“Fiz uma escolha e uma renúncia”, diz Nivea Stelmann sobre morar nos Estados Unidos

Por - 01/04/21 - Última Atualização: 6 abril 2021

Reprodução/Instagram

Nivea Stelmann tomou uma decisão difícil quando abriu mão da carreira em nome da família. A atriz, que interpretou inúmeros personagens em novelas de destaque da Rede Globo, mudou-se em 2017 para Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos. Hoje, após quatro anos morando no país, ela contou com exclusividade para o OFuxico sobre como leva a vida na cidade com a família. 

Estados Unidos e Brasil

Um dos motivos que levou a atriz mudar para os Estados Unidos, foi a violência no Brasil. 

“O meu filho estava com 12 anos, pré-adolescente, eu sabia que ele ia querer namorar, sair. Eu ia ficar muito apavorada. Eu simplesmente pensei muito nele, e decidi mudar. Essa mudança foi totalmente focada nos meus filhos. Eu não penso em voltar. Penso em visitar os meus amigos, eu amo o Brasil, trabalho e volto, mas morar novamente, eu acho que não, mas o futuro a Deus pertence. Nunca diga nunca. Eu passei uma carreira de 20 anos na TV Globo, e nunca disse: ‘nunca farei Playboy’, por exemplo, nunca fiz, e nunca tive vontade de fazer, sempre falei que o futuro a Deus pertence. Gosto de deixar assim pra não ter cobrança porque não temos o domínio sobre tudo”, disse. 

“Quando viemos pra cá a Bruna tinha três anos, ela não tinha nenhum poder de decisão, o Miguel tinha 12 anos, ele estava super adaptado a rotina, tinha amigos e tudo mais, mas ele era uma das pessoas da família que mais queria se mudar, estava louco, porque a gente vinha muito pra cá de férias, ele conhecia bem o país, sempre gostou dos Estados Unidos, então foi tranquilo. Não tive que convencer ninguém, na verdade, a pessoa que mais precisou se conscientizar disso, fui eu, porque eu tive que abrir mão, entre aspas, da minha carreira. Eu fiz uma escolha e uma renúncia, toda escolha tem uma renúncia. Não tem jeito. Eu fui a pessoa que mais sofreu, porque eu não pude trabalhar com o meu trabalho aqui”, comentou ela, que escolheu Orlando por ser uma cidade com o clima muito parecido com o do Rio de Janeiro.

Adaptação

“Esses quatro anos de adaptação foram bem tranquilos, planejamos com muita antecedência, mas a maior dificuldade mesmo é estar longe da família, dos amigos, a distância, a saudade. Chegamos com o Green Card, com casa própria e emprego. Foi muito tranquilo”, disse.

Sobre a qualidade de vida ser melhor que no Brasil, Nivea explicou como se sente em relação aos dois países.

“Toda vez que eu falo sobre este assunto eu tenho que tomar muito, muito cuidado, é até bom que esteja gravado, porque as pessoas confundem elogiar os Estados Unidos, porque no mesmo momento que você elogia, automaticamente você está criticando o Brasil, e não é isso, todo mundo sabe onde está os Estados Unidos e onde está o Brasil em localização do mundo, que é primeiro e terceiro mundo. A gente sabe disso. É claro que a qualidade de vida daqui é melhor porque todo mundo de qualquer emprego, de qualquer nível social, tem os mesmos direitos, a mesma qualidade de vida, todo mundo tem uma boa casa, ar-condicionado, carro. Isso a gente não vê no Brasil, infelizmente, mas não é comparando, é falando a realidade”, afirmou. 

O idioma não foi um grande problema para a família, fluente em inglês, Nivea contou que apesar de falar super bem, ela mantém contato com brasileiros que moram na cidade. 

“Nós temos uma comunidade brasileira enorme, se eu quiser não falo uma palavra em inglês porque falamos muito português aqui. É claro que eu falo inglês na escola das crianças, com os meus amigos americanos, estamos morando aqui, é bom aprender a língua deles, mas todo mundo me fornece coisa sendo brasileira. Existe, faxineira, pintor, pedreiro, ginecologista, pediatra, dentista brasileiros. É como se eu estivesse num pedacinho do Brasil.”

Vacinação

Com parte da família morando no Brasil, a saudade é grande, mas Nivea procura visitá-los pelo menos duas vezes por ano. Vacinados, a família poderá viajar com mais tranquilidade. 

“Eu procuro ir ao Brasil duas vezes ao ano, e os meus pais vêm duas vezes cá, mas isso mudou na pandemia, eles são turistas, não tem visto, mas como eu tenho o Green Card posso entrar e sair do país a hora que eu quiser. Eu fui ao Brasil no ano passado em setembro e dezembro pra passar o Natal. Esse ano estou planejando ir em junho, todo mundo aqui já tomou a vacina, graças a Deus. Na verdade, eu e o meu marido já tomamos a vacina, nós temos 47 anos, vamos tomar a segunda dose em breve. E a partir do dia 16 de abril vai abrir para as crianças com 16 anos, então o meu filho vai tomar, graças a Deus. Aqui a vacina está muito adiantada, quem vai viajar sem vacina é a minha filha, mas obviamente ela vai fazer o teste, e mesmo vacinados, vamos com máscara, álcool em gel, com toda proteção que tem que ser pra poder sair do país e viajar”, garantiu. 

“Realmente eu me sinto privilegiada porque daqui a pouco o meu filho terá a oportunidade de ser vacinado. Claro que eu sofro com essa questão dos atrasos de vacinação no Brasil, sem dúvida. Fico muito triste. Mas infelizmente é o que está acontecendo. É a realidade. Quando eu tomei a minha vacina, nem o meu pai, nem a minha mãe haviam tomado a primeira dose. Meu pai tem 75 anos e a minha mãe, 71. Se eu pudesse eu mandava a minha vacina pelo correio pra eles. Eu e o meu marido daríamos o nosso lugar para os nossos pais. Faríamos de tudo para que estivessem vacinados. Mas estamos em países diferentes e temos que dançar conforme a música, infelizmente isso não foi possível”, lamentou.

Programação nacional

Mesmo morando fora do Brasil, Nivea faz questão de acompanhar a programação brasileira. 

“Eu vejo muito a TV brasileira, inclusive neste momento em que estou falando com você, está passando Globonews. Eu assisto tudo que eu posso do Brasil, até pra me inteirar, o meu público é brasileiro”, disse ela, que também assiste BBB.


“Eu adoro, acho ótimo, é um refresco pra gente, porque as novelas, a grande maioria são antigas, a única coisa que a gente tem de novo é o jornal. Eu tenho acompanhado o BBB. Não tenho nenhum participante preferido, até porque eles mudam muito lá dentro, levantar a bandeira de um e daqui a pouco essa pessoa se transforma em outra pessoa, eu sou do time de torcer pra confusão, sabe? Eu sou aquela espectadora que quer fogo no parquinho. Estou me divertindo, está muito legal.”

Com um novo trabalho que será lançado nas plataformas digitais, Tormento, filme dirigido por Ricardo Rama, Nivea contou por que demorou para ser lançado, já que ele foi filmado em 2015. 

“Demorou muito, uma pena, mas nem sempre os filmes têm patrocínio da Globo Filmes e outras empresas que investem muito dinheiro. Esse filme foi feito na raça, não tinha dinheiro, tivemos que esperar pra finalizar, esse tempo voou, a minha filha fez uma participação quando era pequenininha. Demorou esse tempo todo, mas graças a Deus as pessoas poderão ver esse trabalho que é muito forte. Estou muito feliz, porque até então eu não estava com expectativa dele ser lançado tão cedo, mas graças a Deus vai acontecer”, comemorou. 

Sobre a preparação para viver a personagem que é sequestrada e mantida refém de um psicopata, Nivea têm cenas fortes de violência física, e contou como foi gravar. 

“Eu não cheguei a conversar com nenhuma mulher que foi estuprada, fiz tudo baseado nas minhas memórias, das coisas que eu já vi na vida, de filmes, de intuição. Eu tive o apoio do Sergio Penna que é um preparador de teatro muito bom, nos encontramos numa tarde, e ele me deu um caminho para o personagem. Fui muito bem dirigida, o meu diretor, modéstia à parte é maravilhoso. Fizemos um trabalho muito legal, de muita sensibilidade, tive um parceiro em cena que é muito bom ator, calejado no cinema, que é o Luís Guilherme e fizemos um trabalho muito lindo, muito forte. As cenas foram muito difíceis, mas eu me entreguei, como atriz era uma oportunidade muito diferente do que eu vinha fazendo, de mostrar outra Nivea. Eu acho que deu certo. Espero que as pessoas gostem”, disse confiante.

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