Novo K-drama da Netflix, ‘Vincenzo’ transforma o vilão em simpatia pura

Por - 09/05/21

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Vincenzo… Cassano! Foi assim que eu fui conquistada por mais um dorama, ou melhor, K-drama, disponível na Netflix, e surpreendentemente cativante. Tudo bem que eu sou libriana, um coração cheio de amor para dar e aqueles papos astrológicos sobre sedução e romance, mas é que Song Joong-ki, o intérprete de Vincenzo, que dá nome à produção, tem um charme, sabe. E como já cantou Britney Spears uma vez: Mama I'm in love with a criminal…

Bom, mas uma produção com nome italiano feita na Coreia do Sul? Isso mesmo! E confesso que é uma mistura que eu nunca sequer imaginei e resultou no mais bom humor sul-coreano, arrisco a me dizer asiático, que te faz rir com situações bobas e efeitos sonoros que eu não escolheria, mas foram a cereja do bolo, e o charme mafioso espalhado por "O Poderoso Chefão" (1972).

Ah! A máfia não foi um trocadilho, não. Vincenzo realmente é mafioso! Tudo o que ela aprendeu a ser (frio e calculista como Thomas Shelby, de "Peaky Blinders") veio da criação. Ele foi adotado por uma família italiana aos oito anos de idade, resultado de uma traição de gangue. Mas as raízes coreanas não saíram dele, tanto é que há frases em italiano, porém, o diálogo na língua coreana é predominante, até mesmo para Vincenzo, que volta à terra natal com objetivo de acessar o porão de um prédio com vários inquilinos dos mais variados tipos, onde há toneladas e mais toneladas de ouro.

A partir daí, a narrativa começa a desenrolar de maneiras inesperadas, como o próprio humor, pois com o clima tenso de vingança e mortes nos primeiros minutos voltam o imginário do espectador ao suspense e à ação mais sangria.

A reviravolta

 

Assim que chega na Coreia do Sul, Vincenzo passa por um perrengue daqueles. Adiante, indo de encontro a Cho, um amigo de negócios, encontra o edifício que precisava encontrar, no entanto, os inquilinos e o quarto no qual se hospeda dão aquele sustinho básico nele, cuja criação foi dura, rica e com sentimentos sempre bem controlados.

Em meio às investidas para chegar ao tesouro não tão perdido, camadas vão se abrindo não só da vida de Vincenzo, como também da história, introduzindo outros personagens, cruzando tudo isso de uma maneira dinâmica e que prende a atenção ao longo das 1h20 de cada um dos 20 episódios.

A curiosidade vence o cansaço

 

É difícil encontrar produções tão longas em duração de episódio juntamente com o número de episódios de uma mesma temporada em obras ocidentais. Ainda, é preciso gostar muito do enredo para consumir o produto ("Sherlock", eu te amo, mas a quarta temporada poderia ter sido melhor). Agora imagina estudar tais considerações e colocar a mão na massa? Coragem e confiança.

O humor de "Vincenzo" às vezes cansa, perde a mão, parece inoportuno em determinadas ocasiões. O drama é outro fator que peca um pouco quando torna-se caricato. Contudo, aquele desejo em torcer pelo vilão e ver a redenção de outros, aliando o desejo do bem comum a ajuda ao próximo, nos faz relevar os detalhes. 

Aliás, charme (eu já falei disso, né? Desculpa!) do protagonista colabora para que olhos não desviem da tela, seja do computador, celular tablet ou da TV.

A arte imitando a vida… ou seria o contrário?

 

O dorama tem, como objetivo, algo muito comum em vários produtps com a pegada policial, dramática: denunciar grandes corporações coreanas (incluindo brigas familiares internas para herdar o controle das empresas) e a exposição de todo um sistema corrupto nos mais variados setores do país, principalmente a Justiça. Há crítica também ao modo como as mulheres são vistas, tanto no contexto mundial quanto na Coreia, envolvendo submissão e casos mais graves, como o assédio.

São problemáticas, lições, lutas de todo dia, pinceladas na série e cada mudança de cena, mostrando e criando novos olhares ao público, levantando debates certeiros e importantes.

O que cativa, com certeza, é a maneira que a direção encontrou, firme, para atrevessar esses conflitos e extremos, sem se perder pelo caminho. O próprio Vincenzo é o grande exemplo: vai de violência mafiosa, com práticas de tortura, à comédia em um piscar de olhos, sem soar desconexo.

Dizem que dorama é um estilo de produção com nicho específico. Acredito nisso. Só não acho que deve ser assim. "Vincenzo" tornou-se popular na Netflix e torço pára que continue assim, É uma história interessante, que foge do que estamos acostumados, e é um verdadeiros respiro dentro das receitas clichês e genéricas do ocidente, principalmente de Hollywood. 

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