Glória Perez avalia os oito meses de jornada da novela América

Por - 24/10/05 às 15:40

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Oito meses depois de emocionar o país com o sonho de Sol e a perseverança de Tião, Glória Perez finaliza América e diz que cumpriu seu papel social. Em conversa com a reportagem de OFuxico, a autora se diz aliviada por ter, entre outras coisas, contribuído para a mudança de olhar dos brasileiros.

“Minha satisfação é ver que ajudei, de alguma forma, a mudar o pensamento em relação ao deficiente em geral, especialmente o deficiente visual. Jatobá e Flor foram muito importantes nessa jornada. Já dei 65 pontos de audiência, não é pouca coisa não. América foi muito bacana e, por ser uma obra aberta, encanta. Acho que não tive que mudar um ou outro personagem. Saiu tudo conforme tinha que ser”, afirma a autora.

Vitória sobre crises

Nem mesmo os problemas envolvendo protetores de animais, que invadiram sua página no orkut fazendo ameaças, deixaram a autora fora de seu foco. A idéia de mostrar o universo dos rodeios acabou sendo surpreendente.

“Cheguei a questionar se existia de fato protetores de animais. Um bando de psicopatas atacou o meu orkut, no início da novela; o caso está na polícia. Mas, mostrei o que queria: o fascínio do universo dos rodeios, os cuidados que os criadores e peões têm com os animais, a devoção por Nossa Senhora Aparecida.

Em 2002, durante uma visita a Nova Iorque, Glória soube que o povo brasileiro é o segundo no mundo em quantidade de ilegais nos Estados Unidos. A autora fez amizade com o motorista Jota, que inspirou o homônimo, vivido por Roberto Bonfim, e fez de sua indignação uma missão.

“Acho que, a partir de América, as pessoas vão refletir mais sobre a questão da travessia ilegal, do quanto se sofre estando ilegal num país que não é seu. O brasileiro é o segundo povo no mundo a viver ilegalmente nos Estados Unidos. Vivem com medo, com saudades, com angústia. Trazer para a primeira página todo o drama dos ilegais me dá uma imensa satisfação. Agora, o país sabe da gravidade desse problema”, adverte Glória.

Ao contrário do que se especulou, Glória Perez não ficou decepcionada com a relação entre Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício). Embora muitos críticos tenham dito que não houve empatia entre o casal, daí o crescimento da trama de Ed (Caco Ciocler), a autora afirma que tudo saiu como havia planejado. A personagem vivida por Deborah foi o fio condutor da história, viveu seus sonhos, conflitos e paixões. 

“A última frase da sinopse é ‘e Sol teve que se decidir entre dois amores’. A trama da Sol e do Ed só cresceu quando ela chegou em Miami. Antes disso, não tinha razão de ser. Ele é o galã que disputa o amor dela com Tião. A novela só pesou em Miami”, explica a autora.

Glória redigiu, diariamente, 32 páginas de América. Trabalhou de domingo a domingo e nunca atrasou um capítulo sequer. O privilégio de entregar o folhetim a duas semanas do fim, lhe deu grande satisfação e sensação do dever cumprido.

“Escrever 32 páginas por dia, é claro que não é um trabalho fácil. Mas, não é simplesmente escrever, é criar, e isso me encanta. Foi envolvente dar vida e conduzir a vida desses personagens. A cada reação do público, ganhava mais entusiasmo. Adoro ouvir o povo, as reclamações, os elogios, isso estimula”, conta ela a OFuxico

Descanso e dança

Pé de valsa assumida, Glória Perez, mais uma vez, usou e abusou da dança de salão em uma novela de sua autoria. A autora lamenta não ter tido oportunidade de riscar o salão, como sempre fez, por causa de um problema na coluna.

“Sou um pé-de-valsa. Mas, essa temporada fiquei de molho, porque tive um problema de coluna e fiquei com medo de dar mal jeito. Sempre gosto de mostrar esse universo nas minhas novelas. Faz bem pro corpo e pra alma. Dançar é lindo, estou doida para voltar aos salões”.  

Como ninguém é de ferro, Glória Perez já pensa em descansar e curtir suas férias. Mas, só depois que o último capítulo de América for exibido, no dia 4 de novembro. A autora continua indo ao Projac, no Rio, diariamente, acompanhar a edição dos capítulos, e continua sem tempo para amar. 

“Meu coração está vazio há oito meses. Também, trabalhando de domingo a domingo, quem vai aturar? Não dá! Agora eu vou parar, pra resolver esse lado. Ainda não estou de férias. Vou diariamente ao Projac acompanhar a edição. O ponto final só vem com a exibição do último capítulo. Depois disso, vou começar a me organizar, ver um lugar legal para viajar”, revela à reportagem do site.

Mas, a mente criativa de Glória não pára de produzir. Mal terminou América, ela já tem delineado o próximo tema de sua novela. Antes disso, ainda brindará o público com uma minissérie.

Vera Fischer x Thiago Lacerda

A esperada participação de Vera Fischer, no último capítulo, será primordial para o desfecho da trama de Alex (Thiago Lacerda). A loura será chamada de Úrsula.
 
“Não posso dizer como, mas ela surge para definir o destino do Alex”, limita-se a dizer Glória Perez.
 

 

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