Jeniffer Nascimento celebra reprise de Malhação: ‘Sol traz representatividade, é um resgate pra muita gente’

Tudo pode ser, se quiser será. O sonho sempre vem pra quem sonhar. Tudo pode ser, só basta acreditar. Tudo que tiver que ser, será… Jeniffer Nascimento tem seguido à risca uma das maiores inspirações de sua vida, Xuxa. A eterna rainha dos baixinhos faz Jeniffer sonhar, acreditar e correr atrás de seus objetivos. A menina que sonhava em ser artista hoje é reconhecida como uma das referências no teatro musical, na TV por conta de sua elogiada participação em Malhação Sonhos ao dar vida à batalhadora Sol e no Pospstar, que ganhou com suas performances que resultaram em mais shows e parcerias com Péricles e Jorge Vercillo, e no The Voice, onde se tornou uma das apresentadoras.  

Jeniffer Nascimento tem apenas 27 anos, mas desde os cinco sonha com os palcos. E para isso estudou muito, agarrou as oportunidades e as chances que a vida lhe deu, “anjos da guarda'', profissionais que lhe deram bolsas ou cursos de canto, atuação, dança, no Brasil e nos EUA, para que ela seguisse uma carreira de sucesso. Nascimento conciliava a escola com os cursos, lições de casa eram feitas no metrô, na coxia do teatro.  Fã de Floribella, Jeniffer chegou a fazer testes, mas não foi aprovada. Seguiu sonhando e estudando.  E principalmente contando com o apoio dos pais, que além de lhe acompanhar nos testes, apresentaram para a menina a arte como uma forma de vencer barreiras.

Ao OFuxico, a artista falou de momentos importantes de sua vida, da ansiedade de reestrear Donna Summer, musical em homenagem a uma das divas da música interrompido quatro vezes pela pandemia, dirigido por Miguel Falabella, da representatividade que Sol, em Malhação, traz para milhões de brasileiros.

“Sonhos nunca morrem, nunca é tarde pra sonhar. Por conta do abismo social que a gente vive, muitas pessoas guardam seus sonhos, essa história é um resgate pra muita gente”.

Durante o isolamento tem feito lives, publiposts e procurado ajudar colegas que estão sem trabalho por conta da suspensão de espetáculos. Em breve ela estará em Cara e Coragem, próxima trama inédita das 19h.

Confira:

OFuxico: Atriz, cantora, apresentadora! Sua carreira deu uma guinada nos últimos anos e isso é fruto de muito trabalho. Como define sua carreira em uma frase?
Jennifer Nascimento: Sonhar, correr atrás, persistir, se dedicar, estudar, ter disciplina e realizar. Estudar muito e realizar.

OFuxico: O quanto se preparou e se prepara para estar sempre pronta para atuar, cantar e apresentar?
Jeniffer Nascimento: Me preparo desde os cinco anos. Já são mais de 15 anos de luta para estar prepara para uma grande oportunidade. Canto, interpretação, dança, Eu fazia lição de casa na coxia, no metrô. O segredo é nunca parar de estudar.  A gente nunca pode parar de estudar. A minha grande inspiração para ser artista foi a Xuxa. A Xuxa me inspirou. Ela cantava, dançava e eu dizia: ‘Caraca, eu quero fazer tudo isso um dia!’.  

OFuxico: Como foi a sua infância e como foram os seus contatos com a arte?
Jeniffer Nascimento: Minha infância foi muito feliz, com uma família presente. Tinha muitos amigos. Pude aproveitar muito do que essa geração não aproveita como brincar na rua. Eu brincava sempre com coisas ligadas à arte, confeccionava fichas do programa, microfones, eu brincava com as crianças de Big Brother, eu era o Bial! Minha família sempre apoiou muito o meu sonho, meus pais sempre gostavam muito de arte. A arte sempre esteve presente na minha vida.

OFuxico: E no campo profissional, como a pandemia te afetou? E como seguiu com seus trabalhos, ensaios e pesquisas?
Jeniffer Nascimento: A pandemia me afetou diretamente. Tinha acabado de estrear Donna Summer. Já tivemos algumas tentativas, Sigo sendo positiva, mas de acordo com o quadro [situação da pandemia], vamos ter que ter mais paciência. Fiz muitas lives, publiposts. Agradeci muito todos os dias da minha vida por ter um trabalho, por ter apresentado o The Voice, e eu sabia que muitos colegas não tinham.

OFuxico: Se recorda do dia em que foi convidada para apresentar o The Voice?
Jeniffer Nascimento: Eu tinha participado do Popstar. Eu sou muito amiga do Tiago Abravanel, ele é meu padrinho de casamento. E eu fiquei sabendo que ele não ia mais apresentar os bastidores do Popstar. E comentei com ele sobre a minha vontade de apresentar. Ele me deu um conselho pra vida: “deixe registrada sua vontade. O ‘não’ a gente já tem”. Eu mandei uma mensagem pro Boninho [diretor] falando dessa minha vontade. Meses depois eu recebi uma ligação do diretor do The Voice.

Eu já estive do outro lado, o público tem uma simpatia pelo meu trabalho. Sempre tive vontade de apresentar, mas parecia algo muito distante. Quando chegou o convite eu fiquei muito feliz e grata. O The Voice é uma escola, um lugar novo. Em novela você aprende a nunca olhar pra câmera, e apresentando você olha diretamente pra câmera. Aprendo muito com o Tiago Leifert. Ele é um dos melhores apresentadores da nossa geração. É nítido esse meu crescimento nessas duas temporadas.  Sou muito grata! Pretendo aprender cada vez mais!

OFuxico: Em Malhação Sonhos você deu vida a Sol, que sonhava em ser cantora. O quanto a vida dela é parecida com a sua?

Sol foi um grande presente. Malhação é como uma porta de entrada no audiovisual, e na TV foi a minha grande estreia. Eu tenho muitas coisas parecidas com a Sol. Estudar, correr atrás, dedicada, esforçada, querer realizar sonhos, ajudar a família. Só não me identifico com o jeito imediatista da Sol. Ela passa por cima de tudo em busca de seus objetivos. Eu não me identifico. A própria história dela mostrou que esse não é o melhor caminho.   

OFuxico: Como era o retorno do público naquela época? O que você mais ouvia?
Jeniffer Nascimento: O retorno do público foi o mais intenso que eu já passei. Não conseguia ir ao shopping, ao supermercado. Sempre tentei levar minha vida de uma forma normal. Vida de artista é como o trabalho de qualquer pessoa, digno como qualquer outro.  A arte tem o poder de transformar as pessoas.  A Sol me mostrou esse caminho, que é correr atrás dos seus sonhos.

A Sol teve um papel muito importante na vida de muita gente. Ela foi uma das primeiras personagens negras e adolescente na TV com relevância. Muitas meninas colocaram tranças, passaram pela transição capilar.  Eu entrei em Malhação com cabelo liso e sai com um black power. Eu também passei pelo processo de transição capilar. Foi muito especial e emocionalmente o carinho do público comigo.  

Com a reprise eu ganhei um público novo, que não assistiu na época e tem a oportunidade de ver agora. Com a pandemia as pessoas me reconhecem pelo olhar, por conta da máscara. As pessoas me chamam de Sol. É muito legal que essa história seja tão especial e atual.

OFuxico: A história da Sol é atemporal? É inspiradora na vida de milhares de garotas? Cite exemplos.
Jeniffer Nascimento: Sem dúvida. É atemporal, trouxe representatividade. Eu mesmo fui essa menina, que veio de uma situação periférica. Ninguém ao nosso redor vive de arte, se a gente não encontrar anjos da guarda, como eu encontrei pessoas que acreditam no nosso potencial, que nos dão bolsas de estudos e cursos de presente… A história da Sol representa a história de muitos brasileiros, meninas, meninos, tios e tias que trabalhavam na cozinha dos restaurantes e vinham falar comigo.  Sonhos nunca morrem, nunca é tarde pra sonhar. Por conta do abismo social que a gente vive, muitas pessoas guardam seus sonhos, essa história é um resgate pra muita gente.

OFuxico: Como define a relação dela com a mãe? É a representação da maior parte das brasileiras, que criam os filhos sozinhas…
Jeniffer Nascimento: É uma relação muito intensa, ela foi criada só pela mãe. O pai fez escolhas erradas. A mãe trabalhou em muitas casas. A mãe por conta do pé no chão, uma mãe solo com situação vulnerabilidade… Compreendo totalmente a Bete, ela está protegendo a Sol. Para a Sol, se ela tem esse sonho é porque ela vai realizar. Apesar de muitos atritos há muito amor. Ela trabalha para realizar seus sonhos e ajudar a mãe. É a humanização do Sol nos momentos de rebeldia.

OFuxico: O que o casamento representa pra você?  Como compreende o amor? É romântica, ciumenta?

Sou romântica e ciumenta, mas eu melhorei bastante.  O ciúme é fruto de experiências interiores.  Quando a gente entra num relacionamento que existe reciprocidade a gente vai entender que o ciúme não pode ser algo tão forte, em excesso pode fazer mal para o casal. Tento me policiar porque eu sei o quanto isso é ruim. Nesses sete anos eu já evoluí bastante. Sempre quis me casar. E brincava que seria aos 25 anos. E foi o que aconteceu. A vida é desafiadora e ter alguém em todos os momentos para mim é essencial. O amor é um sentimento único. E vem aí a parceria, a empatia, a escuta, tudo isso é muito importante para um relacionamento.