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Racismo no Grammy? Premiação está envolvida em polêmica

Reprodução/Instagram/Divulgação

A ausência do cantor Abel Makkonen Tesfaye, o The Weeknd, da lista dos indicados ao prêmio Grammy 2021 gerou muita indignação. O artista dominou os rankings musicais dos Estados Unidos este ano e ainda ganhou dois prêmios VMAs. 

Apesar da canção Blinding Lights, do álbum After Hours, ter ficado no topo do ranking da Billboard por quatro semanas seguidas, quebrado recordes, o cantor foi ignorado na premiação. O artista, que é negro, inscreveu seu álbum de sucesso na categoria Pop. Apenas artistas brancos foram indicados ao Melhor Álbum de Pop Vocal: Justin Bieber, Lady Gaga, Taylor Swift, Harry Styles e Dua Lipa.

No entanto, The Weeknd não foi o primeiro artista negro a se envolver em polêmica com o Grammy, muito menos a não ser reconhecido pela bancada branca e elitista da premiação. Pensando nisso, OFuxico separou alguns artistas incríveis que foram deixados de lado pelo evento, além de trazer algumas outras polêmicas envolvendo outros artistas. 

Vem conferir!

Jimi Hendrix

Jimi Hendrix, considerado um dos o maiores guitarrista de todos os tempos, uma contínua inspiração dos atuais guitarristas e que revolucionou a forma de olhar e tocar o instrumento não possui nenhum Grammy. 

Para falar a verdade, mesmo com toda a sua reputação, o artista só conseguiu uma nomeação em toda a sua vida. Entre sua chegada à cena em 1967 e sua morte súbita em 1970,  o seu único aceno veio para sua performance revolucionária do hino nacional em Woodstock.

Sua interpretação de "The Star-Spangled Banner" de 1969 ficou entre os indicados para Melhor Performance Instrumental Contemporânea no ano seguinte. No entanto, foi Henry Mancini quem saiu com o prêmio.

Nasir Jones

Nas também é um exemplo de rapper que tem uma influência enorme, além do grande impacto social e que mesmo assim nunca ganhou nenhum Grammy, sendo indicado 14 vezes, incluindo o Melhor Álbum de Rap de 2021, com King’s Disease.

Snoop Dogg

Snoop Dogg é também foi esnobado pelos jurados da Recording Academy. Indicado 18 vezes ao Grammy, também nunca ganhou nenhum. Em 2016, o rapper revelou que não submeteria mais os seus trabalhos ao Grammy. Em um vídeo amador postado no Facebook, o artista xingou a Academia e ressaltou que questões raciais estão presentes entre as categorias, indicados e ganhadores. “Que tal criamos uma premiação dos negros? Vamos dar a eles tudo o que eles merecem por ontem, hoje e amanhã”, propôs.

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Nicki Minaj

Nicki Minaj construiu toda sua carreira sem nenhum Grammy. Ela foi indicada dez vezes desde 2011, mas nunca saiu vitoriosa. Desde 2016, ela não é mais nomeada. Com o lançamento da lista de nomeados ao Grammy 2021, a artista se pronunciou nas redes sociais para relembrar o início da sua carreira, na cerimônia de 2012, quando estava indicada a quatro categorias – incluindo Artista Revelação – e não venceu nenhuma.

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"Nunca se esqueça que o Grammy não me deu o troféu de Artista Revelação quando eu tinha sete músicas simultaneamente nas paradas da Billboard e a maior semana de lançamento que qualquer outra mulher rapper na última década — o que inspirou uma geração. Eles deram o prêmio para o homem branco, Bon Iver", escreveu no Twitter.

Kanye West

 

Kanye West, apesar das suas ações polêmicas, foi continuamente chamado de “invejoso” e “recalcado” por fãs de cantoras pop por expôr a sujeira que a Recording Academy esconde embaixo do tapete. 

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Mesmo sendo um dos maiores vencedores do Grammy, o rapper foi indicado 57 vezes. Ganhou 21. Nenhuma vez em categorias fora do Rap/R&B. “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, álbum lançado pelo mesmo em 2010 e considerado um dos melhores da década, também foi esnobado, mesmo fazendo toda a crítica branca se curvar e aceitar sua excelência artística. Kanye causou polêmica ao publicar um vídeo no Twitter em que mostra um Grammy dentro de uma privada. Não satisfeito, ele urina no troféu. A gravação foi postada como uma forma de protesto a indústria da música norte americana que, de acordo com o cantor, escraviza artistas.

Prince

Prince, uma lenda na música, recebeu 32 indicações ao Grammy Awards, e venceu em 7 oportunidades. Dois álbuns (1999 e Purple Rain) foram incluídos no Hall da Fama do Grammy Awards. Mesmo assim, o artista morreu sem receber nenhum prêmio de Álbum do Ano, mesmo com todas as suass grandiosas produções.

Jay-Z 

Jaz-Z, mogul do rap, com treze álbuns número #1, recebeu 80 indicações ao Grammy e ganhou 22, nenhuma fora de categorias de música urbana. Ele está concorrendo ao prêmio de Música do Ano e Melhor música R&B em 2020 com Black Parade, além de Savage, que está na disputa pela categoria Melhor Rap 2020. 

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Bob Marley

Bob Marley, que trouxe projeção mundial para o reggae, jamais foi premiado pelo Grammy. Além disso, a indicação do artista à premiação só veio em 2002, mais de duas décadas após a sua morte como melhor videoclipe Long Form. Isso porque uma categoria de reggae não foi adicionada até 1985.

Beyoncé

Beyoncé, sinônimo de excelência artística viva atual, com 79 indicações, ganhou 24. 18 em categorias urbanas. Nenhum Álbum do Ano, fato que chamou muito a atenção em 2016, quando a cantora perdeu o prêmio em que concorria com o álbum Lemonade para Adelle. 

Em um discurso emocionante, a cantora homenageou Beyoncé.

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“Eu não posso aceitar esse prêmio. O álbum ‘Lemonade’ foi tão monumental, Beyoncé. Foi tão bem pensado e lindo e honesto. Nós somos gratos por isso. Todos nós artistas aqui te amamos. Você é a nossa luz. O jeito que você faz eu e meus amigos se sentir. O jeito que você faz os meus amigos negros se sentirem é tão empoderador. Eu te amo”, disse ela.

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Mesmo assim, Beyoncé pode bater recordes ano que vem. A artista recebeu nove nomeações ao todo, mas ela precisa vencer apenas quatro para quebrar um recorde histórico. Caso conquiste mais quatro troféus, Beyoncé se tornará a mulher mais premiada da história do Grammy 

Frank Ocean

Ele foi um dos primeiros a boicotar a premiação por convicção e surpreendeu a todos ao não submeter “Blond” à avaliação da Academia. O álbum era um dos mais aclamados de 2016. 

Frank escreveu a sua opinião acerca disso em carta aberta, confirmando seu boicote e colocando em pauta a questão do Grammy 2016 ter premiado um álbum pop de uma cantora branca que vendeu como água, mas que não trouxe nada reflexivo para a cultura (1989 de Taylor Swift) ao invés do álbum que foi simplesmente ovacionado por todos os veículos de crítica, mas que é de um rapper negro (To Pimp a Butterfly de Kendrick Lamar).“Ganhar um prêmio de televisão não me batiza como um sucesso”, disse em carta aberta, “se vocês estiverem dispostos a discutir sobre a parcialidade cultural, então eu estou aqui”

Drake

Drake também bateu de frente com a categoria. Em 2015, Drake não só foi nomeado como ganhou o Grammy nas categorias Melhor Música de Rap e Melhor Performance de Rap/Sung pelo hit Hotline Bling. No entanto, o rapper revelou não aceitar a honra, já que não concorda que sua música estivesse encaixada com o gênero em que foi indicado. Para ele, a single é pop e não se trata de uma música rap.

“Eu sou aparentemente um rapper, mesmo que Hotline Bling não seja uma canção do rap”, disse Drake durante o programa Beats 1, da rádio OVO Sound. “A única categoria que puderam me encaixar foi numa de rap, talvez, porque fiz algo no estilo no passado ou porque eu sou negro. Eu não consigo descobrir o motivo”, completou ele, levantando uma questão sobre o racismo.

“Ganhei dois prêmios, mas não quero aceitar porque me sinto estranho por alguma razão. Isso simplesmente não me parece certo”, finalizou.

 

Já em 2018, Drake se recusou a inscrever suas músicas na premiação. Como de costume, as gravadoras enviam seus candidatos para a avaliação da academia. O cantor poderia ser indicado com o álbum “More Life”, que tecnicamente é um mixtape, mas se encaixa nas regras da Academia.

 E o caso de amor e ódio de Drake com Grammy é antigo. Como senão pudesse ser mais polêmico, o cantor, em 2013, usou o troféu como caneca para o vídeo promocional do álbum “Nothing Was the Same”. Ele transforma o troféu de Melhor Álbum Rap, por “Take Care” em um copo e faz todos de sua equipe darem um gole nele, causando, claro, a maior polêmica nas redes sociais.

Nina Simone 

Nina Simone também foi um grande exemplo do racismo na indústria. Apesar de ser um dos maiores nomes da música de todos os tempos, a artista sofreu um grave boicote desde que passou a se posicionar social e politicamente, tecendo críticas contra o racismo e desigualdades sociais por meio de sua música, quando começou a colocar o dedo na ferida não só no próprio racismo, mas também nas desigualdades sociais, além de ter participando fortemente em movimentos de resistência negra, como os Panteras Negras. 

Só no ano de 2017, ela foi reconhecida pela Recording Academy com o Lifetime Achievement. Uma vida inteira dedicada ao empoderamento negro, a luta pelos direitos civis e só em 2017 isso foi reconhecido.