Eleições: O que é ‘Direita’ e ‘Esquerda’? Tire todas suas dúvidas!

Por - 03/07/22 - Última Atualização: 1 julho 2022

lula e jair bolsonaroReprodução/Instagram

As eleições estão chegando e o ano de 2022 promete marcar a história da política brasileira. O motivo? O possível embate entre Jair Bolsonaro e Lula em um provável 2º turno. Enquanto alguns desprezam todas as atitudes de Bolsonaro, outros abraçaram a figura de Jair e apoiam qualquer decisão tomada pelo ‘capitão’. Porém, há também aqueles que não entendem muito de política e, pensando nisso, OFuxico vai explicar os conceitos básicos envolvendo a política nacional.

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Para começar, conversamos com o cientista político Uriã Fancelli para entender de uma vez por todas o que é a ‘Direita’ e a ‘Esquerda’ e as dúvidas que rodeam essa discussão. Confira a entevista:

OFuxico: O que é a direita?

Uriã Fancelli: Teoricamente falando, a “direita” é conhecida por seguir comportamentos mais tradicionais, como todos chamam de “conservador”, num governo onde o Estado interfere menos na economia. A “direita” foca em politicas que representam ideias mais liberais, como por exemplo a privatização em resposta para a melhora da economia.

OFuxico: O que é a esquerda?

Uriã Fancelli: Já a “esquerda” todos conhecem por ser a luta dos trabalhadores, com comportamentos mais progressistas, em prol de mudança, num governo onde o Estado intervém na economia. A “esquerda” aborda mais as pautas sociais, como por exemplo leis em prol de minorias.

OFuxico: Quando iniciou essa separação?

Uriã Fancelli: Para a gente conseguir entender a separação de ideologias de “esquerda” e “direita” temos que voltar lá para o século XVIII, no período das assembleias na França. Naquela época existia uma burguesia que buscava junto à população diminuir os poderes dos nobres (ricos) e do clero (igreja). Essa fase marcava o inicio da famosa Revolução Francesa. No intuito de criar a nova constituição francesa, foi montada uma Assembleia Nacional Constituinte, onde os nobres não gostaram da ideia dos pobres participarem e acabaram preferindo ficar sentados separadamente, coincidentemente no lado direito e os pobres no esquerdo, por isso ficou conhecida a “esquerda” como a luta dos direitos trabalhadores e a “direita” dos interesses da elite.

OFuxico: Quais os maiores representantes em toda a história da direita; e da esquerda?

Uriã Fancelli: Um grande exemplo mundial de governo de direita foi o da inglesa Margareth Thatcher e de esquerda o cubano Hugo Chávez, ambos representam perfeitamente a tese ideológica de “direita” e “esquerda”.

OFuxico:  Bolsonaro é extrema direita e Lula é extrema esquerda?

Uriã Fancelli: Extremo está ligado ao autoritarismo e ditaduras, porém eu creio que não tivemos isso em nenhum dos dois governos. O que ocorreu em ambos foram medidas populistas e principalmente no governo Bolsonaro, negacionistas. Os dois possuem vieses direcionados em suas politicas sim, mas não podemos dizer que ambos são extremos em seus governos.

OFuxico: O que é o centro? Ele realmente existe?

Uriã Fancelli: Centro no Brasil é um termo considerado pejorativo nos dias de hoje, muitos dizem que são as pessoas em cima do muro, ou que isso tem a ver com o “centrão”, que domina o Congresso Nacional. Em minha visão, existe sim o centro e são pessoas que não se encaixam nos pensamentos de “direita” e nem de “esquerda”, ou até mesmo acreditam em um pouco de cada ideologia.

OFuxico: Como entender se você é de direita ou de esquerda?

Uriã Fancelli: Acredito que em pleno século XXI não podemos nos colocar em “rótulos” mais, “esquerda” e “direita” são apenas ideias ultrapassadas. Num mundo tão polarizado no qual vivemos, lutar pelo crescimento e evolução do país respeitando os direitos humanos e sem preconceitos é a solução para um mundo melhor sempre focando no bom senso. A luta de minorias deve ser de todos, da mesma forma que políticas econômicas devem ser baseadas em prol do bem-estar da população. Não podemos mais incentivar esse tipo de “rixa”, no final do dia todos queremos a mesma coisa: um país em harmonia e desenvolvido. Todos temos, dentro de nós, ideais e pensamentos que se relacionam com a direita e a esquerda. Autoidentificar-se com um desses lados do espectro político significa abrir mão de nossa autonomia de pensamento. É como se fôssemos colocados em “caixas” limitadoras que nos impedem de ter uma visão de mundo própria.

SOBRE URIÃ FANCELLI

Uriã Fancelli Baumgartner é autor do livro “Populismo e Negacionismo”, que durante diversas semanas ocupou o topo do ranking entre os livros de política mais vendidos da Amazon. Além disso, possui mestrado-duplo em European Studies and Culture pela Universidade de Groningen (Países Baixos) e Universidade de Estrasburgo (França). Seu mestrado faz uma ponte entre Estudos Sociais, Culturais e Ciência Política, com forte foco na União Europeia.

Uriã também é bacharel em Relações Internacionais pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), onde surgiu seu interesse em analisar movimentos populistas e organizações internacionais. Participou das Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial em Washington e trabalhou na Seção Política da Delegação da União Europeia no Brasil, na qual realizou pesquisas sobre questões políticas atuais.

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