Bia Zaneratto, Formiga e Tamires querem visibilidade ao futebol feminino

Por - 30/07/21

Foto: Divulgação

Dos campinhos de Araraquara, em São Paulo, até chegar às Olimpíadas de Tóquio, a atacante Beatriz Zaneratto João, a Bia, de 27 anos, percorreu um bom caminho. Assim como a mineira de Caeté, Tamires Cássia Dias de Britto, de 33 anos, e a experiente Miraildes Maciel Mora, a baiana Formiga, de 43. As três, que se destacaram na seleção feminina de futebol, que acabou eliminada dos Jogos Olímpicosao perder nos pênaltis para a equipe do Canadá, se uniram para além das quatro linhas.

As atletas encabeçam o movimento #presasnos80, cujo objetivo, com leveza e bom-humor, é chamar a atenção para a importância do apoio ao futebol feminino. As atletas destacam que ainda há muito o que avançar quando o assunto é torcida, visibilidade e investimento, por exemplo, se comparados aos homens.

“Eu nasci em 78, vivi bastante os anos 80 e conversando sobre coisas das décadas passadas com a Tamires e a Bia, a gente brincou que no futebol feminino muitas coisas ainda parecem estar paradas nessas décadas. Daí veio a ideia de levantar esse tema”, disse a veterana Formiga.

“Sem a visibilidade que merece, o futebol feminino continuará preso nos anos 80. Precisamos apoiar a Seleção Brasileira, os Clubes e incentivar  esporte”, completou

DIAS MELHORES VIRÃO

Regulamentado no Brasil apenas em 1983, o futebol feminino ainda tem investimentos financeiros fincados no passado. E Rogério Caboclo, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, anunciou em setembro do ano passado que as atletas da seleção feminina de futebol passariam a receber os mesmo valores e premiações pagos aos homens da seleção masculina.

Hoje, o futebol feminino recebe o mesmo aporte de investimento que os homens recebiam há 40 anos atrás. Para efeito de comparação, em 2021 os gastos totais de um time feminino giram em torno de R$ 100 mil, valor menor do que o investimento em um único jogador nos anos 1980.

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 “O recorde de público no estádio de um jogo do time feminino é de pouco mais de 28 mil pessoas. Mesmo na década de 80, o recorde de um jogo do time masculino foi de mais de 161 mil torcedores. Esse é apenas um exemplo que reforça que o futebol feminino ainda está preso nos anos 80”, contou Tamires.

Para mudar esse cenário, as atletas estão fazendo barulho em suas redes sociais, como novas iniciativas e ações.

“Precisamos ter cada vez mais visibilidade, mais apoio… Mais atletas fazendo sucesso nas redes sociais, na TV e em programas esportivos. E a torcida pode nos ajudar nessa, pois tudo isso também ajuda a gerar mais investimento”, explicou Tamires.

“Esse é um dos momentos mais esperados da nossa carreira e entendemos como é importante pra nós e para outras meninas que jogam e são fãs do futebol. Precisamos dar o destaque que o futebol feminino merece”, completou formiga.

BRASIL PERDE O BRONZE E MARTA, A ARTILHARIA

Não deu para trazer o bronze no futebol feminino. A seleção teve rendimento abaixo do esperado, conforme disse Marta destacou após a partida, não fez o seu melhor jogo. O Canadá também não fez uma grande partida, que foi decidida nas penalidades máximas com placar final de 4 x 3.

Bárbara defendeu o chute de Sinclair no início das cobranças, mas Andressa Alves e Rafaelle pararam na goleira canadense Labbé nas duas últimas cobranças do Brasil. Com o resultado, se encerra um ciclo do futebol feminino. Os Jogos Olímpicos de Tóquio marcam a provável despedida de Formiga e Marta da seleção feminina.

Esta é a segunda vez em seis edições olímpicas disputadas que o Brasil fica fora das quatro melhores equipes, repetindo o resultado de Londres-2012. Além disso, a seleção foi medalha de prata em Atenas 2004 e Pequim 2008, mas desde então não subiu mais ao pódio olímpico.

“Tem dias em que as coisas não funcionam. É coisa do futebol. Nem sempre o melhor ganha. Agora é pensar no futuro, continuar apoiando nossas meninas. O futebol feminino não acaba aqui, ele continua. Não apontem dedo a ninguém. Não há culpados. Estou muito orgulhosa”, disse Marta ao final da disputa que eliminou a seleção.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino