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Aline Wirley lança Indômita: ‘Valeu a pena não seguir os padrões’

Vinicius Mochizuki

Transformação é a palavra-chave do novo trabalho de Aline Wirley. Seu novo álbum, Indômita, é fruto de uma imersão sobre si ao longo dos últimos anos. É seu segundo trabalho solo e o primeiro com faixas autorais. Com letras profundas e uma voz potente, a cantora mostra uma nova faceta sua com o projeto, que levou três anos para ficar pronto, entre reflexões, composições e gravações.

Indômita chega para o público com pílulas musicais para cada uma de suas músicas. É um mergulho audiovisual, que potencializa ainda mais as letras de Aline. Primeira música e vídeo disponibilizado para o público foi da canção Curva do Rio, no dia 20 de novembro.

A música fala sobre ancestralidade e a força da raça negra. Preta, Santo, o canto é tua força / O teu axé e a sua graça / Tua raça. Assim inicia a canção, que, segundo Aline é uma música que a reconecta com a sua história. “Tem a ver com encontrar a beleza de quem eu sou e o que sou. Da mulher preta que se reencontra em todas as suas dores, fracassos e inquietações… Para estar hoje resistente e fazendo o que acredita”, diz a artista.

Na sexta-feira (27), o álbum completo ficou disponível nas plataformas digitais e canal do Youtube de Aline. Duas canções ganham destaque neste lançamento: Para o novo e a regravação de Ragatanga, sucesso da banda Rouge. As duas músicas foram escolhidas a dedo para o lançamento do projeto. Enquanto uma delas fala sobre os novos ciclos, sobre o fluxo da vida, a outra, é um olhar carinhoso sobre o seu passado. Para chegar aqui, todo um caminho foi percorrido e, por isso, essa homenagem à sua história com a nova versão de Ragatanga.

“Sou muito grata a essa canção, a banda e a tudo o que vivi. Mudou a minha vida. As portas para mim se abriram para eu fazer aquilo que eu mais amo: cantar. É uma música emblemática para mim. Eu precisava ressignificar ela com o meu público, com os meus fãs. Eu e eles amadurecemos nesses anos”, contou Aline.

Aline ainda fala de Mandíbula, uma canção com ritmo forte e pulsante, que é fruto desse processo de se reconectar consigo mesma. “Quando Antônio nasceu, minha vida, meu corpo… Tudo ficou focado nele. Quem é mãe entenderá o que estou falando. Nesse processo, vamos ficando de lado. E esse resgate, após a maternidade, ele precisa de muita coragem e força. Lembrar que você é uma mulher com desejos e sonhos. Mandíbula é o resgatar da minha feminilidade, da mulher que eu sou, da minha força instintiva. É como o grito da mulher selvagem que precisava vir à tona depois de ser mãe”, explicou a artista.

A faixa que dá nome ao álbum segue nessa mesma entoada de reflexões. Aline se inspirou na leitura do livro Mulheres Que Correm Com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés, para criar a música.

“Essa pergunta: ‘onde é que vive a mulher selvagem’, que norteia o álbum, está no livro da Clarissa. Fui refletindo muito sobre ela e sobre a vida. Fomos domesticadas ao longo da nossa vida. Fomos perdendo a nossa essência. Essa reflexão sobre esse tema foi um pilar importante neste meu processo”, contou Aline sobre Indômita.

O álbum conta ainda com uma regravação especial da famosa Oração de São Francisco (Oração da Paz), que ganhou vocais fortes e uma interpretação poderosa de Aline. Os mais atentos perceberão um detalhe diferente na letra. Em determinada, estrofe, Aline trocou a palavra senhor por mãe. “Quis trazer a energia feminina nessa oração. Mãe é capaz de ensinar, de perdoar, de compreender, de amar do que ser amada”, diz a cantora, que emenda: “Minha fé foi muito testada esse ano. Ficamos perdidos. É preciso ter fé na vida, fé naquilo que a gente não pode ver”. Oração da Paz foi a primeira música a ser gravada do álbum e é ela que inicia Indômita.

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Projeto independente

Indômita é um projeto feito totalmente independente. Aline não teve apoio de nenhuma gravadora nesse processo.

“As pessoas criam algo que elas querem para você. E cabe você aceitar ou não essa imagem. É difícil ser artista nesse país. E mais difícil ainda ser artista, mulher e negra. Eu quis fazer a minha arte, do jeito que eu imaginava que tinha que ser. E estou extremamente orgulhosa do resultado. Esse é o álbum que, seu eu não tivesse feito, falaria: ‘por que eu não fiz isso?’. E essa é a melhor sensação. Paguei um preço por não querer seguir padrão que o mercado fonográfica queria? Sim! Mas valeu a pena!”, afirmou.

Indômita teve direção geral do ator Igor Rickli, que participou de todo o processo, desde a seleção das músicas, gravações e até filmagens das pílulas musicais. Igor e Aline são casados há 10 anos.

“Sei da potência artística da Aline e ficava me perguntando o que fazer para mostrar para as pessoas essa força que eu vejo nela. E esse projeto é isso. Ele mostra a Aline com todo o seu potencial. E é muito bonito acompanhar esse processo dela. Fiquei feliz de participar e criar junto”, contou Igor.

Indômita está disponível nas plataformas digitais e canal do Youtube de Aline.