Notícias às 07:11

Perucas laces: Saiba mais sobre a tendência no mundo dos famosos

Foto: Acervo pessoal

Ana Maria Braga já deixou claro que não gosta de se prender ao habitual. Com mais de 40 anos de carreira, a apresentadora, em menos de dois meses, já surgiu com vários estilos e cores de cabelo diferentes, e as mudanças no visual estão dando o que falar. 

Mas se engana quem pensa que aqueles são os fios de verdade de Ana. A jornalista está mergulhada em uma das maiores tendências da atualidade, as perucas laces, que permitem abusar dos mais variados estilos sem se preocupar com os danos no cabelo. 

As laces se diferenciam das perucas tradicionais pelo fato de terem uma característica especial: uma tela interna bem fininha que simula o couro cabeludo, onde os fios de cabelo são costurados um a um. O resultado disso é uma peruca com um efeito mais natural do que as tradicionais, além de dar mais leveza para os cabelos e possibilitar o manuseio deles com mais facilidade.

OFuxico conversou com Luiz Crispim, especialista em soluções capilares há mais de 15 anos, que contou várias curiosidades sobre o universo das perucas, que já está conquistando muitas pessoas não só no Brasil, mas em todo o mundo.  

Katy Perry é você? Ana Maria Braga surpreende com cabelo azul

“A perucaria tomou um outro rumo hoje, tanto nacional quanto internacionalmente. Ela deixa de ser apenas sobre uma peruca simples para se tornar uma mudança de vida para as pessoas, mesmo quando elas estão em um momento delicado de quimioterapia, por exemplo, como o caso da Ana Maria Braga”, disse o profissional, que atualmente oferece as laces para a apresentadora. "Nós estamos pegando um outro momento, onde a peruca passa a ser um acessório tão natural que tem gente que confunde com um cabelo de verdade. É um momento muito bacana, em que a gente sai de algo que era antigo, que era só para teatro, cinema e televisão, para ser algo de uso diário. Hoje, se a mulher quiser ter vários cabelos na semana, ela consegue. E de forma que pareça natural”, completou. 

Identidade

Mesmo que a técnica inovadora das perucas laces faça muita diferença, não é só esse o segredo para que o resultado seja impecável. Ter um profissional que entenda o formato do rosto, o estilo e até a personalidade do cliente é essencial para conseguir um visual que realmente combine com ele.

“O meu trabalho com a Ana Maria Braga é em conjunto com o cabeleireiro dela de anos, Marcio Granado. Porque até para mudar uma mulher como ela, que já tem uma imagem fixa na TV Brasileira, tem que ser junto de um profissional que conheça ela no dia a dia. Eu cedo as perucas e o Marcio faz o trabalho de coloração. É bacana porque a gente vê que para fazer um trabalho para uma pessoa, existe toda uma equipe por trás, um trabalho em conjunto. Identidade é algo muito pessoal, então essa é uma preocupação que a pessoa também tem que ter na hora de escolher uma lace. Às vezes ela vê no artista um resultado, mas se ela tem um rosto com um formato e uma estética diferente, talvez não fique como ela gostaria. Então a personalização, o cuidado de escolher a lace ou a peruca que combine com o rosto é o que vai fazer com que ela se torne natural, não apenas o acabamento”, explicou Luiz, que reforça a importância de entender que cada pessoa tem uma necessidade diferente.

Ana Maria Braga com perucas laces em várias cores diferentes

“Eu tenho que me envolver com o momento da pessoa. É entender o que ela precisa. Eu tenho milhares de perucas na minha loja, mas nem sempre aquela serve para aquele cliente. Eu tenho que criar, tenho que desenvolver. Esse é o segredo das laces e das perucas, elas passam por uma personalização”, revelou.

Por trás das cenas

Mesmo que pareça simples, o uso e a personalização das perucas no mundo dos famosos é mais difícil do que parece. Pode até parecer que não, mas por trás daquele visual super produzido e aquele cabelo arrasador, existe toda uma equipe que estudou muito as circunstâncias para que aquele look ficasse perfeito. 

Viviane Araújo combina look com namorado em dia de praia

O Carnaval é o primeiro exemplo que surge na mente de Luiz quando o assunto são os bastidores. O profissional, que já fez os cabelos de grandes nomes como Viviane Araújo, Paolla Oliveira e Deborah Secco nesta época do ano, reforça a importância de entender todo o contexto da apresentação para escolher o modelo certo das perucas, que dão o toque final no visual.

Deborah Secco, Paolla Oliveira e Viviane Araujo com perucas no Carnaval

“Tudo é estudado. Se no dia vai chover, se o cabelo será orgânico ou sintético, se vai passar o efeito que a gente quer, o comprimento dos fios. É estudada a proposta da fantasia, o personagem na Avenida, o clima. Se for chover, a gente usa um cabelo sintético para continuar dando efeito e volume, por exemplo. Então, quando se trata da questão da identidade da pessoa, do personagem, do artista e do sonho que ele tem de ter o visual dele mudado, há uma entrega muito grande”, disse o especialista, que reforçou que no caso de apresentações, o uso de perucas laces apenas encaixadas não funciona.

“Há uma personalização para que o trabalho fique perfeito. Não existe usar lace só de encaixe para casos artísticos. Tem que ter finalização, tem que entender a proposta e construir aquilo que fique bacana, caso contrário, o público cai matando”, completou.

Pocah usando os cabelos de Luiz Crispim

Cuidados 

Os cuidados com as perucas laces são um ponto extremamente importante. Não só durante o uso da peça, mas até durante a aplicação dela. Crispim reforça a importância de ter o auxílio de um profissional e de ter cuidado com a peça, justamente pela delicadeza do material com que ela é feita.

“A lace geralmente é construída para o tamanho da cabeça do cliente, para as medidas e o formato do rosto dele. Mas para ter um resultado 100%, a finalização também precisa ser feita na cabeça. Fazer o corte, liberar o cabelo, fazer um franjão. O cuidado começa desde a aplicação, tendo um profissional que entenda o conceito de visagismo, de corte ideal para o tipo de rosto daquele cliente. Porque se a pessoa tiver que fazer mudanças muito drásticas, como coloração ou cortes em sequência, ela acaba estragando um material como esse, justamente por ele ser feito com uma técnica muito fina, de renda”, afirmou o especialista, que também chama atenção para a higienização e o tempo de uso na cabeça, principalmente pelo suor do couro cabeludo.

Ana Maria Braga ironiza governo Bolsonaro ao usar colar com tomates

Quando o assunto é a peruca feita com cabelo orgânico, Luiz afirmou que os cuidados com os fios devem ser ainda maiores, principalmente por não receberem os nutrientes do couro cabeludo, que são essenciais para a hidratação. 

“É incomparável quando falamos de cabelo humano. Cabelo humano é jóia, não se planta e nem se fabrica. Então uma hidratação especializada, com produtos para cabelos naturais, faz a diferença. Até porque, são cabelos fora da cabeça, que não recebem oleosidade do couro cabeludo, que é muito importante para os fios. Já existem linhas de tratamentos capilares para laces”, afirmou Luiz.

Luiz Crispim segurando um dos seus modelos de cabelos

É importante chamar a atenção para o fato de que grande parte da demanda das perucas ainda vem de pessoas que sofrem com queda de cabelo. Neste caso, estes clientes devem ter ainda mais cuidados, principalmente pela sensibilidade do couro cabeludo. 

“O paciente oncológico, por exemplo, tem imunidade baixa. Ele não pode usar nem esmalte, nem coloração. Então uma aplicação de lace para ele de fato é de encaixe: tira e coloca. Não é recomendado o uso de adesivo, porque toda fixação tem química. Já um paciente com alopecia muitas vezes está em tratamento, então requer um profissional que entenda o estado atual do cliente. No entanto, quando é uma alopecia fibrosante cicatricial, que já teve um diagnóstico do tricologista ou dermatologista afirmando que não vai mesmo crescer mais cabelo, mesmo que ainda requeira cuidados, a fixação é muitas vezes liberada pelo próprio especialista”, explicou Crispim. 

Transformando vidas

Convivendo diariamente com histórias de superação, desde que começou a mergulhar no universo da perucaria, aos 16 anos, onde trabalhava respondendo mensagens das clientes do local, Luiz entendeu o quanto o cabelo afeta diretamente a autoestima. Os fios funcionam como uma extensão da personalidade, e se identificar com eles é um grande passo rumo à autoconfiança. Foi dessa ideia que surgiu o Projeto Confio, projeto social idealizado por Crispim que tem a responsabilidade de fazer perucas e próteses idênticas ao cabelo da mulher antes da queda. 

“Para mim, foi uma surpresa quando eu pude realizar o meu trabalho social da forma que eu queria, mesmo depois de muitos anos participando de outras ações sociais. De eu olhar e falar ‘nossa, não parece que essa mulher está de peruca’. O que acontece é que as pessoas doam os cabelos para os projetos, que montam várias perucas com eles. E muitas vezes aquilo não tem a ver com a identidade da pessoa que vai recebê-la, acaba sendo algo só para tampar a ausência de cabelo”, explicou o profissional.

“Uma mulher que tem a perda de cabelo, quer ter a sua identidade de volta. Se ela tinha um cabelão gigante, por exemplo, e recebe um cabelo curto como doação, ela não vai se sentir bem”, completou.

Não só nas ações sociais, como também no dia a dia, Luiz reforça a importância de entender a necessidade de cada pessoa e de se colocar no lugar do outro. Muito mais do que ser conhecido, saber ser humano e entender a história de cada um é essencial para um bom trabalho.

“Eu acho que é esse o diferencial do meu trabalho, conhecer. Eu não sou vendedor de perucas, eu nem gosto desse termo. Eu entendo o que a pessoa precisa e vou atrás da solução por meio de perucas, apliques, mega hair. Aquilo que não vai trazer danos ao cabelo dela e que vai deixar de fato uma estética bonita”, afirma o especialista. “O segredo não é ser famoso, é ser útil na vida das pessoas, é olhar a necessidade delas. Meu tratamento profissional vai além da classe social, da fama, do que a pessoa tem. Eu trabalho com a cabeça das pessoas. Nós temos que tratar as pessoas como nós gostaríamos de ser tratados. Para mim, o que importa é o resultado”, complementou.

Notícias Relacionadas