Maitê Proença: ‘Vida não é comer, evacuar e dormir’

Por - 30/08/20

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Nestes tempos de pandemia, a atriz Maitê Proença reforça que a arte se tornou fundamental. O que seriam das pessoas confinadas não fossem os atores, os músicos e os artistas que levaram entretenimento a todos? Ela fala de experiência própria, pois se curou da Covid-19.

“A arte nos salvou. Sem a música, teatros, museus, sem os livros, sem a contribuição dos artistas, enfim, as pessoas teriam preferido não existir. Teria havido um tédio insuperável e muitas mortes intencionais”, disse ela em entrevista à colunista Sonia Racy, neste domingo (30), no Estadão.

“Só os brutos não percebem a importância das artes. A vida humana não é comer, trabalhar, evacuar e dormir”, pontuou. “Cheguei a esse planeta de um jeito e pretendo sair numa versão melhorada, tendo produzido algo criativo e novo, e contribuído a minha maneira. Se não, pra quê?”, questionou.

Teatro digital

A atriz contou que vai estrear no dia 9 de setembro a peça O Pior de Mim no teatro digital, aberto pelo ator Ivam Cabral, pela plataforma Sympla a convite do Teatro PetraGold Online. Ela fará a obra, com texto dela mesma, por quatro quartas-feiras, sempre às 17h, com preço popular a R$ 10 e renda revertida para ajudar os técnicos dos teatros e suas famílias, que passam por dificuldades. Na obra, abordará a própria vida. 

“Porque todos os autores fazem isso de forma mais ou menos velada. Me pediram um texto inédito para encenar na retomada e eu não quis escrever mais uma peça sobre isolamento na pandemia. Imaginei que falar do confinamento interno poderia ser interessante: aquelas amarras que nos impomos, muros que erguemos para nos defender que acabam atravancando a vida. Todos nós somos machucados. Só me dei conta das armadilhas que criei para mim mesma muito recentemente”, ponderou.

Vida alheia

Maitê acha que o público vai ser despertado pela curiosidade que tem com a vida alheia. “O Brasil adora o BBB. O mundo adora o Instagram. Há uma bisbilhotice inata em todos. Mas na TV e mídias sociais, vê-se gente linda, alegre e cheia de amigos. O padrão é inatingível para o mortal comum, que acaba se sentindo diminuído por comparação. No íntimo, nos que se refere a sentimentos primários de raiva, inveja, indignação, insegurança; somos todos muito semelhantes. Mas escondemos tudo isso a sete chaves”, lembrou.

“Imagino que, sendo uma pessoa conhecida, se eu mostrar onde tropecei, me atrapalhei e errei terrivelmente, mostrar as consequências devastadoras que enganos tiveram em uma vida, que, externamente parece um parque florido, a minha experiência verdadeira vai tocar profundamente quem assistir à peça O Pior de Mim”, adiantou.

Mas promete um texto profundo. “Aqui não há detalhes sensacionalistas, é outra pegada, totalmente. É olho no olho com gente que vai se sentir igual a mim ainda que nossas histórias sejam diversas”, prometeu.

Sobre o futuro, afirmou que a humanidade precisa aprender e evoluir. “Vimos que podemos viver com muito menos, podemos fazer menos lixo – tanto em termos materiais bem como de coisas que precisávamos. Sabemos agora que não fazem qualquer diferença em termos espirituais. Quem se encarou foi obrigado a se livrar de muito peso inútil, colocar tudo na balança e reavaliar. O mundo vai melhorar”, espera Maitê.

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