Leonardo Miggiorin relembra Mulheres Apaixonadas: ‘Medo de não ser aceito’

Por - 22/09/20

Gabriel Bertoncel/Divulgação/Montagem

Aos 19 anos, Leonardo Miggiorin estreava seu primeiro trabalho na teledramaturgia brasileira, vivendo o tímido Zezinho na clássica série Presença de Anita, dois anos depois de uma breve participação no infantil Flora Encantada, também na TV Globo.

Foi ali, em um projeto de Manoel Carlos, que o jovem mineiro de Barbacena se destacou logo de cara, chamando a atenção do público e do renomado dramaturgo. Tanto que seu projeto seguinte foi exatamente em Mulheres Apaixonadas, estreando em novelas, autoria de Maneco.

“Foi uma fase de grandes oportunidades, fiz meu melhor sempre! Gravar com ídolos como José Mayer, Christiane Torloni, Tony Ramos e tantos outros colegas, era como estar em um mundo fictício. Eu não consegui me acostumar em Presença de Anita, só em Mulheres Apaixonadas comecei a me situar, foi uma mudança muito rápida pra mim”, definiu ele, nesta entrevista exclusiva para OFuxico.

A trama que atualmente está sendo exibida no Canal Viva, fez o artista revelar detalhes dos bastidores, 17 anos depois.

“Fingia estar confortável, mas, ficava sempre nervoso. Suava frio, tinha até dor de barriga. Era um desafio, apesar do acolhimento que sempre tive. É estranho olhar para um registro tão antigo (quase 20 anos) e perceber as mudanças, ver como eu tinha tantos medos e bloqueios que hoje não tenho. Tinha muito medo de não ser aceito”, destacou.

Interpretando Rodrigo em Mulheres Apaixonadas (2003)

O dono de sua arte

Multifacetado, o ator transita com intimidade entre a câmera, o palco e a sétima arte. Aos 38 anos, sendo 21 deles dedicados oficialmente à arte, o ator compartilhou seu ofício em tramas, séries e seriados de sucesso na telinha.

Alguns deles: Senhora do Destino (2004), Essas Mulheres (2005), Cobras & Lagartos (2006), Insensato Coração (2011), Os Dez Mandamentos (2016), A Terra Prometida (2016), Jezabel (2019). Recentemente, o famoso participou de Os Roni do canal Multishow.

“Me diverti muito. Fiquei impressionado com a integração da equipe. Foi risada do começo ao fim. Espero voltar”, frisou ele.

Personagens: Zezinho (2001), Roni (2011) e Otniel (2016)

Psicólogo: decifrando o comportamento humano

Também formado em psicologia, ele descreveu – pelo prisma de um profissional da área – sobre as oscilações de comportamento do ser humano em geral, nesta pandemia causada pela Covid-19.

“Todos nós tivemos alterações de humor e de perspectiva nessa condição atual. Para mim, o começo da pandemia foi assustador. Hoje consigo viver adaptado, porém, penso muito nas pessoas que não estão bem psicologicamente. A situação dos idosos e crianças me chama mais atenção, mas sei que é difícil para todos. O nível de depressão aumentou muito e temos que nos apoiar, criar e manter laços, mesmo que à distância. Eu comecei a oferecer um horário para bater papo com algumas senhoras de forma voluntária. Fizemos algumas sessões e isso nos fez muito bem. Foi como um atendimento psicológico, um grupo de apoio que pretendo realizar mais vezes”, pontuou.

Leonardo Miggiorin mostra novo visual

Quarentena: fase complexa de reinvenção

Leonardo Miggiorin aproveitou o último semestre de isolamento social, para se aprimorar em diferentes segmentos.

“Estudei muito em casa, online e offline. Psicanálise, literatura, artesanato, culinária, cinema. Tento não ficar conectado o tempo todo, faz mal. Agora estou preparando um espetáculo online com direção de Elias Andreato, amigo que admiro tanto, o conto de terror de Edgar Allan Poe: ‘O gato preto’. Para este mês de setembro, na campanha contra o suicídio, lançarei um exercício de cinema que fiz chamado FUNDO, em que trato de forma sensorial, no meu período inicial de quarentena muito difícil emocionalmente. Estará em meu Instagram @leo_miggiorin e no canal de YouTube”, adiantou.

Os amigos Leonardo Miggiorin e Elias Andreato

Teatro online: paixão atemporal

Presente nos palcos desde 2003, já integrou o elenco dos principais espetáculos teatrais: Toda Nudez Será castigada (2006), Peter Pan, Todos Podemos Voar (2007), Equus (2012), Lampião e Lancelot (2013), O Empréstimo (2017), Grande Sertão: Veredas (2018).

Leo está realizando um curso de teatro online, o projeto é intitulado VIDEOLAB.

“Criei um laboratório de elaboração de cenas autorais em audiovisual para ajudar as pessoas a criarem seus projetos. O curso é todo online, contudo, quando isso tudo passar, as turmas vão se encontrar para uma exibição coletiva”, ressaltou.

O famoso está longe dos palcos desde março deste ano, quando a temporada da peça O Ovo de Ouro com o ator Sergio Mamberti e texto de Luccas Papp foi interrompida em função da pandemia.

“Tínhamos viagens agendadas e outra temporada em São Paulo, pelo SESC. Tudo foi cancelado, um choque para todos. Vamos retomar as apresentações assim que possível, com todas as adaptações necessárias”, finalizou o artista, guerreiro em qualquer formato ou linguagem artística.

As crias fictícias dos palcos

Famosos prestigiam reestreia do espetáculo O Ovo de Ouro

---