Baile de Favela: Rebeca Andrade faz bonito e MC João fica em alta

Por - 29/07/21

MC Joao fotomontagem com RebecaReprodução/Instagram/Fotomontagem

“Esquece, estamos estourados!”. Foi assim que MC João comemorou o êxito de Rebeca Andrade na conquista da medalha de prata em Tóquio, nesta quinta-feira, 29 de julho. Êxito dele também, afinal, “Baile de Favela”, o som que deu ritmo à apresentação da medalhista olímpica de ginástica, é de MC João.

“A música é minha e do R7, não é de nehhum mito não. Esse fui eu, o R7 produziu. Vitória pro funk, vitória pra nós”, disse MC João.

Em seus stories, o artista ainda compartilhou o momento da apresentação da ginasta com sua música ao fundo. O filho de João estava junto dele e foi possível ouvir a criança cantando os versos do funk, empolgado.

Composto em 2015, “Baile de Favela” garantiu a classificação de Rebeca Andrade no solo e logofigurou entre os assuntos mais comentado do Twitter. A música de MC João estourou inesperadamente e mudou completamente a vida de João Israel Simeão, o MC João.

DE OFFICE BOY AO REI DA FAVELA

No final de 2015, não havia uma balada que não tocasse “Baile de Favela”. A música faz uma espécie de “chamada” (tipo a lista de presença de escola) e lista bailes funk da periferia de São Paulo com um refrão impossível de tirar da cabeça, na realidade foi composta bem longe de uma favela.

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O hit nasceu em uma casa espaçosa, de dois andares, com piscina e varanda com vista para a Zona Norte da cidade. Lá ficava a sede da GR6, empresa que gerenciava uma equipe de garotos anônimos no resto do Brasil, mas tratados como estrelas nos tais bailes paulistanos. MC João, na época, era a revelação do time.

O funk estourou no reveillón de 2015 e dividiu o top 10 do Spotify e do iTunes no Brasil com Justin Bieber e AnittaMC João era office-boy e tinha um salário de pouco mais de R$ 600. Na época, cuidava da mãe, com problemas de saúde, e duas irmãs. O funk era “válvula de escape” da rotina difícil.

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Nascido e criado na Jova Rural, comunidade próxima à de Rebeca Andrade, Vila Fátima, em Guarulhos, João sustenta a família desde os 17 anos, quando perdeu o pai.

Cinco anos após a explosão de “Baile de Favela”, um verdadeiro marco no funk de São Paulo, o funkeiro lançou em março deste ano o “Baile de Favela Records”, primeiro escritório aberto por um MC já famoso em uma cena dominada por duas grandes empresas, Kongzilla e GR6, a que o lançou.

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LETRA CONTROVERSA

Além de enumerar favelas da periferia paulistana, “Baile de Favela” tem outros “poréns”. Além de palavróes, há que considere a letra como um incentivo à violência contra a mulher, por conta do verso “vai voltar com a x*** ardendo”. 

Quando a polêmica veio à tona, MC João tratou de desfazer qualquer mal entendido.

“No funk digo que ‘ela veio quente’. A gente está no clima, ela quer”, disse.

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Para o MC, seria algo como o clássico de Roberto e Erasmo, “pode vir quente que estou fervendo” de Roberto e Erasmo.

“Só porque a gente é humilde e veio da favela, vem essa interpretação”, disse.

Considerado um marco no estilo, o clipe de “Baile de Favela” foi , gravado em um baile na Rua Sete, na porta da casa onde ele cresceu.

PALAVRÃO NA GLOBO, PODE?

O sucesso de “Baile de Favela” levou MC João para a TV e ele foi entrevistado por Fátima Bernardes no “Encontro”. Mas um detalhe passou sem o menor cuidado prévio da produção do artista: os palavrões da letra da música.

Apresentação ao vivo, o que fazer? Nada, né?! Ao final, Fátima, amou. Dançou, foi até o chão e, sempre uma lady, elogiou e fez a observação.

“Parabéns, incrível. Mas se você não falasse aquela palavrinha, sua música ia mais longe”, disse a apresentadora.

NEM TUDO DEU CERTO

Aos 29 anos, o artista afirmou que a música mudou sua vida e deu casa para ele e sua mãe. Mas nem tudo deu certo. Ele assinou contratos ruins e não ficou com nada da renda do clipe no YouTube, visto mais de 220 milhões de vezes.

Mesmo sem outro hit tão grande, ele teve diversos outros sucessos no funk depois disso. João foi estudar direitos autorais e percebeu que os MCs muitas vezes fazem acordos que parecem tentadores para quem não tem nada, mas depois do sucesso viram uma fria.

Com o dinheiro que conseguiu ganhar, ele diz que “não esbanjou, não saiu comprando Ferrari” como outros.

Ele saiu da GR6 e afirma que não houve briga, apenas o sonho de ter seu próprio selo. Ao lanart a própria empresa, ele pretende incentivar outros MCs a ficarem mais atentos à renda que eles geram.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino