Família Goulart é homenageada no Prêmio Shell

Por - 12/04/06 às 09:19

Felipe Panfili

A 18ª edição do Prêmio Shell, que prestigia os melhores do teatro carioca, lotou o restaurante Estrela da Lapa, no boêmio bairro da Lapa, no Rio, na terça-feira, dia 11. Na noite de premiação, os vencedores referentes à temporada de 2005 receberam uma escultura em metal, criada pelo artista plástico Domenico Calabroni e uma premiação individual de R$ 8 mil.

A cerimônia, apresentada por Pedro Paulo Rangel, premiou dez categorias. A família Goulart emocionou o público ao receber uma homenagem especial.

“Dedico essa homenagem à nossa matriarca, Nicette. É muito difícil ser atriz e mãe, é sublime. Há que renunciar a uma série de coisas, existir parceria e um grande amor. Estamos aqui representando a família brasileira que faz teatro. É fundamental que possamos manter a dignidade e respeito pelo nosso ofício, que é público e tem como conteúdo uma função social e cultural. Só através do conhecimento, educação e saber, podemos adquirir o poder de ser alegres, prósperos e felizes”, discursa Paulo Goulart.  

A família esteve representada por Paulo e Nicette, além dos filhos Beth e Paulinho. Nicette Bruno agradeceu pelos filhos ausentes.

“Eles estão em São Paulo, gravando Cidadão Brasileiro. Quando estávamos a caminho desta festa, disse ao Paulo: conquistamos! Organizar um grupo para fazer teatro e criar uma família têm pontos em comum. Essa sempre foi a nossa trajetória, em nossa vida sempre seguimos esses dois caminhos que simbolizam entrega e amor. É isso o que dedicamos a todos aqueles que participam conosco de cada produção. Temos fé, por isso, não temos medo da vida”, filosofa Nicette Bruno.

Débora Evelyn foi a grande reverenciada da noite, ao ganhar o prêmio de melhor atriz. Ela, que esteve no espetáculo O Baque, se diz surpresa com a conquista.

“Pensei que não fosse ganhar! É difícil fazer teatro no Brasil, mas é um prazer tão grande que a gente esquece as dores, é igual ao parto. Quando a gente relembra o dia, não lembra das dores. Teatro é assim. Foi prazeroso fazer O Baque, um processo difícil e delicioso que levou dois anos para ficar pronto. Dedico esse prêmio ao Dennis (Carvalho, diretor), meu marido e à minha família. São eles que me dão forças para continuar trabalhando”, diz Débora.

A mulher do diretor Dennis Carvalho concorreu com Lília Cabral (Divã), Mônica Martelli (Os Homens São de Marte E É Pra Lá Que Eu Vou), Andréa Beltrão (Sonata de Outono) e Patrícia Selonk (Toda Nudez Será Castigada).

Lília Cabral destaca a importância da indicação ao Prêmio Shell.

“Não fiz meu trabalho pensando em ser indicada, mas é muito gostoso saber da aceitação de todos ao meu trabalho. Existe muito respeito às pessoas que trabalham pelo teatro e isso é sublime”, diz a atriz.

Indicadas na categoria especial, pela abertura do Teatro Poeira, Marieta Severo e Andréa Beltrão não levaram o prêmio, ganho pelo Sesc Rio devido à política institucional de incentivo ao teatro, mas sentiram-se vitoriosas.

“Só em sermos indicadas já é uma honra. O Poeira é um teatro pequeno, é ótimo esse reconhecimento”, destaca Andréa Beltrão.

Os premiados

Pedro Brício, namorado de Camila Morgado, venceu como melhor autor pelo espetáculo a Incrível Confeitaria do Sr. Pelica. O diretor Paulo Moraes foi agraciado como melhor diretor por Toda Nudez Será Castigada.

Júlio Adrião foi eleito melhor ator por sua atuação em a Descoberta das Américas. O melhor cenário foi o de André Cortez, por A Serpente. 

Rui Cortez fez o melhor figurino em A Incrível Confeitaria do Sr. Pelica. O iluminador Maneco Quinderé venceu por Toda Nudez Será Castigada. A melhor música foi a de Caíque Botkay e Sisneiros, pela trilha da peça Auto do Ururall.

Criado em 1989, o Prêmio Shell de Teatro contempla espetáculos realizados no Rio e em São Paulo, que se apresentaram entre 1º de janeiro e 31 de dezembro.

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