Simon Gallup deixa a banda The Cure: ‘Cansado de traição’

Por - 16/08/21

Foto: The Cure Etc

Baixista de longa data da banda “The Cure”, Simon Gallup está fora do quinteto. O músico britânico de 61 anos fez o anúncio em seu perfil no Facebook na noite de sábado, 14 de agosto.

“Com o coração pesaroso (informo que) não sou mais membro do The Cure. Boa sorte para eles”, disse o baixista.

A ser perguntado por um amigo se estava bem após a notícia, se o motivo seria algo relacionado a saúde o músico respondeu: “Estou bem, apenas cansado de traição”.

Ele não deu mais detalhes sobre sua saída da veterana banda que, por sua vez, também não se pronunciou publicamente. O tecladista de longa data, Roger O’Donnell, fez um post curioso e irônico em seu perfil no Twitter.

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“Um amigo me disse que viu Lol na loja de guitarras comprando um baixo? “, escreveu.

Roger se referiu ao baterista e tecladista original da banda, Lol Tolhurst, que deixou o “The Cure” em 1989.

Em 2018, o vocalista Robert Smith disse ao Irish Times que se o Simon Gallup deixasse a banda, “não seria chamado de The Cure”.

“Para mim, o coração da banda ao vivo sempre foi Simon, e ele sempre foi meu melhor amigo. É estranho que ao longo dos anos e décadas ele tenha sido frequentemente esquecido. Ele não dá entrevistas, ele não está realmente lá fora e ele não desempenha o papel de um contraponto para mim em público, e ainda assim ele é absolutamente vital para o que fazemos”, assegurou Robert Smith.

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TRAJETÓRIA DE SIMON GALLUP NO THE CURE

Simon Gallup entrou no “The Cure” em 1979, após o lançamento de seu álbum de estreia “Three Imaginary Boys” e apareceu em todos os três LPs em sua “Dark Trilogy” – “Seventeen Seconds” (1980), “Faith” (1981) e “Pornografia” (1982). Tensões com Robert Smith fizeram com que ele deixasse temporariamente a banda, por quase dois anos.

Em 1984, Gallup voltou ao “The Cure” e permaneceu como baixista desde então.

Embora o último álbum das lendas do rock gótico, “4:13 Dream”, tenha sido lançado em 2008, Smith disse em junho deste ano que a banda havia gravado dois novos álbuns.

“Provavelmente em cerca de seis semanas, poderei dizer quando tudo sairá e o que faremos no próximo ano e tudo mais”, disse Smith. “Então, estávamos fazendo dois álbuns e um deles é muito, muito triste e sombrio e o outro não. E ambos estão muito próximos de serem concluídos. Eu só tenho que decidir quem vai misturá-los. Isso é realmente tudo o que me resta fazer. “

Smith então disse que acha que será o último trabalho da banda, acrescentando

“Não acho que faremos outra coisa. Eu definitivamente não posso fazer isso de novo”. 

‘THE CURE’ SÓ SE DEU CONTA DA GRANDEZA EM TURNÊ NO BRASIL

Jeff Apter, ex-editor da revista “Rolling Stone”, lançou a biografia “Nunca é o Bastante: a História do The Cure” em 2015, revelando histórias e percalços de uma das bandas de rock mais cultuadas dos últimos 40 anos. O livro reconstrói a figura misteriosa do vocalista Robert Smith, um jovem obcecado por David Bowie, Jimmy Hendrix e Nick Drake, que logo se deu conta de que suas letras inspiradas em escritores como Albert Camus e Jean-Paul Sartre precisavam falar mais diretamente com o público.

Desde o começo, o caminho do grupo foi atribulado, marcado por brigas internas e uma relação difícil com a mídia, passando por rejeições, polêmicas e estafa mental e física, provocada pela rotina de shows e uso de drogas. Parecia pouco provável que, logo em seguida, o Cure venderia milhões de cópias no mundo com os álbuns “The Head on the Door” e “Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me” e “Disintegration”.

No livro, Apter defende que os integrantes, tidos por muitos como os “pais do gótico”, só se deram conta dos astros que haviam se tornado ao desembarcar pela primeira vez no Brasil, em 1987.

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“Na segunda noite no Gigantinho [em Porto Alegre], o Cure estava tão exausto com o calor e o barulho que precisou tomar oxigênio antes de tentar um bis. Três dias depois, a banda estava em Belo Horizonte para um show diante de 20 mil fãs no Mineirinho. O calor e a multidão eram tão intensos quanto nos shows anteriores na América do Sul”.

“Mais do que qualquer loucura que havia acontecido antes, na terceira semana da turnê o Cure sabia que estava em um estranho universo pop. A banda foi a um jogo de futebol entre Vasco e Bangu, no Maracanã. Depois que se sentou no camarote da diretoria, quase caiu para trás quando o imenso placar eletrônico mostrou uma simples mensagem: O Brasil dá boas-vindas ao The Cure. Era oficial: o Cure era muito grande”, diz o trecho do livro.

A banda voltou ao Brasil em 1996 e em 2013.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino