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Sonia Braga e Leandra Leal relembram 11 de setembro

Divulgação / TV Globo

Na noite desta segunda-feira, dia 21, em Páginas da Vida, da Globo, serão exibidas as cenas que abalaram o mundo. O ataque de 11 de setembro. Naquela data, em 2001, em Nova York, um avião atravessou uma das torres do World Trade Center.

Em seguida, mais precisamente 18 minutos depois, outra torre foi atingida por mais um avião e desabou. Muito mais do que um marco para a passagem de tempo da novela, escrita por Manoel Carlos,  o dia 11 de setembro marcou a virada do milênio na vida real. A página oficial de Páginas da Vida, na internet, publicou depoimentos das atrizes Sonia Braga e Leandra Leal, que estavam em Nova York neste dia e contam o que viram e viveram nos momentos que se seguiram aos ataques.

Confira:

Sônia Braga – Na noite anterior aos atentados, assisti a um documentário na televisão sobre aviões que voavam muito baixo e depois dormi. Não sou de acordar muito cedo, mas naquela manhã me levantei às 8h30, mais ou menos, bastante angustiada.Queria ligar pro Mark, um amigo meu que morava lá- e agora mora no Brasil. Mas como ainda era muito cedo, resolvi voltar a dormir e ligar depois.

Antes de atingir a torre norte, o primeiro avião sobrevoou meu prédio e me acordou. Pensei: ‘Meu Deus, esse avião está voando muito baixo. Eles tinham razão naquele documentário’. E ouvi um som muito estranho, abafado, como se fossem fogos de artifícios. Mas era de manhã, não podia ser – meu prédio ficava a quarto quarteirões do WTC, que estava ao sul. Portanto, eu não estava olhando diretamente pras torres. Achei que poderia ser uma bomba no WTC".

Câmera na mão

"Um minuto e meio depois, eu olhava pra avenida quando ouvi o barulho do corpo de bombeiros. Liguei a televisão, mas não tinha nada. De repente, aquela cena que só acontece em cinema: a âncora do jornal tapou um dos ouvidos para ouvir a informação que acabara de chegar e disse: ‘Entrou um avião no WTC’. Pensei: ‘Meu deus, que acidente! Em seguida peguei minha câmera, liguei pro meu melhor amigo e deixei um recado na secretária eletrônica dele: ‘Mark, houve um acidente horrível no WTC, mas não é nada comigo. Vou ao terraço do meu prédio para fotografar o acidente’ – neste momento não tínhamos noção de que era um ataque. Devido à proximidade do meu prédio às torres, fiquei com medo de que meus amigos acordassem e se preocupassem comigo.

Quando esperava pelo elevador – o lado direito do meu corpo estava voltado para os apartamentos que tinham a visão do WTC – ouvi o som de uma parede inteira do prédio gritando. Eram as pessoas que estavam vendo o segundo avião entrar na segunda torre – agradeço a Deus por não ter visto, pois jamais teria me recuperado. É uma coisa da qual você jamais se recupera.

O pior momento

"Estava com o Mark ao telefone olhando para a avenida e vi todo mundo correndo. Esse foi o pior momento para mim. Pensei que que fosse um terceiro ataque. Vi todo mundo correndo: a polícia, o corpo de bombeiros…Foi quando ouvi a Susi – mulher dele que estava vendo tudo na televisão – girtando: ‘A torre está caindo! Sônia, saia daí!’ Quando cheguei lá embaixo vi a coisa mais estranha, que era uma nuvem de fumaça, de cinzas, que veio até a minha rua e parou – o vento estava soprando para o sul, o que, na minha opinião, salvou muitas vidas. E vi as pessoas saindo daquela fumaça com aquela camada branca pelo corpo. As pessoas começaram a entrar no meu prédio e a minha função era meio que proteger as crianças e ajudar as pessoas indicando onde era o banheiro para lavar o rosto, beber água, etc. Ninguém está preparado para isso. Você não está preparado para uma emergência nem se o seu prédio pegar fogo.
"Todo esse tempo eu estava com a minha câmera e não quis tirar foto. Sou muito assim: se esta acontecendo alguma coisa, quero tirar fotos. Mas isso era o que menos tinha importância naquele momento. O mais importante era eu ver em que poderia ser útil. Só que, quando estava me afastando do meu prédio pensei: ‘vou tirar uma foto porque é uma loucura o que está acontecendo’. chamei esta foto de "Denial’ (rejeição, em inglês).

Leandra Leal – “Eu estava no metrô, há umas 15 quadras do WTC, indo para aula de dança, quando o primeiro avião atingiu a torre norte. Só que, na cidade, ninguém sabia muito bem o que acontecia. Principalmente quem estava na rua e não em casa vendo televisão. Quando saí do metrô, as pessoas estavam comentando na rua: ‘Um avião bateu no WTC…’. Achei que o piloto tivesse perdido o controle ou teve um ataque cardíaco”.

É um ataque terrorista

“Quando entrei na aula de dança, o segundo avião atingiu a outra torre e a gente saiu da sala. Era muita fumaça. Minha mãe, que também estava em Nova Iorque, sabia em que escola de dança eu estava e ligou pra lá: ‘Leandra, acabaram de atacar Washington e um outro avião caiu também… É um ataque terrorista aos EUA. Saia daí, vá para casa, mas não passe perto do Empire State porque podem atacar outros pontos’”.

O Cheiro Ruim

“Quando sai da academia, via a fumaça e senti o cheiro ruim, horrível. Nova Iorque toda ficou com um cheiro muito ruim durante uns bons dias. E vi, também muito papel, pessoas desesperadas, passando mal, carros abandonados nas ruas… O caos. Andei umas 60 quadras até chegar onde estava minha mãe, que estava desesperada. A gente tentou ir doar sangue, mas as filas de doações eram imensas”.

Parte da História

“A primeira semana que seguiu aos ataques não tinha nada, parou tudo. E quem estava no Brasil sabia muito mais do que a gente. É como se eu estivesse na coroação de Carlos Magno ou no momento da queda da Bastilha. O 11 de setembro de 2001 é uma daquelas grandes datas que mudaram a História”.

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