Chay Suede: De favorito em reality do SBT a protagonista do horário nobre da Globo

Por - 11/10/22 às 07:30 - Última Atualização: 10 outubro 2022

Chay Suede de jaqueta preta de couro, camisa branca e calça preta, no cenário do bar de Travessia'Travessia' é a sétima novela de Chay na Globo - Foto: Roberto Filho/ Brazil News

O ano era 2010 e a quinta edição do reality musical “Ídolos”, no SBT, movimentava o país. Favorito ao prêmio, Roobertchay (assim mesmo, com dois “o”) acabou sendo eliminado na semifinal e ficou e quarto lugar. Roobert Chay, como ele até então mantinha o nome artístico, bombou!

A repercussão de sua participação no programa foi tão intensa que ele, aos 18 anos na época, acabou migrando para a Band, onde ganhou um papel na novela teen “Rebelde”. Um estouro!

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A chegada à TV Globo não tardou. Agora, mas uma vez, ele é galã do horário nobre da Globo. Em “Travessia”, novelão de Gloria Perez com direção de Mauro Mendonça Filho, o bonitão de Chay Suede é o protagonista Ari. Ao lado de Brisa (Lucy Alves) e Oto (Romulo Estrela), ele conduz a trama central.

Contratado pela emissora até 2025, o que significa em termos práticos que ele é sim um queridinho – ou melhor, queridaço, do tipo ‘menina dos olhos’ mesmo, já que desde 2018 a Globo optou por dispensar a maciça maioria do elenco fixo, mantendo apenas contratos por obra – Chay já entregou bastante no capítulo de estreia e a expectativa é de que ele bombe muito mais, se fincando entre os grandes da nova geração. Elementos pra isso, já sabemos, não lhe faltam!

A reportagem de OFuxico bateu um longo papo com o ator e conferiu muitas curiosidades. Acompanhe!

OFuxico: Sua trajetória na Globo é ascendente! Você só ficou parado no ano inicial da pandemia e agora, volta ao horário nobre. Sente a responsabilidade de se superar e surpreender cada vez mais?

Chay Suede: Rapaz… falando assim até parece que foi fácil, mas não foi. Pensei em desistir por algum tempo, ali em 2013, mas a profissão me chamou de volta através do convite para fazer o teste para ‘Império’, a minha primeira novela na Globo. Naquele momento, depois que tinha feito ‘Rebelde’, eu precisava entender algumas coisas, o que eu realmente queria fazer ou não.

OFuxico: Então você decidiu fazer…
Chay Suede: Passei no teste e não parei. Fiz em sete novelas consecutivas desde que cheguei aqui (depois de ‘Império’, Chay atuou em “Babilônia”, “A Lei do Amor”, “Novo Mundo”, “Segundo Sol” e “Amor de Mãe”).

OFuxico: Enquanto vemos os figurões sendo dispensados, tendo os contratos descontinuados, você teve o seu renovado até 2025. Teve até casos daqueles que deixaram a Globo por iniciativa própria, como o Lázaro Ramos e a Ingrid Guimarães, para assinarem com plataformas de Streaming. Você não se anima a seguir o caminho do streaming, como eles estão fazendo?
Chay Suede: Antes de iniciar a preparação para ‘Travessia’, eu tive um convite para o streming. (Chay estaria em um projeto sobre a vida de Ayrton Senna). A novela toma muitos meses do ser humano. É um caso a se pensar em relação ao processo produtivo. Mas eu realmente escolho e vou mais pelo personagem que vou viver ali. Eu queria muito fazer a novela, tinha vontade de trabalhar com o Maurinho (Mauro Mendonça Filho, diretor artístico) e com a Gloria (Perez, autora).

OFuxico: Como você resume seu personagem, o Ari
Chay Suede: Algumas pessoas talvez vão considerá-lo imaturo, mas acho que ele é um monte de coisa, é uma confusão. Eu também estou descobrindo. A gente tem poucos capítulos, 18. Ele tem traços especiais, cativantes. Talvez algumas dessas características passem por uma imaturidade ou uma aparência disso. Acho que o público vai gostar de participar da construção de um personagem humano como ele é.

OFuxico: Você ainda guarda alguma característica daquele Chay que estreou como ator em ‘Rebelde’?
Chay Suede: Quando entrei para fazer Rebelde, o mundo era diferente. De lá para cá, muita coisa mudou, a internet era diferente, o tipo de exposição era diferente. Nem sempre recebo bem [críticas]. Às vezes, fico aflito. Às vezes, dói. Mas a gente está acostumado. Ou melhor, a gente se acostuma

OFuxico: A pergunta que você mais deve estar escutando neste momento: Como está sendo a parceria com a Jade Picon?
Chay Suede: Está sendo ótimo contracenar com ela, estou aprendendo muito, a gente aprende com todos os atores. Jade traz coisas muito novas e muito frescas, que me surpreende e surpreende a todos. Tenho certeza que vocês também vão se surpreender.

Ari, personagem de Chay, e Chiara, de Jane, em u elevador - cena da novela Travessia
Assim como Jade Picon, que vive a Chiara, Chay não era ator e estreou graças a um convite

OFuxico: Você já declarou que é noveleiro e ‘Travessia’ nos traz o crossover de Stênio (Alexandre Nero) e Helô (Giovanna Antonelli). Você está curtindo isso? Como expectador, qual a expectativa?

Chay Suede: Gosto de novelas, de grandes autores, me fascinam. Assisto muitas novelas antigas Terminei há pouco tempo ‘Mulheres Apaixonadas’ e agora estou assistindo “Vale Tudo’. Tinha sonho de trabalhar com a Gloria. ‘O Clone’, ‘América”, ‘Caminho das Índias’ são novelas que eu assisti. Gosto do jeito dela pegar um assunto contemporâneo e conseguir encaixar de forma especialmente melodramática numa trama, chamar o público pra participar e discutir essas coisas.  

OFuxico: Muita gente diz que a novela acabou, mas na pandemia elas foram o grande entretenimento. Qual a sua opinião sobre isso?

Chay Suede: Sempre que chega um formato novo a gente tem uma tendência a descredibilizar o formato anterior. Quando surgiu a televisão muita gente falou que o rádio ia acabar. Nunca acabou e às vezes ainda ganha novos formatos, como podcast. Acho que a novela é um formato específico, ela não está competindo com as séries, muito menos com o cinema. Não é o mundo inteiro que consome, mas é uma boa parte do mundo. Mais do que nunca está claro que a novela não acabar, ela está ganhando força e novos contornos.

OFuxico: Você se assiste, faz autocritica?

Chay Suede: Gosto mais de assistir as novelas que não estou, mas me assisto sim, na medida do possível. Agora com o Globoplay é mais fácil. Vejo também pelo Twitter e várias vezes á corrigi algumas coisinhas através de respostas do público. Às vezes fico aflito, às vezes dói, mas a gente acostuma a lidar com isso.

OFuxico: Você é pai de duas crianças e vemos através das redes sociais que é um paizão na essência da palavra! Já seu personagem, Ari, não dá muita atenção ao filho que tem com a Brisa (Lucy Alves). E ele ainda se vê nesse triângulo com a Brisa e a Chiara (Jade Picon). Como você avalia esse comportamento?

Chay Suede: Julgar o próprio personagem é sempre um mal caminho. Os personagens vão acertar, vão errar, vão fazer coisas que a gente discorda profundamente ou não e nem por isso vamos deixar de vive-los da melhor maneira possível. A relação de Ari com o filho é uma relação muito diferente da minha com os meus filhos. Não há uma relação que a gente possa traçar. Ele é um pai de fim de semana, para fazer uma farra, dar um presente. Ele não se acostumou a cuidar do filho no dia a dia, não é para ele uma realidade, como é na minha vida.

Laura Neiva, os filhos José e maria, e hay Sueede, deitados na cama José, segundo filho de Laura Neiva e Chay Suede
Pais de José e Maria, Laura Neiva e Chay Suede são muito discretos em relação à vida pessoal Foto: Reprodução/ Instagram @hannarocha

OFuxico: Você e sua mulher, Laura Neiva, são reservados quanto a vida pessoa, conseguem preservar bastante seus filhos (José, de 11 meses, e Maria, de quase 3 anos). Como vocês se blindam?

Chay Suede: À medida em que o tempo passa, a gente ganha ferramentas para lidar com essa exposição e o com o que vem de bom e de ruim. A própria relação entre divisão de trabalho e vida pessoal foi uma ferramenta importante para não viver a minha vida em primeiro plano em torno do trabalho. “Tenho minha vida e meu trabalho. Às vezes, essas coisas se misturam, mas nem sempre precisa se misturar.

OFuxico: Ari vem do Maranhão pro Rio de Janeiro e se vê nua atmosfera totalmente diferente. É bem parecido com a sua experiência ao ter deixado o Espírito Santo e chegar a São Paulo para fazer o ‘Ídolos’ e depois vir por Rio…

Chay Suede: Verdade. Claro que de formas muito diferentes. Mas de alguma maneira eu, quando saí do ‘Idolos’ e fui chamado pra fazer ‘Rebeldes’, vivi uma realidade, um mundo, e de repente da noite por dia, passei a viver outro mundo. Então, nesse aspecto, existe sim uma analogia entre nós dois, de um mundo novo se abrir numa velocidade rápida demais.  

OFuxico: Você tem algum palpite sobre a torcida do púbico, se vai ser pela pra que Oto (Romulo Estrela) ou Ari fique com a Brisa?

Chay Suede: Pra mim pouco importa por quem vai torcer. Quero mais é que o público assista e goste da novela. Que odeie e ame os personagens que tiver pra odiar e pra amar. O importante é assistir a novela e acompanhar a história.

OFuxico: Você trintou esse ano. Como lida com a nova idade? E como é constatar que o público está acompanhando esse processo de amadurecimento?

Chay Suede: Minhas costas doem (risos). É igual quando era 29… É normal que haja uma intimidade com o público e fico feliz que tenha. Aqueles que me acompanham desde o início me viram dos 18 aos 30 e fico muito feliz quando alguém diz: ‘Poxa, te via no ‘Ídolos’, torcia por você quando era u garoto!’. A minha vida está acontecendo aos olhos das pessoas. De alguma maneira eu me sinto muito feliz com essa intimidade.

OFuxico: Quando foi a sua virada de chave, a decisão de deixar de ser cantor e focar na atuação

Chay Suede: Quando recebi o convite pra fazer ‘Rebeldes’, nem sabia o que era ser ator. Claro que sabia que um ator interpretava um personagem. Mas não fazia ideia da dinâmica de trabalho, de como funcionava o ofício, as coisas que tive que aprender todo dia. ‘Rebelde’ realmente foi uma experiência deslumbrante nesse sentido. Uma profissão que nunca me preparei pra exercer e de repente estava nela, da noite pro dia, através de um convite do Ivan Zettel. Mas decidi ser ator mesmo em 2014, quando trabalhei com o Eduardo Milewicz, preparador de Império’. Foi ali na sala de aula, que decidi que era isso que queria fazer pro resto da minha vida.

OFuxico: A música, então, perdeu o espaço em sua vida…
Chay Suede: Sou musical, gosto de ouvir música, compor, mas acho difícil cocar as duas coisas de maneira profissional e acho que tenho mais prazer, mais realização, sendo ator.

OFuxico: A avalanche de críticas que a Jade com sofreu ao ser escalada, por não ser atriz, é algo que você não passou…

Chay Suede: O mundo era diferente, né? São 12 anos, muita coisa era diferente. A internet era outra, o tipo de exposição também. Eu sofri sim alguma retaliação por não ser ator mas não nessa proporção Eu até fiquei esperando lembrarem disso porque, realmente, eu não era ator quando fui fazer ‘Rebelde’. Foi um convite porque o Ivan Zettel, que era o diretor, por algum motivo acreditou e mim. Ele me viu no ‘Ídolos’ e achou que eu poderia ser um ator que eu poderia interpretar um dos personagens da novela dele, e através dessa oportunidade eu descobri a minha profissão, da qual eu tenho a maior alegria, realizei muitos sonhos. Se aconteceu comigo dessa maneira, pode aparecer com muitas ouras pessoas.   

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OFuxico: Qual é a maior travessia que você já fez até hoje?

Chay Suede: A paternidade, ela ressignificou tudo, jogou luz em coisas que eu não via importância. O nascimento dos meus filhos me transformou em muitos níveis.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino