Não aponta o dedo na cara da plateia e sim mostra como Mike, um aficionado pela Apple, descobriu tudo isso.”, finaliza.

Cacá tem apresentado o espetáculo Ornitorrinco Canta Brecht e Weill, ao lado da cantora lírica Cida Moreita e do ator Antônio Carlos Brunet, em comemoração aos 35 anos do grupo Ornitorrinco.

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