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Gloria Maria para Pedro Bial: ‘Fui pra Marte. Não sei se voltei’

Divulgação/Globo

O retorno do programa Conversa Com Bial à grade de programação da Globo, na noite de segunda-feira (18), foi marcado por um delicioso e sincero bate-papo entre velhos amigos. Para celebrar os 70 anos da TV no Brasil, Pedro Bial entrevistou a colega de profissão, Glória Maria, através de videoconferência, com cada um em sua respectiva casa.

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Na conversa, Gloria contou que já estava isolada antes da quarentena proposta pelas autoridades de saúde, em virtude do coronavírus, por conta do tratamento de um tumor no cérebro. Ela disse ao colega que o ano de 2019 foi atípico.

"Um ano impensável. Realmente, me pegou de jeito. Na verdade, me pegou lá atrás, em novembro quando descobri que eu tinha um tumor no cérebro. A imagem que eu tenho, não vou esquecer. Do nada, eu caí em casa depois de um jantar, fui no hospital costurar a cabeça e me falaram: 'Você está com um tumor no cérebro'", contou.

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Embora tivesse encarado a doença como uma nova chance, Glória revelou que sofreu ao receber o diagnóstico.

"Lembrei de uma entrevista que fiz com Minotauro, no Japão, e perguntei por que ele escolheu a luta. Ele me contou que quando era pequeno foi atropelado por um caminhão. Foi destruído, passou meses no hospital, anos em fisioterapia. A imagem de uma criança atropelada por um caminhão nunca saiu da minha cabeça e foi assim que eu me senti. Atropelada por um caminhão."

Ao iniciar o tratamento contra a doença, a veia jornalística pulsou e ela quis registrar tudo.

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"Peguei o telefone e falei: 'Grava. Tenho que registrar isso, não sei se vou conseguir sobreviver a isso. Graças a Deus escapei e estou terminando a imunoterapia", disse.

Resiliente, a jornalista destacou que nunca fez um questionamento.

"Nunca fiz a pergunta 'por que comigo? Por que eu? Não. Tudo isso na verdade foi uma bênção. Deus me concedeu a graça de ter mais uma vida pra viver."

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Perda da mãe

A morte de sua mãe, Dona Edna, em fevereiro deste ano, vítima de insuficiência respiratória, também foi lembrada. Glória Maria seguia para o hospital, quando recebeu a pior notícia de sua vida.

"No meio do caminho ela morreu. Tumor no cérebro, infecção pulmonar, a perda da minha mãe. Se eu não for agora, não vou nunca mais", disse.

"Eu não conseguia chorar, não conseguia derramar uma lágrima. Quando a gente tem uma dor desesperadora, não dá para a lágrima cair. Eu não sei se vou ter força pra mais coisa, mas até agora eu tô legal, eu tô inteira."

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Amigos de longa data, Gloria e Bial se emocionaram quando a jornalista citou um presente que recebeu dele, o livro de poesias Elogio da Sede, de José Tolentino Mendonça.

"Eu tô vivendo. Na boa. E, nesse turbilhão, a única pessoa que realmente me fez chorar para o bem, uma emoção boa, foi você."

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As filhas

Em isolamento social na companhia das filhas, Maria, de 11 anos, e Laura, de 10, a jornalista destacou na conversa que houve uma aproximação entre elas, por conta da nova condição, já que, antes, elas passavam menos tempo juntas.

"Estamos até nos conhecendo", emocionou-se.

Em tom de brincadeira, Bial afirmou não ser o pai das meninas e comentou o "casamento" dele e Glória Maria na TV Globo. Ele entregou que os dois costumavam brigar bastante nos bastidores do Fantástico, quando eram os apresentadores.

"Era um casamento perfeito! Tinha briga, quebrava o pau, e a lua de mel foi em Paris, quando começamos a apresentar o Fantástico juntos."

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Política

Bial lembrou uma situação ocorrida no início deste mês, na qual o Presidente da República mandou um jornalista calar a boca. E questionou como Glória se comportaria, se fosse com ela.

"Eu continuava e falava: 'Por favor, vou me calar quando o senhor se calar, vamos conversar juntos, eu pergunto e o senhor responde'. Não tenho que calar a boca. Calar a boca? Dizer as coisas que o outro fala, para mim são impensáveis. Pedro, dizer que o brasileiro está protegido (do coronavírus) porque se lava no esgoto… Para mim é além de qualquer imaginação. Tem coisas que eu acho que não estou vivendo para ver e ouvir. Sempre aprendi que política era um nível tão alto e o que estou vendo agora é de uma tristeza", disse.

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Glória também comentou a famosa implicância racista do ex-presidente João Figueiredo em suas coberturas. Entretanto, ela afirmou que a truculência de outrora era diferente da de hoje.

"Graças a Deus não cubro política mais, porque acho que eu já teria apanhado ou já teria batido, com certeza."

Meme na Jamaica

A impagável reportagem feita por Gloria Maria na Jamaica para Globo Repórter, em 2016, deu o tom mais descontraído da entrevista.

"E a larica?", perguntou Bial, relembrando quando Glória virou meme ao fumar maconha em ritual rastafári.

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"Nós negociamos três meses para entrar naquela comunidade. Assinamos um papel dizendo que a gente ia respeitar todos os regulamentos, inclusive, rezar na entrada e fumar na saída. Ficamos na recepção acho que umas cinco ou seis horas sem conseguir voltar para o quarto, ninguém sabia onde estava. Eu fui para Marte. O negócio é que até hoje, depois daquele negócio, eu não sei se voltei", brincou.

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