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Marisa Orth sobre humor: ‘A cobrança para a mulher é maior’

Divulgação/TV Globo/Reginaldo Teixeira

No próximo sábado (15), a TV Globo exibirá o primeiro episódio da nova temporada do Zorra, cujas novidades são diversas, incluindo a adição de Marisa Orth no elenco.

Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz revelou um pouco do processo de entrada no programa e das gravações, além da felicidade de voltar a trabalhar na comédia.

“Fiquei bem feliz. Nem tinha percebido que estava com saudade de fazer comédia. O Zorra me lembra o TV Pirata, que fiz o finalzinho. Tem essa coisa de interpretar cinco, seis personagens totalmente diferentes no mesmo dia. Acho leve, porque o principal é a situação, a piada. Num mesmo programa se faz uma mãe futurista e uma professora descontrolada”, lembrou ela, antes de comentar sobre as primeiras semanas em estúdio.

“Gravamos umas três semanas, e aí, casa. Ficamos esperando, até que decidimos fazer remotamente. Até meu cachorro eu botei na roda. A vizinha aqui do lado também queria aparecer. Imagina que louco o redator receber essas informações e bolar uma comédia em cima?”, declarou.

“A Maria, minha querida e deliciosa cozinheira, que está quarentenando comigo porque dorme aqui em casa, virou produtora de objetos. Meu filho está cursando o último ano da faculdade de Cinema e acaba fazendo ‘estágio’. Já fez até ponta como ator. O maridão dá uma força também. Ele pegou mais na parte pesada, que é carregar as coisas de um cenário para o outro”, detalhou a artista.

Em dado momento da entrevista, Orth foi questionada sobre estar mais difícil fazer humor, cuja resposta chegou a pincelar sobre a pressão em cima das mulheres.

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“Talvez exija mais coragem. O humor é provocativo para caramba. Mas a minha geração sofreu mais preconceito. Muitas vezes, fui vista por pares como: ‘Ah, ela pegou o caminho mais fácil, faz qualquer coisa para ganhar dinheiro’. Era menos valorizado, especialmente para a mulher. Ela tem que ser dama do teatro, né? Muito provavelmente não criticaram Paulo Gracindo, com seu ‘Primo rico, primo pobre’, Procópio Ferreira, Grande Otelo, Brandão Filho… Não estou me igualando a esses monstros geniais, mas a cobrança para a mulher é maior”, afirmou.

Falando no teatro, Marisa contou como ficou a sua agenda por conta da pandemia, afinal, ela está frequentemente envolvida em peças teatrais.

“A sorte é que fiz muito teatro no ano passado. Este ano, eu queria fazer uma peça de texto, como não fazia há tempos. Comecei a fazer umas coisas, um Tennessee Williams, que também nunca fiz, grandes projetos, com um tesão, e aí aconteceu isso. Quero crer que a gente vai para a rua. O teatro não morre. Basta um caixote, e a gente sobe em cima. A cidade acalmou. Criaram-se espaços, tem menos carros. Acho que estamos nos apoderando mais do ambiente urbano, e isso é caminho civilizatório”, disse a atriz.

Por fim, a artista discorreu uma crítica construtiva sobre a personagem Magda, que voltou a interpretar em Sai de Baixo – O Filme (2019) em meio a discussões feministas no Brasil.

“A Magda é uma puta crítica à mulher submissa. Quantas delas existem? E outra coisa engraçada: eu sou a criticada. As pessoas perguntam: ‘Você tem coragem de fazer a Magda?’. Ninguém critica o Caco. É como se eu produzisse o ‘cala boca’. Olha que loucura! Essa frase nunca foi do script, foi um bordão que o Miguel inventou porque é típico de um homem como o personagem dele tratar a mulher assim. Quantos bandidos de terno você conhece no Brasil, com a mulher do lado que fala: ‘Jura que ele roubava?’. Acho que Caco e Magda ainda são super pertinentes no nosso país, infelizmente”, completou.

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