Rosane Collor reclama da pensão que recebe do ex-presidente

Por - 16/07/12 às 00:00

Reprodução - Globo

Vinte anos depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, a ex-mulher dele decide abrir o jogo sobre esse período conturbado da história do Brasil.

Em entrevista ao programa Fantástico, Rosane confirma que para se defender de inimigos políticos, o então presidente Collor participava de sessões de magia negra nos porões da Casa da Dinda, a residência oficial do casal em Brasília. Sobre a saudade do poder ela revela. “O poder é efêmero, o poder um dia acaba.”

Em 1990, Fernando e Rosane Collor de Mello se tornaram o presidente e a primeira-dama mais jovens do Brasil, ele com 40 anos e ela com 26. Hoje, Rosane, que chamava atenção pelas roupas caras e extravagantes, passando sempre a imagem de mulher poderosa, se senta com a Bíblia entre as mãos em cultos evangélicos para pedir ajuda e dar testemunhos como este: “E olha que eu tive muitos momentos em que eu disse: Jesus, me leva, aqui nessa terra eu não quero ficar mais.”

Fernando Collor e Rosane ficaram casados por 22 anos. Há sete anos se separaram. Agora brigam na Justiça em um processo litigioso. Rosane está escrevendo um livro junto com o jornalista Fábio Fabretti. Na obra ela revela o que viu e viveu na presidência do ex-marido. “Eu me considero um arquivo vivo. E eu digo em todas as entrevistas, e inclusive já disse na Justiça, que se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello”, diz ela.

Rosane conta que chegou a ser ameaçada ao decidir ir à casa de uma pastora chamada Maria Cecília, da Igreja Resgatando Vidas para Deus. Cecília era amiga do casal Collor, e antes de se converter à Igreja, se dedicava ao que Rosane chama de magia negra. “Eu recebi um telefonema dizendo que eu não fosse a esse evento porque, se eu fosse, eu iria, mas eu não voltaria. E eu repreendi, disse que não tinha medo,” conta.

Rosane conta detalhes sobre esses rituais. “Foi um trabalho muito sério. Foi um trabalho imundo, podre, nojento, para que se colocasse ali, na presidência da República, aquele homem para administrar o Brasil. Trabalhos em cemitérios, trabalhos muito fortes. Com animais era matança mesmo. Galinha, boi, vaca, animais que são sacrificados.”

Rosane afirma acreditar que esses rituais deram origem ao que ela chama de "Maldição do Collor", e que ela e Maria Cecília só escaparam por terem aceitado Jesus. “Das pessoas que tentaram prejudicá-lo. Vários exemplos morreram de morte estranha. Eu acredito na maldição, de aquilo que quando você deseja o mal para alguém, isso pode acontecer.”

Fernando Collor não se preocupou em esconder que, durante o período de crise no casamento, andava sem a aliança. Rosane revelou também que o presidente e a primeira-dama mais jovens da história eram assediados nos salões da política.

Segundo Rosane, a dívida de Collor com ela é de R$ 950 mil. Ela briga na Justiça para ter acesso à parte dos bens que o ex-marido acumulou na vida pública. Os dois eram casados em regime de separação de bens. Quando casou, Rosane tinha 19 anos. “Eu não sabia, eu achava que tinha sido parcial. Eu achava que aquilo que ele tinha antes era dele. E aquilo que a gente construísse seria nosso. Mas infelizmente, pela minha imaturidade, eu assinei um documento que eu não sabia o que estava fazendo.” declara.

Hoje Rosane recebe uma pensão de R$ 18 mil reais e acha muito pouco. “Eu vejo amigas minhas que se separaram. Agora há pouco tempo eu tenho um caso de uma amiga minha que se separou, o marido não é ex-presidente, não é senador da República, e tem uma pensão de quase R$ 40 mil.”

Sobre seus sentimentos para com o ex-presidente ela confessa. “O Fernando foi o grande amor da minha vida, mas também foi minha grande decepção.”

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