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Cenografia de Balacobaco explora o perfil dos personagens nos ambientes

Luiza Dantas/ Carta Z Notícias

Elaborar a cenografia de uma novela demanda tempo. Dependendo do que a trama exige, pode chegar a seis meses entre a concepção e a realização dos cenários. Mas a equipe de Balacobaco precisou ser bem mais ágil. Com a decisão da Record de encurtar Máscaras devido aos baixos índices de audiência, o folhetim de Gisele Joras iniciou sua produção às pressas. Com isso, o diretor de cenografia Daniel Clabunde e a cenógrafa Fabiana Massariol, juntamente com seus assistentes, tiveram apenas três meses para idealizar a cidade cenográfica, 40 cenários e concluir boa parte deles antes da estreia do folhetim.

"A gente teve um prazo mais curto que nas outras vezes, mas sempre procurando fazer o trabalho da melhor qualidade possível", avalia Daniel.

Para suprir as necessidades com mais velocidade, foram contratados profissionais terceirizados.

"Na equipe dessa novela, tenho 12 pessoas fixas. Chamei umas seis de fora que atendem ao mercado no sistema de produção independente", explica.    

Para criar a cidade cenográfica de quase 3 mil m que representa o Catete, bairro antigo da Zona Sul do Rio de Janeiro, a equipe fez uma pesquisa intensa no local. Como a ideia da cenografia não é fazer uma cópia fiel, foi preciso observar as principais características da região e trazer algumas delas para a novela. Como, por exemplo, a arquitetura eclética do final do século XIX que foi se deteriorando pela falta de preservação adequada.

"O Catete tem uma arquitetura que, infelizmente, sofreu transformações. Dá pena ver um prédio bacana, com estilo colonial que tem uma porta cortada para entrar uma loja no meio", lamenta Daniel. "Tudo isso a gente observou para trazer para a nossa cidade, essa mistura da arquitetura antiga com a nova, que entrou sem critérios de preservação", acrescenta.

Entre os 40 cenários que aparecem do início ao fim na trama, Daniel destaca a casa de Eduardo, protagonista de Victor Pecoraro, e a das gêmeas vilãs Dóris e Diva, interpretadas, respectivamente, por Roberta Gualda e Bárbara Borges. Os dois ambientes retratam o perfil desses personagens, que são bem diferentes. A casa de Eduardo é bastante elegante e clean, com objetos decorativos de madeira e quadros na parede. Já a moradia das irmãs faz o estilo bagunçada e com excesso de informação visual.

"Para cada cenário, a gente procura assumir uma personalidade", explica ele, que também enxerga peculiaridades na casa de Arthur e Lígia, vividos por Luiz Guilherme e Lu Grimaldi.

Os dois são um casal rico e a mulher herdou móveis antigos da família. Em contrapartida, o apartamento é contemporâneo, o que exigiu um cuidado maior da equipe de cenografia para buscar um equilíbrio no ambiente.

"A questão desse cenário foi conseguir adequar a arquitetura moderna aos móveis mais antigos para não ficar uma coisa pesada", ressalta.             
 

Com um orçamento em torno de R$ 5 milhões para a implantação dos cenários e da cidade cenográfica, Daniel reutiliza bastante material de produções passadas. Como as estruturas são montadas e desmontadas diariamente, algumas coisas acabam se deteriorando.

"Mas quando termina uma novela, a gente faz uma seleção do que é possível reaproveitar. Guardamos no nosso acervo para, quando surgir a necessidade, darmos uma mexida e a peça ficar nova", conta.

A tecnologia também está a favor do trabalho da cenografia. O processo de criação e desenvolvimento de algum objeto ou cenário é todo computadorizado. Assim, com a máquina de recorte eletrônico é possível dar diversos formatos à madeira mais rapidamente. Além disso, há algum tempo, a equipe de cenografia passou a usar o MDF, que é uma madeira processada bastante explorada no setor mobiliário.

"A madeira é triturada, vira uma pasta e aquela pasta é prensada. Você tem uma lâmina que funciona quase como um plástico. Pode cortar e dá o acabamento e formato que se desejar", destaca.

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