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Prefeitura usa É o Tchan para anunciar empregos e gera polêmica

Reprodução/Facebook

A comunicação da Prefeitura de Porto Alegre buscou uma forma diferente de chamar atenção para as vagas abertas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE). O governo municipal da capital gaúcha criou um meme a partir da capa de um disco do grupo É o Tchan e criou diversos trocadilhos.

Publicada na página oficial da Prefeitura, a publicação traz a capa do álbum Turma do Batente, de 2001, e referências aos sucessos do grupo baiano para anunciar as 142 vagas à disposição.

“Luz na passarela que lá vem ela! Ela mesma, a tão sonhada vaga de trabalho! Bateu aquela nostalgia danada do É o Tchan? Então, não pegue no compasso, mas sim na sua carteira de trabalho e comprovante de residência. Nesta segunda-feira, o Sine Municipal terá uma abundância de vagas abertas. Vai, vai, vai passando o olho na lista que eu também vou. Confira as 142 vagas e boa sorte!”, informava.

Parte dos seguidores não aprovou a forma descontraída adotada pelo órgão público. Além disso, em função da capa do disco conter Scheila Carvalho vestida de enfermeira, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS) emitiu nota de repúdio:

“A campanha publicitária reforça o estigma de uma forte carga sexual relacionada à Enfermagem, inclusive com imagem sugestiva. Esse é um problema grave, especialmente quando estamos tratando de uma profissão que é majoritariamente feminina: 85% do total, no RS e no Brasil. Abordagens como essa representam um empecilho e um retrocesso para a nossa luta em busca de reconhecimento e valorização. O Coren-RS informa que está tomando as medidas jurídicas cabíveis e providência junto à Prefeitura, reafirmando o seu compromisso de seguir batalhando por mais direitos, mais respeito e mais valorização, pela Enfermagem e pelas mulheres! Episódios como esse mostram que ainda temos um longo caminho pela frente”.

O executivo de Porto Alegre também se posicionou, porém preferiu comemorar o fato de que a postagem teve repercussão muito acima da média:

“A equipe cumpriu a orientação de buscar uma comunicação leve, criativa, insólita, com referências da cultura pop e do dia a dia. Apesar de alguma repercussão negativa — é impossível agradar a todos! — o sucesso da postagem curiosa e atípica está nos números: até a tarde desta segunda-feira, o post já teve mais de 1.300 reações, sendo quase 70% positivas. Foram mais de 1.000 comentários e 457 compartilhamentos. Na análise só dos comentários feita pela empresa independente Plugar, há uma divisão entre quem gostou e não gostou. Mas quem gostou (52%) mostrou mais engajamento, marcando vários amigos. Alcançamos, sem impulsionamento pago, 140 mil pessoas, com quase 40 mil envolvimentos! Com publicações mais ‘comportadas’, a média de alcance nos últimos dois meses era de 14 mil pessoas e um envolvimento quase desprezível. Ou seja, aumentamos em 10 vezes o número de pessoas alcançadas com esta postagem “polêmica”. É preciso audácia e imaginação para trabalhar com redes sociais, disputando a atenção de milhões de postagens por minuto”.

O grupo É o Tchan não se manifestou publicamente sobre ter aprovado ou não a referência.

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