Notícias às 09:12

No Dia da Mulher, Luiza Brunet deseja: ‘Que toda mulher seja respeitada e fortalecida’

Divulgação/Pino Gomes

Aos 58 anos, Luiza Brunet é uma mulher que inspira muitas outras. No Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, a ex-modelo e ativista, que sempre lutou por causas sociais em várias áreas e que se fortaleceu há cerca de quatro anos após denunciar seu ex-companheiro, o bilionário Lírio Parisotto, por agressão e violência doméstica em 2016, deixa sua mensagem para as mulheres em conversa exclusiva com OFuxico

"O conselho que dou para as mulheres é que elas são seres maravilhosos porque têm a capacidade de se tornarem mães – seja naturalmente engravidando ou adotando um filho. O sentimento materno é uma coisa maravilhosa, por isso desejo que as mulheres se sintam fortalecidas, respeitadas e que não suportem viver em relacionamentos abusivos, porque elas são muito mais que isso", avaliou. 

Luiza ressaltou que precisamos de movimentos unificados para a sociedade.

"O papel que escolhi fazer com cidadã em prol da sociedade, principalmente a pauta que eu escolhi fazer que é o enfrentamento da sociedade doméstica. Acho que precisa ter uma fala unificada e movimentos unificados da própria sociedade em prol do que a gente precisa, desse acolhimento, da gente se pronunciar, da gente fazer as pessoas invisíveis se tornarem visíveis.”

Confira  

OFuxico: Você é uma mulher que inspira muitas outras mulheres. Neste Dia da Mulher o que você mais deseja para nós?
Luiz Brunet: O Dia Internacional das Mulheres é um dia para que essas pautas femininas sejam lembradas. Acho que a conscientização deve ser lembrada todos os dias, todos os meses e todos anos. É uma pauta e uma fala que precisa ser repetida, sobre o enfrentamento a violência doméstica e sobre qualquer tipo de violação contra o ser humano. Uma sociedade mais harmônica, mais justa,  mais respeitosa e não só na questão da violência contra mulher, mas na violência de gênero em geral, né? A gente fala da paridade salarial, da mulher ter o direito de se tornar uma mulher política, ter um cargo de CEO em uma empresa, ou seja, ela tem o direito de ter um cargo que os homens ocupam porque é direito dela. É constitucional, então temos que lutar por tudo isso junto, mas eu acho que isso é uma questão ainda embrionária. A gente vive em uma sociedade machista e patriarcal como falamos sempre. É um discurso repetitivo. Temos que lutar todos os dias, como mulheres, para assim nos fortalecermos. As mulheres precisam ser mais unidas.

OFuxico: Você tem uma trajetória de vida linda. Como se sente em ser uma mulher admirada e ser uma grande representante da classe feminina?
Luiza Brunet:
  Me sinto muito lisonjeada pela trajetória que construí. Foi orgânica mesmo. Nunca tive a felicidade de ter um mentor e sempre fui uma pessoa intuitiva, mas os meus preceitos sempre foram preceitos de respeito ao próximo, de fazer tudo da melhor forma possível Na minha vida inteira sempre lembrei de que era importante a gente contribuir. Sou uma pessoa privilegiada por ter saído de um lugar pouco provável de acontecer no Brasil e agora no mundo. Tenho viajado o mundo inteiro e sou ouvida. Isso é muito importante. Tenho orgulho da minha própria história, não tenho vergonha de nada pelo que passei. Na minha opinião, tudo isso serviu de trampolim para me fortalecer e me tornar a mulher que me tornei. Sou uma mulher forte e consciente, que não tem medo, que batalha pelo o que quer conquistar sem atropelar ninguém. Tenho orgulho da minha própria história.

 

 
Luiza Brunet conversou com exclusividade com OFuxico!

Perrengue na Carreira

OFuxico: Você foi modelo em uma época diferente dos dias de  hoje. Qual foi o maior perrengue que você passou naquela época por ser linda e talentosa?
Luiza Brunet:
O perrengue que encontrei na profissão foi justamente o fato de ter um corpo curvilíneo, esguio e pele morena tipicamente brasileira. Por ser uma mulher fisicamente atraente, era convidada e contratada para fazer as campanhas de lingerie, de maiô, sempre com o corpo à mostra, principalmente em reportagens que fiz para as revistas Playboy e Ele & Ela da época. Fui madrinha da seleção brasileira três anos seguidos, por exemplo. Os percalços que tive foram de homens machistas que achavam que ali eu era uma mulher-objeto, disponível para propostas sexuais e isso era uma coisa que achava horrível e me incomodava bastante. Naquela época, não se falava em assédio moral e sexual, mas sofri bastante isso durante a minha carreira. Minha atitude era sempre contestar isso, não suportar e brigar, não aturar e brigar. Briguei muitas vezes com muitos homens que permeiam esse mundo da moda do desfile e do glamour. Sempre fui contra esse posicionamento masculino. Eu me posicionava e acredito que fui construindo uma história limpa e de que me orgulho. Não sou contra o que as pessoas querem fazer da sua própria vida, respeito a opinião, as decisões e as atitudes dos homens e mulheres que passam por esses perrengues e acabam aceitando.

Assédio de Fã maluco


OFuxico: Você já sofreu assédio de algum fã maluco?

Sofri um assédio de um fã maluco há pouco tempo, isso foi há cerca de cinco anos. Fui assediada por um homem regularmente no meu telefone. Ele mandava carta, me telefonava, usava todas as minhas redes sociais e me incomodava muito mesmo, a ponto de eu precisar fazer uma denúncia em uma delegacia de São Paulo. Na própria delegacia, o promotor de Justiça decidiu armar um encontro no hall de um hotel e esse rapaz foi ao meu encontro e foi algemado e preso e levado à delegacia para que ele esclarecesse o porque que ele me “stalkeava” e me perseguia dessa forma. Era uma pessoa que eu conhecia de vista e ele foi desmascarado. Aprendi na vida que se a gente não tomar atitudes a gente vai ficar sempre à mercê de pessoas tentando deixar que a gente fique desestabilizado.

Maior Causa Defendida


OFuxico: Você é uma mulher ativista que defende os direitos da mulher. Atualmente qual a maior causa que você defende?

Sempre trabalhei com causas sociais em várias áreas. São tantos projetos e de quatro anos para cá eu me tornei uma ativista mais ativa. Antes disso, fui embaixadora do Instituto Avon e tinha uma noção real do que acontecia com as mulheres no Brasil e no mundo em relação à violência doméstica e violência de gêneros e todas as violações que as mulheres sofrem. Trabalhar em prol das mulheres e de seus direitos é dizer que não devemos suportar nenhum tipo de violação seja lá de quem for, mas principalmente do nosso companheiro, marido. Tenho trabalhado bastante com essa pauta, porém também falo sobre o empreendedorismo feminino sobre fortalecimento da mulher, mulheres na política, violações sexuais contra criança, meninas assediadas por ex-namorados…

Medo de Envelhecer?

OFuxico: Você é icônica. Sua beleza só melhora.  Você tem medo de envelhecer?
Luiza Brunet:
Nunca tive medo de envelhecer e sempre tive a mania de aumentar um ano no meu calendário de aniversário (risos). Eu me sinto uma mulher muito bem com a idade em que me encontro, se formos comparar com as mulheres do passado, de outra geração. Acho que quando uma mulher escolhe atividade física, ela envelhece devagar porque tem um propósito na vida dela. A gente tem que fazer as escolhas certas para que no final da nossa vida a gente esteja plena com a idade que a gente tem.

OFuxico: Qual o conselho que você dá a todas nós mulheres hoje no nosso dia?
Luiza Brunet:
Digo para as mulheres que elas são seres maravilhosos porque elas têm a capacidade de se tornarem mães seja naturalmente engravidando ou adotando um filho. O sentimento materno é uma coisa maravilhosa que elas se sintam fortalecidas, respeitadas e que não suportem viver em relacionamentos abusivos, porque elas são muito mais que isso. É importante que elas estejam atentas aos sinais de relacionamentos abusivos, para sair o quanto antes. A gente sabe o ciclo da violência, é perigoso, invisível e doloroso e pode levar à morte. E saiam mais rápido possível da relação ruim que elas estão vivendo, para que possam recomeçar uma nova história com uma pessoa, que de fato a respeite e a ame com o respeito que ela merece. 

OFuxico: Sua voz se tornou um exemplo na luta contra a violência contra as mulheres. Como avalia sua contribuição para a causa?


A sociedade precisa ter pessoas engajadas para que tudo funcione bem. O papel que escolhi fazer com cidadã em prol da sociedade é o enfrentamento da violência doméstica. Acho que precisa ter uma fala unificada e movimentos unificados da própria sociedade em prol do que a gente precisa, desse acolhimento, da gente se pronunciar, da gente fazer as pessoas invisíveis se tornarem visíveis. É importante que a gente possa dar oportunidade de trabalho, ensinar as pessoas, ter paciência e exercer o nosso papel de cidadão. No Brasil, a gente encontra uma série de problemas que precisam ser resolvidos. Isso não depende apenas dos governantes que estão aqui, ou que estiveram no passado ou os que virão no futuro. Depende muito de uma sociedade fortalecida, unificada e com propósito.

 

Notícias Relacionadas